É difícil encontrar alguém que queira ir para Cuba que não tenha tido um pé na cozinha do Karl Marx. Caribe por Caribe, tem um monte de ilhas ali muito mais famosas pelas praias paradisíacas de mar azul. Ou pelo menos uma curiosidade saudável sobre como as coisas funcionam no país – acho difícil alguém de extrema direita querer ir para lá. Se não for minimamente simpatizante da revolução, pra quê ir? (Se for o seu caso, me conte!)
Comigo pelo menos foi assim. Eu nem lembro quando começou essa fissura por Cuba. Sei que na sétima série tinha um casal de professores que havia ido para lá – e isso era em 1999 – e eu achei incríveis as histórias que eles contavam – principalmente aquela coisa clássica de sentir que “voltou no tempo”. Talvez tenha sido neste momento que Cuba entrou para o meu radar.
No ano seguinte, fiz um seminário para a aula de História e meu grupo pegou os temas Revolução Russa e Chinesa, ou seja, fui me familiarizando com o socialismo. A professora era bem boa, estimulava discussões e provocava a galera nas aulas. E, claro, era pra lá de esquerda. Me identifiquei muito com os conceitos de igualdade social e comecei a me interessar por política. Virei vermelhinha.

Da esq. para a dir.: estátuas de Camilo Cienfuegos, Fidel Castro e Che Guevara no Museu de la Revolución, em Havana
Sim, eu era dessas que defendia o PT, queria estar ao lado dos fracos e oprimidos e mudar o mundo. Usava camiseta do Che Guevara e lia Caros Amigos. Por um lado até que foi legal essa fase, eu era bem engajada. Ah, e na adolescência acho válido sonhar e ser idealista – já basta a vida adulta para te jogar doses diárias de baldes de água fria né?
Mas não foi só isso que me levou a ilha de Fidel. Tinha a música também, obviamente. Eu fazia aula de percussão, tocava de chocalho a atabaque, e o Mingo, meu professor, era mestre nos ritmos latinos. Fui aprendendo a base de vários estilos: salsa, rumba, chachacha, bolero e outros. Quanto mais ouvia, mais eu pirava.
Daí, naturalmente, veio a vontade de dançar salsa (ok, eu já estou morrendo de vergonha de contar tudo isso e quero desistir, mas vamos lá). Aprendi o básico e saía direto aqui em São Paulo para umas baladas latinas. A essa altura, não tinha como eu não ser obcecada por Cuba! Só precisava juntar dinheiro, ter férias e tava mais que decidido.
O mais louco é que voltei de saco cheio do Che Guevara e desse papo de revolução. Não que eu seja contra, o que passou, passou, ainda acho interessante toda a história. Mas lá você tem uma overdose sobre o tema e cansa falar e ouvir sobre isso. Sem contar que a maioria vive em condições precárias – apesar dos inegáveis benefícios na área de saúde e educação, ok.
E as paisagens, que antes eu nem dava bola, estão entre as coisas que mais me impressionaram. Não só a beleza das praias, mas também das construções históricas de Havana e Trinidad. Recomendo bem mais do que algumas ilhas caribenhas que de tão lotadas de resorts acabaram ficando quase sem identidade.
Fotos: Débora Costa e Silva
OI Débora, tá muito legal o texto!
Vc e seu sangue latiiiiiinooooo, hein?
Hahahahahaha
Nao vejo a hora dos posts sobre as brasilidades
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