É difícil falar dessa nova atração do Rio sem entrar em um ciclo de deslumbramento (incrível, fascinante, lindo e por aí vai), mas vou tentar rs. É porque realmente o Museu do Amanhã é de impressionar, tanto por fora com sua arquitetura moderna e arrojada, quanto por dentro, com uma exposição interativa que abusa da tecnologia de um jeito bem diferente do que já vi em outros espaços culturais no Brasil. Não à toa, foi o museu mais visitado do país em 2016 – muito por conta também dos Jogos Olímpicos, claro, mas não duvido que siga no topo da lista nos próximos anos.
Na verdade, toda a zona portuária do Rio, chamada de Porto Maravilha e onde está o museu, atraiu muitos turistas durante os eventos esportivos porque também passou por uma mega reforma e revitalização. Há agora o VLT (Veículo Leve sobre os Trilhos), um bonde elétrico todo moderno que circula por ali, melhorando o acesso à região. Tem também outro museu bem legal, o MAR (Museu de Arte do Rio), murais de grafites, espaços culturais itinerantes, food trucks… É um outro destino dentro do Rio, tinindo de novo e que vale a pena visitar ;-).
Arquitetura do museu
Eu estava bem curiosa para ver de perto os detalhes do edifício do Museu do Amanhã, projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, que também assina a revitalização do porto de Buenos Aires, a Estação Oriente em Lisboa e o novíssimo Oculus, que abriga o Westfield Mall na área do World Trade Center, em Nova York. A cor branca, formas geométricas e um quê futurista são aspectos recorrentes nos seus trabalhos e estão presentes no museu carioca também.
“A ideia é que o edifício fosse o mais etéreo possível, quase flutuando sobre o mar, como um barco, um pássaro ou uma planta”, disse o arquiteto no site do museu.
Segundo ele, a forma longilínea foi inspirada nas bromélias do Jardim Botânico e o prédio foi projetado de forma que se integrasse com a paisagem ao redor, deixando à mostra outros patrimônios e atrações no horizonte, como o Mosteiro de São Bento e o próprio MAR que fica logo ao lado.
A prioridade do museu é a sustentabilidade e isso se reflete tanto no conteúdo da exposição quanto na própria construção e concepção do edifício, cercado por jardins e espelhos d’água.
Entre as ações estão a utilização de água da Baía de Guanabara no sistema de ar-condicionado e a captação de energia solar através de painéis instalados na cobertura – sem contar que o prédio tem bastante entrada de luz natural com enormes janelas de vidro por toda sua extensão.
A exposição
Para evitar spoilers, fui para lá sabendo bem pouco do conteúdo da exposição para ser surpreendida. Então também não vou entrar muito em detalhes para não estragar o passeio de ninguém.
O que já sabia, e reforço por aqui, é que o museu é bastante interativo, tem diversos quizes e você ganha um cartão eletrônico na entrada para, ao longo do percurso, encostá-lo em painéis e registrar o conteúdo de cada um.
O lance do “amanhã” tem a ver com o futuro do nosso planeta, colocando como tema central o meio ambiente. A todo momento somos instigados a refletir como estará o mundo daqui a alguns anos com poluição, consumo desenfreado, desmatamento etc.
A exposição promove uma espécie de viagem no tempo para nos mostrar de onde viemos, o que somos hoje e para onde vamos se continuarmos nesse ritmo por meio de imagens em painéis de diferentes formatos – alguns que vão até o teto e causam um impacto pela grandeza, outros menores espalhados em salas temáticas. Todo o conteúdo é dividido em cinco etapas: Cosmos, Terra, Antropocentro, Amanhã e Nós.
A primeira parte do tour foi um dos pontos que mais gostei de toda a exposição. Ao entrar, vamos para uma sala redonda que exibe um filme em 360º, produzido por Fernando Meirelles, com imagens impressionantes do espaço, do planeta Terra, animais e florestas.
Assim que entrei, já fui logo procurando uma cadeira, mas uma amiga que já tinha ido lá deu a dica de deitar em umas almofadas no chão para aproveitar melhor a exibição, feita nas paredes e no teto da sala – e é realmente uma experiência e tanto, dá para esquecer onde se está e viajar junto.
Também fiquei impactada com a beleza da instalação “Fluxos”, do artista Daniel Wurtzel. São tecidos flutuantes que parecem dançar no ar, com música e jogos de luzes, representando o encontro dos quatro fluxos terrestres: continentes, mares, ventos e luz.
É uma das coisas mais bonitas e poéticas que já vi, poderia ficar lá a tarde toda sem cansar – até porque o movimento é contínuo e não se repete, a cada segundo se vê novas formas dos véus se entrelaçando e voando pela sala.
A única coisa que complica na visita é que é tanta, mas tanta informação que fica difícil de absorver tudo. O impacto rola e nos faz repensar atitudes, mas são muitos números e detalhes que acabam esquecidos depois. Vale ir sem pressa para conseguir ler e aproveitar a maior quantidade de painéis possível, porque é realmente muita coisa – ou então desencanar e fazer um tour mais light.
Grafites no Porto
Em tempos em que se discute muito sobre arte urbana e grafite – tendo em vista o que rolou em São Paulo no início da nova gestão da Prefeitura -, foi uma experiência bem gratificante passear por diversos murais lindíssimos na área do Porto, logo ao lado do museu. Bem em frente aos trilhos da linha do VLT, estão vários casarões abandonados cheios de cor, mostrando que com arte um lugar ganha novos ares mesmo.
MAR – Museu de Arte do Rio
Depois de um longo dia de caminhada – afinal, o dia começou para mim no Recreio e até chegar na região central, lá se foram mais de 2 horas, com parada de almoço inclusive -, deram 17h e não tive tempo de conhecer o MAR.
Mas a boa notícia do dia foi descobrir que pelo menos o mirante ainda estava aberto para o público e poderia ser visitado sem ter que pagar a entrada. E vale a pena: é lá de cima que se tem uma das vistas mais bonitas da área nova do porto, com o Museu do Amanhã e a ponte Rio Niterói no horizonte <3.
:: Serviço Museu do Amanhã ::
Horários: Terça a domingo, das 10h às 18h
Localização: Fica na Praça Mauá, a 10 minutos da estação de metrô Uruguaiana, mas outra opção é descer nas estações Carioca ou Cinelândia e pegar o VLT até a estação Parada dos Museus.
Ingressos: Às terças-feiras é gratuita a entrada. Nos outros dias, a inteira custa R$ 20 e meia R$ 10 – residentes do Rio podem pagar meia entrada levando os documentos específicos (aqui tem mais detalhes). O melhor é garantir e comprar antes pela internet para evitar filas gigantescas e dar com a cara na porta.
Site: https://museudoamanha.org.br