Onde você estava no dia 11 de setembro de 2001? Eu estava voltando da escola mais cedo, porque era dia de prova. Cheguei na casa da minha avó e a TV estava ligada mostrando dois prédios explodindo. Fiquei vendo as imagens em looping por uma meia hora até que resolvi dar um pulo na banca de jornal. Comprei a Folha e o Estadão e comecei a ler tudo, em busca de algum fato do dia anterior que pudesse explicar os ataques terroristas. Àquela altura eu já queria ser jornalista, então, além do choque e da tristeza que senti, confesso que também fiquei imaginando como teria sido emocionante participar de uma cobertura dessas.
O que eu não poderia imaginar é que 15 anos depois eu estaria morando aqui em Nova York e visitaria o local da tragédia. A área recebeu o nome de Ground Zero, onde há um novo arranha-céu, o One Wolrd Trade Center, e o National September 11 Memorial & Museum, dedicado às antigas torres gêmeas e às vítimas do ataque terrorista. Ao lado de tudo isso está o imponente Westfield World Trade Center, shopping de arquitetura impressionante e que integra o complexo WTC.
À princípio, achei que ir até o memorial seria importante, mas não poderia imaginar o quão interessante e tocante seria. O memorial me surpreendeu com sua arquitetura, organização e qualidade, além do vasto material exposto sobre a história dos prédios, os ataques (incluindo o atentado de 1993) e até sobre terrorismo. É uma história recente, que muitos de nós acompanhamos de perto, transformou drasticamente Nova York, os Estados Unidos e o mundo e tem desdobramentos até hoje, infelizmente.
Por sua importância e em respeito às vítimas, a primeira dica que dou para quem for visitar o local é: evite selfies! Por mais que você esteja emocionado e tenha a melhor das intenções, tente demonstrar isso com as atitudes também, pois pode parecer que quer apenas mostrar que esteve lá e não liga pra o que está ao seu redor. E tudo bem querer um registro, mas dá para fazer fotos de maneira mais discreta e menos ofensiva. Imagine alguém visitando o túmulo de algum parente querido e tirando uma selfie sorridente fazendo um hang loose. Você ia achar legal? Então.
Dito isso, vamos aos destaques da visita:
:: MEMORIAL & MUSEUM ::
Área externa
No entorno do museu, há um jardim e duas piscinas no lugar das torres gêmeas, cada uma com uma área de um acre e consideradas as maiores cachoeiras artificiais dos EUA. Em suas bordas de bronze, estão inscritos os nomes das vítimas dos atentados.
Achei interessante terem feito isso ao invés de construir algo que preenchesse o local, pois ao observar os dois vãos enormes sendo tomados por quedas d’água dá uma sensação de vazio que inspira reflexões.
É assustador ver a quantidade de nomes inscritos nas bordas de bronze, dá para ter uma pequena noção do tamanho da tragédia. Mas apesar de toda a tristeza, senti também um quê de esperança ali por ser tudo tão bonito.
Museu
Construído no subsolo da área afetada pelos ataques, o museu tem uma arquitetura especial pois aproveita algumas estruturas das antigas torres gêmeas. Para enriquecer a visita, recomendo o download do aplicativo gratuito do Memorial e ouvir o áudio-guia narrado pelo ator Robert De Niro. Você pode escolher qual trecho ouvir de acordo com o local que você está do museu, pois não há uma ordem certa de explorar o espaço.
Eu fiz a visita “de fora para dentro”, ou seja, vi primeiro as estruturas mais grandiosas e remanescentes dos prédios, como a escadaria dos sobreviventes (que serviu de rota de fuga para os sobreviventes), pedaços de aço, a última coluna (repleta de inscrições e colagens em homenagem às vítimas) e uma parede de contenção, além da antena de uma das torres e um caminhão de bombeiros destroçado.
Mas o que mais chamou a minha atenção foi o gigantesco mural com a frase do poeta romano Virgílio: “No day shall erase you from the memory of time” (Nenhum dia deverá te apagar da memória do tempo). O mais interessante é que utilizaram aço remanescente do WTC para esculpir cada uma das letras. E instalação azul que circunda a citação se chama “Trying to Remember the Color of The Sky on that September Morning” (Tentando recordar a cor do céu naquela manhã de setembro), do artista Spencer Finch.
Para mergulhar a fundo na história, é necessário entrar na área chamada Historical Exhibition, que divide os acontecimentos em três partes: Eventos do Dia, Antes do 9/11 e Depois do 9/11. Os visitantes vão poder rever capas de jornais e revistas do dia 11 de setembro para ter uma noção de como era o mundo antes do atentado, assistir aos telejornais matutinos noticiando o ataque, ver objetos das vítimas e sobreviventes, ouvir depoimentos, assistir um vídeo que conta um pouco sobre a história da Al-Qaeda, entre tantas outras coisas. Só atenção: essa área não pode ser fotografada.
O valor da entrada para adultos é US$ 24. Por fim, se você têm uma história interessante relacionada aos ataques às torres gêmeas ou apenas lembra o que fazia no dia e horário em que soube do atentado, você pode contribuir com o acervo e gravar um depoimento no museu! 😉
:: PASSEIOS COMPLEMENTARES ::
St Paul’s Chapel
A capela é a mais antiga de Manhattan e incrivelmente não sofreu nenhum dano com a queda das torres gêmeas, mas serviu de refúgio e descanso para os profissionais que trabalharam no resgate das vítimas e na restauração do local. Na entrada, está o “Sino da Esperança”, um presente dado pelo prefeito de Londres em 11 de setembro de 2002 em homenagem ao atentado. No momento, a estrutura passa por uma restauração, mas é possível visitar o espaço externo.
Westfield WTC
O novíssimo shopping foi inaugurado em agosto de 2016 e substitui o antigo The Mall at the World Trade Center, que acabou destruído após os ataques terroristas. O complexo chama a atenção de longe por sua arquitetura arrojada.
Projetado pelo renomado arquiteto espanhol Santiago Calatrava, o design foi inspirado na imagem de uma pomba sendo libertada nas mãos de uma criança. Todo branco por fora e por dentro, também permite a entrada de luz externa, o que torna o espaço ainda mais iluminado. Abriga mais de 100 lojas, como a Apple, MAC e Lacoste.
One World Observatory
Quem visitou Nova York pré 11 de Setembro deve saber que um dos passeios mais imperdíveis era subir até o topo do World Trade Center. Bom, agora a cidade conta com um novo arranha céu que toma conta da skyline e assume o posto de mais alto do país. O One World Trade Center, também conhecido como Freedom Tower, ocupa o local onde ficava o antigo WTC 6, tem 541 metros de altura e 104 andares. O observatório fica no 100º, com vista panorâmica de Manhattan, Brooklyn e New Jersey. A visita custa US$ 34 por pessoa.
:: COMO CHEGAR ::
O Ground Zero fica no extremo sul da ilha, na região chamada de Lower Manhattan. A estação de metrô mais próxima é a World Trade Center, da linha E azul.
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