Reflexões :: Palestras do TED sobre viagens

Da série de coisas boas proporcionadas pela internet, a possibilidade de assistir às palestras do TED Talks é uma das minhas preferidas. Para quem não conhece, é o seguinte: a organização TED (Technology, Entertainment, Design) promove uma série de eventos e conferências com o objetivo de disseminar ideias (como diz o próprio slogan, ideas worth spreading).

De assuntos variados, as palestras são sucintas, têm em média 10 minutos e a maioria está disponível na internet. Os palestrantes são especialistas em algum tema e podem ser personalidades famosas como Bill Clinton, Bono Vox e Al Gore ou ilustres desconhecidos que têm algo a dizer sobre determinado assunto.

Para inspirar o início de ano, selecionei algumas das mais interessantes cujo assunto é viagem. A maioria tem legendas em português – caso não rode automaticamente, clique no vídeo, em seguida no ícone de legenda no canto inferior direito e selecione Português – Brasil. As que não têm eu sinalizei no título, mas dá para ver com legendas em inglês – já ajuda! Aproveitem para refletir sobre suas andanças pelo mundo 😉

Para maior tolerância, precisamos de mais… turismo?

Após entrar em contato com a cultura judaica, o palestino Aziz Abu Sarah percebeu que não faz sentido ter muros dividindo as pessoas, como o da Palestina. Ele acredita que o turismo é uma maneira de derrubar essas barreiras e abriu uma agência com guias judeus e palestinos dedicada a aproximar as pessoas.

Onde é o lar?

Uma baita reflexão sobre onde é o nosso lar em um mundo cada vez mais multicultural. Pico Iyer discorre sobre os vários lugares que podem ser considerados um lar e conta algumas histórias de sua vida. O que isso tem a ver com viagens? Bom, segundo ele, viajar só faz sentido quando temos para onde voltar. Ele também acredita que “Viajar é como estar apaixonado, porque todos seus sentidos estão ligados”.

Como fundamos o Lonely Planet (em inglês)

Anos atrás, eu assisti uma palestra do Tony Wheeler aqui em São Paulo e ouvi a história inspiradora sobre como ele e sua esposa criaram os guias Lonely Planet. Achei bacana porque não foi um “projeto editorial” todo formatado e planejado, e sim o resultado de uma grande expedição feita pelo casal nos anos 70.

Eles viajaram de carro pela Europa, Ásia e Oceania, partindo de Londres e passando por Istambul, Irã, Afeganistão, Índia, Tailândia, Nova Zelândia e Austrália. Por fim, decidiram fazer um livro sobre esses destinos e não pararam mais. Após o relato, ele discorre também sobre sua relação com Singapura (já que a palestra foi feita lá).

Por que se preocupar em sair de casa?

Com tanta informação ao nosso dispor graças a internet, qual o sentido em sair de casa e explorar o mundo? Ben Saunders, que já fez uma expedição para o Polo Ártico, conta um pouco de sua experiência e afirma que só se consegue ter inspiração e crescimento após superar desafios e adversidades.

Turismo de Empatia – Refugiados no Oriente Médio

A jornalista brasileira Talita Ribeiro fez uma viagem para o Oriente Médio que mudou toda sua perspectiva de vida e a ajudou a criar o conceito “Turismo de Empatia” – que também dá nome ao seu projeto. Segundo ela, empatia não é sentir dó de uma pessoa, é uma troca. No TED, ela conta um pouco sobre sua experiência com refugiados e sobre cada pessoa que a comoveu e a transformou nessa jornada.

Como e porque viagens transformam você (em inglês)

Francis Tapon percorreu várias trilhas nos Estados Unidos e na Europa e cada uma delas foi transformadora e o ensinou algo novo. Por estar sempre acampando e fazendo couchsurfing, passou a dar valor a um modo de vida mais simples e defende que não é preciso de muitos recursos para cair no estrada e ser feliz.

Como nasceu o AirBnb

O co-fundador da plataforma AirBnb conta como surgiu a ideia de transformar sua casa em uma hospedagem e fazer disso um negócio. No fim da primeira experiência hospedando desconhecidos, percebeu que havia criado um jeito de fazer amigos e pagar o aluguel. O que parecia uma ideia maluca e difícil de conquistar investidores, se tornou revolucionária. Muito se deve ao design da plataforma, que conseguiu passar mais confiança para seus usuários, e no TED ele explica como o projeto evoluiu.

Construindo uma carreira viajando (em inglês)

“Vou passar o resto dos anos ganhando a vida ou… vou viver a vida?”. A advogada  indiana Piya Bose se fez essa pergunta e resolveu largar seu trabalho para cair no mundo. Hoje ela escreve e documenta viagens e mantém uma plataforma para ajudar mulheres a viajar para destinos exóticos, a Girls-on-the-Go.

Estrada aberta, vida aberta (em inglês)

Andrew Evans começa sua palestra falando da diferença entre turismo e viagem – turistas pagam para viver determinadas experiências enquanto viajantes estão abertos ao inesperado. Ele conta sobre sua viagem de ônibus de Washington DC (EUA) até Ushuaia (Argentina) para embarcar para a Antártica, passando por diversos países da América do Sul. Ele vivenciou coisas que jamais teria tido a chance se tivesse viajado de forma tradicional e tudo isso fez com que seu destino se tornasse ainda mais especial.

Histórias dos sem-teto e dos que se escondem

O título fala “sem-teto”, mas o termo mais adequado seria nômades. A documentarista Kitra Cahana acompanhou e fotografou esses viajantes que percorrem os Estados Unidos e vivem na estrada. Encontrou pessoas criativas, artísticas, gente só em busca de aventura, outros fugindo de uma realidade dura. Uma de suas percepções mais interessantes é a de que ninguém se livra de seus demônios só por pegar a estrada.

Ainda faz sentido falar de viagem com tanta crise?

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O mundo desabando, corrupção, terrorismo, tragédias naturais, extremismo, ódio, machismo, desemprego, poluição, desmatamento, desesperança… e os caras falando em viajar? Que sempre teremos Paris? Que os outlets de Miami estão incríveis? Dez praias paradisíacas do Caribe? Por mais deslumbrante que seja o cenário, parece que tem algo que não tá ornando. Ainda faz sentido falar de turismo com toda essa crise?

Venho pensando em escrever sobre isto há alguns meses, mas estava esperando encontrar uma resposta antes de formular o texto. Não encontrei. Alimentar o blog também tá ficando agridoce, pois de um lado quero deixar registrado e passar adiante minhas experiências e contar as histórias que me inspiraram, mas sinto às vezes estar lutando contra um tsunami com apenas dois remos.

Em Nova York, encontrei uma amiga e tivemos altos papos. Começou com as eleições municipais de São Paulo e Rio de Janeiro, depois caiu pra Trump, machismo, até que ela perguntou como eu tava e elogiou os posts do Papetes (eba!). Agradeci e disse: pois é, mas no meio de tanta bagunça e notícias negativas, fico até sem graça de falar sobre viagens. Será que estou me fechando dentro de uma bolha?

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E é fato, o número de pessoas fazendo grandes viagens internacionais caiu e muita gente já está sentindo o impacto da crise na hora de pensar nas próximas férias. De acordo com o World Travel Monitor, que monitora os deslocamentos feitos em países da Europa, América do Sul e Ásia, as viagens feitas por brasileiros ao exterior entre janeiro e agosto de 2016 já caíram 15% em relação ao mesmo período de 2015.

Porém, mesmo com todas as dificuldades, as pessoas ainda querem viajar. E ainda vão continuar viajando. Talvez fique mais difícil, teremos que apertar o cinto e rever algumas escolhas, repensar os lugares, a duração e a frequência de cada viagem, mas o desejo permanece. Outra pesquisa, feita pelo Ministério do Turismo, comprova isso: no mês de setembro, mesmo com a crise, a intenção de viagem dos brasileiros era de 24,3%, 8 pontos percentuais a mais em relação ao mesmo mês de 2015.

Viajar desperta alguma coisa além dentro de nós que chega a viciar! Uma vez que seu universo se expande e conhece outras culturas e outros mundos, você quer manter a toada, brincar de War e conquistar quantos territórios for possível. Tudo bem que depois de uma viagem nos EUA, talvez você não consiga ir tão logo pro Sudeste Asiático, mas o bichinho viajante vai te dar coceira. E aí meu amigo, um pulo ali no Pico do Jaraguá já vira uma aventura, te reabastece com a adrenalina de ver algo novo, de experimentar novos ares e mudar sua rotina.

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Não é preciso ir tão longe ou ficar muito tempo fora para sentir os benefícios de uma viagem. É questão de mudar o olhar no dia-a-dia e ver beleza na tua própria cidade. É dar uma chance pro Masp depois de conhecer todos os museus da Europa. É explorar um café novo no bairro e curtir como se tivesse em Paris. É tentar encontrar algo que te transforme.

Por isso tudo, acho que sim, faz sentido falar de viagem no meio dessa crise, que não é a primeira nem a última que o mundo vai passar. Viajar é trazer um pouco do mundo na mala e se o mundo tá essa bagunça, talvez o papel do turismo seja de nos abastecer de informações para entender um pouco desse caos e expandir nossos horizontes. Se não servir para isso, que sirva para se desligar de tudo, refrescar a cabeça dos problemas e voltar para casa com as energias renovadas e pronto para a batalha 😉

Que todos tenham um 2017 com mais amor, força para encarar os desafios e muitas viagens, sejam próximas ou distantes, bate-volta ou sem data de retorno. Mas que te levem longe, te transformem e te inspirem sempre! ❤

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Links na bagagem :: Leituras da semana #13

A semana começou com tudo por aqui, já que vivi uma pequena revolução nos últimos dias com a mudança de trabalho (conto mais sobre isso em breve). Mas as leituras continuaram de vento em popa e foi até difícil escolher o que foi mais interessante para essa edição do Links na Bagagem de tanta coisa legal que rolou! Se tiver sugestões, sinta-se a vontade para deixar um comentário 😉

AirBnb doce AirBnb – #cool

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Eba, finalmente vou conseguir citar o blog delícia da minha amiga Melissa Pio <3. Por lá só tem coisa bonita de ver: tem decoração, coisas que ela apronta na máquina de costura, itens de consumo (e sonho) e alguns posts de viagem também (já rolaram várias dicas de decoração com mapa!). Mas agora ela começou uma série de posts só com casas e apartamentos lindos de arrasar encontrados no AirBnb. Para quem curte decoração e viagem, não deixe de acompanhar!

O mundo precisa de hostels que aceitem idosos. Ou vai precisar – Mochila Pride

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A Ludmilla Balduino do site da Viagem & Turismo fez uma reflexão bem interessante neste post. Tudo porque ela encontrou um hostel lá em Tel Aviv que restringia a idade para 45 anos! Eu que adoro ouvir e escrever as histórias de viagem da turma da terceira idade (como foi com o Sérgio de Mendoza e com o Marito de Bariloche), achei essa questão super pertinente. Afinal, será que o estilo de viagem de hostel precisa mesmo ser restrito aos jovens? Seria bacana ver espaços assim com facilidades (tipo rampa e elevador) e atividades para os mais velhos.

Coisas que aprendi viajando sozinha – El País

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Ok, ok, o título não é dos mais originais e você já deve ter visto um texto parecido em algum momento. Por que destaco esse da Lola Hierra? Porque achei um dos mais sinceros relatos sobre mulher que viaja sozinha que já li. Não gosto de radicalismos, do tipo “toda mulher um dia tem que viajar sozinha”. Se a pessoa não quer e não tem vontade, pra quê que vai? E o texto encerra com uma conclusão dessa, que tem momentos que a gente não tá afim de ficar sozinha. Isso significa que a pessoa é dependente, carente, ingênua etc? Não né! Ou o contrário também: não é porque a pessoa viaja sozinha que seja super independente, seja antissocial ou sei lá mais o que.

Ah, além da parte reflexiva do texto, tem também boas dicas práticas, tipo levar remédios e absorventes daqui, não desconfiar de toooodo mundo (mas não confiar também em toooodo mundo) e a que eu mais gostei: “Não precisa se vestir de Indiana Jones” hahaha. Vale a leitura!

The obsessively detailed map of American literature’s most epic road trips – Atlas Obscura

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“On the Road”, o clássico do Jack Kerouac, é um dos principais romances norte-americanos que falam sobre cair na estrada e atravessar os Estados Unidos de ponta a ponta. Mas existem vários outros, cujos personagens percorrem outros caminhos tão interessantes quanto. E aí, como escolher a sua rota dos sonhos pela terra do tio Sam? Esse mapa te ajuda, mostra vários caminhos percorridos na ficção e te dá comichões de fazer logo uma road trip por lá – tem também a caminhada do livro/filme Wild.

[Sense8: Decoded] Arthur Veríssimo: Culturas e Conexões

Graças a dica da Ludmilla, já citada aí em cima, descobri essa série de vídeos que o Netflix tem feito sobre temas abordados na série Sense8 – que eu já falei por aqui no blog detalhadamente. Tem vídeo sobre transexualidade e mistérios do cérebro, mas esse do Veríssimo, mestre viajante, está demais. Dá uma olhada, é uma piração que só!

Onde está o Wally? Em Hong Kong! – Bússola de livros

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O blog de literatura infanto-juvenil da Thais e da Helo destacou esses dias essa exposição que eu quis morrer quando soube. Sou super fã do Wally, imagina só entrar nessa pequena amostra do universo do personagem? Só de escrever já bate aquela nostalgia da infância. E afinal de contas, o Wally é um turista de primeira né, se não me engano tem mais de um livro dele só dedicado a viagens.

Links na bagagem :: Leituras da semana #12

Mais uma rodada de links bacanas de viagem da semana. Os assuntos estão bem variados: tem dicas úteis, paisagens lindas, relato delícia de ler e, claro, para manter a tradição, filosofias de viagem – logo dois para gente fritar a cabeça ❤

Quanto custa viajar

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Minhas amigas Bruna e Dani me alertaram sobre esse site que calcula quanto se gasta em uma viagem de acordo com o destino. É aquela ferramenta que faltava para planejar melhor suas escapadas com mais precisão. Afinal, dá trabalho fazer uma simulação de gastos com alimentação e transporte, principalmente se você quer deixar a viagem mais solta e não vai programar t-o-d-o-s os passeios com antecedência.

Achei a navegação do site super fácil e intuitiva, com bastante informação de atrações e coisas para fazer em cada lugar. Os preços são uma média feita de acordo com as informações passadas por colaboradores. É assim: você viaja e depois e conta lá quanto gastou com cada coisa. Os itens avaliados são hospedagem, passagens, passeios e alimentação. Uma mão na roda!

Dez pensamentos sobre viagens – Viagem Sem Fim

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O blog de viagens do meu amigo Daniel começou com tudo, cheio de textos interessantes que trazem uma outra perspectiva sobre o tema. O primeiro deles é uma delícia de ler e é um belo manifesto: “A história que conhecemos do mundo são as histórias das viagens de alguém“. Esse do link acima já me ganhou porque reúne frases de escritores, poetas e pensadores sobre o ato de viajar. Uma das minha preferidas e fofinhas: “Viajar é trocar a roupa da alma”, do Mário Quintana ❤

Fotografias em timelapse transformam céu em pinturas impressionistas – Follow the Colours

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Para encher os olhos e a alma, uma galeria de imagens impressionante. Fotos que parecem pinturas impressionistas de paisagens por terem sido feitas num esquema de timelapse, uma sobreposição de várias fotografias em camadas – ainda não entendi bem como o designer Matt Moloy fez isso, sei que ficou assim, maravilhoso.

De caiaque na costa de Nápoles – Malaguetas

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Para quem curte arte urbana, design, fotografia e música… salva aí o Malaguetas no favoritos! A autora Estefani Medeiros, ex-colega de UOL, tá há um tempo morando em Berlim. E s rolês que faz pela Europa começaram a ganhar relatos bem bacanas. Esse texto aqui tá uma delícia de ler – ainda mais levando em conta o desafio que foi fazer esse passeio tendo algumas traumas por não saber nadar. Bravo! 🙂

The revolt against tourism – The New York Times

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Eu colocaria esse texto na minha categoria de links de filosofia, mas na verdade é uma matéria bem detalhada sobre o turismo no mundo e como os destinos regulam (ou não) suas atrações e adaptam sua estrutura para os visitantes. É que isso dá pano para a manga para pensar sobre como as pessoas viajam hoje em dia, o quanto o valor de uma viagem ficou inestimado perto de outros bens e por aí vai. O texto está em inglês, mas vale a pena se debruçar sobre ele 😉

33 genius travel accessories you didn’t know you needed – Buzzfeed

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Fones que cortam ruído, garrafa d’água com porta comprimidos e, o meu preferido, sutiã esconderijo são alguns dos itens da lista – e eu não sei vocês, mas eu realmente não sabia que existiam essas coisas! Vi a lista no Catraca Livre primeiro, mas a original é do Buzzfeed. Não sei se compraria essas coisas todas, mas dá super para adaptar algumas!

Escala Cultural :: Edward Hopper

"Nighthawks", de Edward Hopper

“Nighthawks”, de Edward Hopper

Já parou para pensar quão melancólico pode ser um posto à beira da estrada? Quando fazemos uma pausa durante uma viagem, e acabamos parando em qualquer lugar que tenha banheiros limpos e um lanche honesto, é que podem vir à tona reflexões profundas sobre para onde ir, o que deixamos para trás e por aí vai. Esses intervalos podem causar também uma forte sensação de solidão, afinal, se está no meio do nada e longe de tudo.

No livro “A Arte de Viajar”, de Alain de Botton, há um capítulo inteiro dedicado a esse momento da viagem. Além desses postos de gasolina com lanchonetes, o autor discorre também sobre outros lugares de transição, como aeroportos, estações de trem e até mesmo quartos de hotel.

"Hotel Room" - Edward Hopper

“Hotel Room” – Edward Hopper

“As viagens são parteiras de pensamentos. Poucos lugares são mais propícios a conversas internas do que um avião, um navio ou um trem em movimento”, afirma. E são mesmo – quem nunca teve ideias brilhantes ou fez promessas a si mesmo durante uma viagem?

É por me identificar com essas reflexões que achei tão interessante as obras do pintor e ilustrador americano Edward Hopper (1882-1967), apresentadas neste capítulo do livro de Botton. Muitas de suas pinturas retratam pessoas solitárias – algumas delas em hotéis, estradas, postos, lanchonetes, cafeterias, vagões e paisagens de trens.

"Chair Car" - Edward Hopper

“Chair Car” – Edward Hopper

“As figuras de Hopper parecem distantes de casa; estão sentadas ou de pé, sozinhas, contemplando uma carta à beira da cama de um hotel ou bebendo num bar; observam um trem em movimento pela janela do quarto ou leem um livro no saguão de um hotel. Seus rostos são vulneráveis e introspectivos. Talvez tenham deixado alguém ou tenham sido deixados; estão em busca de trabalho, sexo ou companhia, à deriva em lugares transitórios”, reflete Botton.

"Automat" - Edward Hopper

“Automat” – Edward Hopper

Hopper era um pintor realista e, por conviver com os artistas da Escola Ashcan (movimento que buscava retratar cenas do cotidiano de Nova York) acabou sofrendo algumas influências. Um dos líderes do grupo era Robert Henri, com quem teve aula. Henri era politizado e queria que a arte fosse semelhante ao jornalismo.

Mas só de observar as obras de Hopper dá para ver que elas trazem algo mais do que apenas fatos ou representações de cenas cotidianas. Em uma época que se buscava enaltecer o glamour e os benefícios vida urbana, seus quadros mostram lugares vazios e/ou pessoas solitárias, ou seja, pagava-se um preço pelo progresso.

"Night Windows" - Edward Hopper

“Night Windows” – Edward Hopper

Ele começou ganhando dinheiro com ilustrações para revistas e jornais, chegando a fazer trabalhos para agências publicitárias e tudo. Só passou a ganhar a vida com suas obras após os 40 anos. Mas até chegar lá viajou muito – algo que se reflete bastante em suas pinturas, já que um dos principais temas é viagem.

Foi para Paris três vezes, onde teve contato com as obras de Rembrandt e a poesia de Baudelaire – fato destacado por Botton no livro, onde ele fala da atração de ambos por motéis à beira da estrada e pela vida urbana, por exemplo. Hopper também viajou bastante dentro dos Estados Unidos, tendo atravessado o país de cabo a rabo mais de cinco vezes.

"Morning Sun" - Edward Hopper

“Morning Sun” – Edward Hopper

Entre tantas idas e vindas, passou por inúmeros postos de gasolina, quartos de hotéis, botecos e deve ter sentido toda a liberdade e a solidão que a vida na estrada pode oferecer. Mesmo realistas, suas pinturas traduzem tudo isso. Viajar é maravilhoso, sim, o que não significa que não tenha lá uma boa dose de melancolia também – nas partidas, nas chegadas e até nas paradas.

Se Edward Hopper usasse Instagram e outras redes sociais

Se Edward Hopper usasse Instagram e outras redes sociais – Nastya Ptichek

PS: Uma artista fez releituras das obras de Hopper, como se os personagens retratados em seus quadros estivessem deprimidos nos dias de hoje, buscando companhias e consolo  nas redes sociais. Uma delas é essa imagem acima. Veja as outras.

Links na bagagem :: Leituras da semana #10

Eba! Completamos 10 posts só de links legais relacionados ao mundo dos viajantes! \o/

O costume de reunir meus favoritos da semana em posts tem sido muito prazeroso e espero que útil para quem lê também. Vamos à lista da vez?

A ciclovia e um novo tempo na Avenida Paulista – Raquel Rolnik

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No domingo retrasado, dia 28 de junho, foi a estreia da ciclovia da Avenida Paulista, que ficou fechada para a circulação de carros. O dia foi definitivamente um marco histórico para São Paulo e um símbolo da transformação urbana que a cidade vem passando, com mais atividades culturais abertas ao público e maior incentivo a bicicleta como meio de transporte. Neste texto, a urbanista Raquel Rolnik traz um pouco da trajetória da Avenida Paulista (além de tudo, um ponto turístico também) e faz reflexões sobre o que foi este marco e o que pode vir pela frente.

Projeto Andarilha

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A Ana Luiza Gomes, dona de um blog que eu adorava, o A Pattern a Day, criou mais um projeto lindo, o Andarilha. Em suas próprias palavras: “Caminho para registrar, salvaguardar e difundir histórias de pessoas criativas que também buscam, em sua cultura e em suas trajetórias de vida e família, referências para fazer projetos inspiradores”. No site, ela escreve uma história por mês e ainda mantém um blog com outros projetos e descobertas cheias de inspiração. Os textos são deliciosos de ler, vale o clique 😉

Qual câmera comprar? – Dicas de Fotografia

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Um dos sites mais didáticos e interessantes sobre fotografia está chegando ao fim 😦 mas está encerrando em alto estilo, com um ebook gratuito com todo o conteúdo já publicado e esse post maravilhoso, que é para salvar nos favoritos e espalhar para os amigos que estiverem em dúvida sobre qual melhor equipamento. E de cara a autora já adianta: se está no começo, compre qualquer uma.

No texto, ela faz uma analogia entre fotografar e cozinhar e explica: “Se você está começando a fotografar não vai fazer diferença a câmera que está usando. De início, o objetivo será aprender o básico: picar cebola! Ou, voltando pra fotografia, medir a luz, focar e compor. E isso dá para fazer com qualquer câmera que tenha controles manuais”. But don’t panic: depois ela traz detalhes sobre cada tipo de câmera para te ajudar.

10 fotos incríveis de longa exposição – 360 meridianos

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Falando em fotografia, essa seleção de imagens é para inspirar qualquer um a querer sair do sofá e fotografar o mundo agora! A longa exposição acontece quando você diminui a velocidade do obturador e assim permite que entre mais luz na câmera para registrar uma imagem. Para ter um resultado bem legal, é necessário ter um tripé para que a foto não saia tremida. E a seleção feita pelo 360 meridianos traz 10 diferentes situações em que a longa exposição transforma a foto.

Lugares de séries de TV que existem de verdade – Chicken or Pasta

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Seinfeld, Friends, Sen and The City e tantas outras séries têm picos de Nova York como cenário. Aliás, o turismo de séries é algo de sucesso absoluto na cidade. O post acima traz uma relação desses lugares, mas não apenas na Big Apple, mas também em outras cidades norte-americanas. Dos que mais gostei (e me arrependo horrores de não ter ido) é a seleção dos lugares que apareceram em Seinfeld, meu seriado do coração – a lista dessa série especificamente foi feita pelo The New York Times.

Porque “não se preocupe com dinheiro, apenas viaje” é o pior conselho de todos os tempos@crismedias no Medium

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Então, eu tenho uma tendência forte a gostar de textos que vão contra essa coisa de “largue tudo e vá dar a volta ao mundo”. Juro que não é coisa de gente amargurada que não fez isso, mas é que eu acho que esse “conselho” não serve para todo mundo, nem para qualquer momento da sua vida.

Viajar serve para curar muitas coisas e é maravilhoso, é óbvio, mas eu acho que começou a virar uma onda muito forte isso de largar tudo e ser nômade digital – e se você não é, é um looser, não sabe aproveitar a vida, é um idiota que está no sistema etc etc etc. E esse texto, apesar de meio raivoso, acho que explica bem que não dá para todo mundo viver assim e tá tuuuudo bem!

Links na bagagem :: Leituras da semana #8

Após duas semanas insanas de trabalho, volto com mais links e leituras relacionadas ao universo de viagens. Foi até bom dar uma pausa para acumular bastante coisa legal!

Prevejo até que esta seção dê mais pausas pela frente. Afinal, links legais encontramos todos os dias, mas só sobre viagem às vezes fica difícil. Pra não forçar a barra, pretendo reunir só quando tiver coisa bacana meeeesmo. Melhor assim, né?

O azedo de Cuba – Volto pro almoço – Viagens pela boca

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Um dos blogs mais incríveis que conheci nos últimos tempos! Quem faz é a jornalista Priscila Dal Poggetto, ex-colega de Diário do Grande ABC. Me surpreendi, pois ela trabalha há um tempão com a editoria de carros, mas quem diria, é uma viajante/cozinheira/cronista de primeira! Ela conta histórias dos lugares e pessoas que conheceu em suas viagens traçando um paralelo com a culinária local.

E tem mais: no final, ainda coloca uma receita do prato ou bebida em questão – preparada por ela mesma. E como já era de se esperar, as histórias que mais me fisgaram foram as de Cuba, que estão fresquinhas no site. Além do azedo citado acima, tem o Salgado, o Picante, o Amargo e o Doce de Cuba.

Seja um turista na sua própria cidade – Indiretas do Bem

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Esse texto é curtinho, mas imprime uma ideia simples, porém muitas vezes complexa de colocar em prática, que é olhar seu próprio habitat com novos olhos – como os de um turista. Lembro que senti isso quando comecei a fotografar com o celular. Vivia em busca de coisas fofas ou inusitadas no dia a dia, e sabe, é só abrir bem os olhos que dá pra achar algo interessante por aí e dar aquela renovada diária no astral.

Muito antes da internet, Guia 4 Rodas foi Bíblia de viajantes brasileiros – UOL Viagem

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Momento autopromoção do post: essa foi uma das matérias mais gostosas de fazer para o UOL. Primeiro pelo momento histórico, que é o fim dessa publicação importantíssima para qualquer um que já tenha viajado pelo Brasil de forma independente. Segundo pois tive a chance de conhecer mais sobre o próprio Guia, ao pesquisar sua trajetória.

E terceiro por ter entrevistado gente bacana e cheias de aventuras para contar, como o Artur Veríssimo e o Maurício Kubrusly. Se você se interessa pelo assunto, sugiro ainda outro link: 50 anos do Guia 4 Rodas, onde tem MUITO mais história!

A aflição do relaxamento – Chicken or Pasta

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Da série “filosofias de viagem”, esse texto é um belo desabafo que casa muito com o que penso sobre “obrigações de turistas”: uma chatice! O post fala dessa coisa que é voltar de uma viagem e ser questionado sobre os lugares que foi ou não e ser até julgado pelas pessoas por não ter aproveitado o suficiente ou não ter conhecido de verdade uma cidade. Até porque, isso é passeio e descanso ou uma maratona de quem vê mais atrações por minuto?

Amor em escalas – Papo de Homem

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Esse texto vem direto do túnel do tempo (ou, no caso, do Timehop). Foi publicado há dois anos, mas reencontrei e achei que valia o compartilhamento. A autora encontra semelhanças entre a forma com que lidamos atualmente com o amor e com nossas viagens: ambos são temporários e pequenos luxos. E lembra também que após uma separação, muitos acabam querendo, quase precisando, mudar de cidade ou cair na estrada.