Memória :: Músicas de viagem

Músicos tocando na praça principal de Santiago de Cuba, em 2010 – Foto: Débora Costa e Silva

A trilha sonora é um elemento essencial em uma viagem e acaba sendo quase tão marcante quanto uma atração turística ou uma experiência gastronômica. Não importa se as músicas que embalaram o seu rolê eram de algum artista local, ou se faziam parte da seleção que você levou para ouvir (em K7s, CDs, MP3, playlist do Spotify) ou ainda um hit meio tosco da época. Uma coisa é fato: essas canções vão servir sempre como um portal para revisitar aquele lugar.

Uma das coisas que mais curto fazer nos preparativos é já ir ouvindo umas músicas da região ou país que vou visitar para entrar no clima. Afinal, se uma música é capaz de nos transportar para onde já estivemos, ela também deve ser capaz de nos levar para lugares que ainda não fomos. Foi assim com Cuba – aliás, boa parte da minha motivação de ir para lá foi por conta da música. Mergulhei nos clássicos do Buena Vista Social Club e do grupo Orishas e ouvia tudo quanto era salsa cubana.

Engraçado é que, entre uma “Guantanamera” e outra, a música que mais ouvi por lá não foi uma salsa nem um bolero, muito menos bossa nova (e olha que em quase todo bar com som ao vivo rolava um momento Brasil com “Garota de Ipanema”). O hit que marcou a viagem foi mesmo uma musiquinha bem pop, “We no Speak Americano”, da Yolanda B. Cool – também conhecida pelo refrão que diz “Papanamericano”, tocava em todas as festas 😊.

O hit do momento foi só a cereja do bolo para a miscelânea latina cheia dos batuques deliciosos que fizeram a trilha de Cuba – que era, de fato, extremamente musical como eu imaginava, com um conjuntinho tocando a casa esquina em Havana, Trinidad e Santiago de Cuba. Mas em uma viagem, sempre que é possível tento ir a algum show, festa ou bar que tenha um som ao vivo para conhecer a música regional.

Quando fui para a Espanha, foi a vez de outro clichê: o flamenco. Fui a uma apresentação em Barcelona e em outras três em Sevilha. Uma mais incrível que a outra, com músicos e dançarinos fantásticos, sempre em casas pequenas e charmosinhas. Queria ter visto mais castanholas e cajon, mas depois soube que esses instrumentos foram incorporados mais recentemente. Os shows que vi eram mais crus e tradicionais, apenas com violão, sapateado, palmas e só.

Flamenco em Barcelona, em 2011, só com violão, voz, sapateado e palmas – Foto: Débora Costa e Silva

Mas apesar desse mergulho no flamenco, o lado B das minhas memórias espanholas guarda outros estilos que nada têm a ver com a música feita na Espanha (até onde eu sei). Foi em Barcelona que conheci a banda Baiana System, apresentada pelos meus amigos Fernando e Milena, e Madri ficou marcada pelas músicas da Whitney Houston e do Daniel (sim, o sertanejo), que eu e meu amigo Fellipe vivíamos cantando por lá.

Os clássicos da Madonna me lembram as viagens de carro que fazia para o interior ou litoral de São Paulo com a minha mãe; o álbum acústico dos Titãs e o “Pulse” do Pink Floyd as viagens pelo interior do Rio de Janeiro com o meu pai; uns reggaes ruins embalaram minhas idas e vindas para Floripa com as amigas de infância e nem vou mencionar quais axés marcaram minha viagem para Porto Seguro, deixa pra lá 😛

Mesmo quando fui para Londres e Liverpool com a minha irmã e fizemos um tour temático dos Beatles, acabamos ouvindo o que? John Mayer. Foram as músicas dele que embalaram a viagem, nada de “Eleanor Rigby”. Rolou algo assim também em Bariloche, na Argentina, com o cantor uruguaio Jorge Drexler. Tocou o álbum “Eco” inteiro em uma noite num bar (e ainda repetiu, acho que só tinham esse). Agora, quando toca Jorge Drexler, já me transporto para Bariloche, e não pro Uruguai – talvez também porque nunca estive lá rs.

Enfim, é uma delícia viajar inspirada por música, como foi Liverpool, Cuba e mesmo Nova York – e outras que ainda quero fazer. Mas ainda que eu planeje fazer um tour musical, não necessariamente aquele determinado estilo vá compor a trilha sonora. Como em quase toda viagem, o elemento surpresa sempre dá as caras, nunca decepciona. E é ele que nos leva a vivências diferentes, apresenta músicas, relembra de outras e faz de cada viagem única.

Nova York :: Top 10 melhores experiências

Há um ano eu chegava em Nova York para passar uma temporada de três meses. E entre tantos sonhos, planos e expectativas que levei comigo, ainda tive o privilégio de vivenciar inúmeras experiências que estavam fora do roteiro e sequer passavam pela minha cabeça. São essas surpresas as melhores coisas de uma viagem – e da vida né?

Para comemorar e matar um pouco a saudade, resolvi reunir aqui algumas das coisas mais especiais e inusitadas que vivi por lá. Afinal de contas, foi em busca de momentos como estes que me levaram a fazer essa viagem ❤

Show Hiatus Kaiyote + Erikah Badu em Coney Island

Numa dessas noites de insônia ainda em São Paulo, descobri por acaso que uma das minhas bandas preferidas, a Hiatus Kaiyote, ia fazer um show em Nova York logo no dia seguinte à minha chegada. Melhor ainda: com a cantora Erikah Badu, musa mór maravilhosa, e em Coney Island, um lugar fofo que eu já era louca para conhecer. Foi meu primeiro passeio e o clima gostoso de férias de verão ditou toda a vibe do início da viagem. Passei o dia na areia tomando sol, lendo e ouvindo música.

O show foi em um anfiteatro montado no calçadão e começou durante o pôr-do-sol. A banda tocou para uma plateia um pouco vazia, mas nem liguei, porque o público estava em êxtase (e eu também rs). E antes do show da Eryka Badu, que foi incrível, tiro-porrada-e-bomba, ainda conversei com o baterista da banda <3. Não poderia ter começado melhor! PS: ainda vi outro show da Hiatus em Montauk, em outro dia igualmente mágico, que já escrevi sobre aqui.

“Labirinto” + banda do Bowie no Prospect Park

Confesso aqui, com certa vergonha, que nunca tinha assistido ao filme “Labirinto”. Sabia dele, conhecia a história e tal, mas passou batido na minha infância. No fim das contas, corrigi essa falha de um jeito bem especial, que fez valer a pena a demora.

Fui a uma exibição do filme no Prospect Park, como parte da programação de verão, que contou com a abertura de um show de jazz com os músicos que tocaram no álbum Blackstar, o último gravado por David Bowie. Fizeram uma baita homenagem, com a plateia e os artistas emocionados lembrando do cantor.

Assistir a esse filme, cheio de fantasia e criaturinhas bizarras, em um parque à noite, tomando cerveja, com uma plateia lotada de fãs interagindo e aplaudindo a cada aparição do Bowie… foi mesmo uma experiência única. Estava na companhia de uma amiga italiana, a Sara, que sabia até algumas falas de cor e estava emocionadíssima de ver o filme preferido da infância – cuja protagonista se chama Sarah também :-).

Madonnathon

Há mais de 10 anos, um grupo de fãs da Madonna promove uma festa temática no mês de agosto em NY em comemoração ao aniversário da cantora. Fiquei sabendo dessa festa pela revista Time Out e fui com uma amiga francesa do curso de inglês, que para a minha surpresa, deixou a timidez em casa e se jogou na pista comigo \o/.

Logo na entrada da casa (no Brookyn Bowl, um boliche-balada), havia um grupo de meninas maquiando o pessoal que quisesse se caracterizar como Madonna. Ok, elas só passavam um batom vermelho e faziam uma pinta com lápis entre o nariz e a boca rs, nada em comparação à produção dos mais empolgados – muitos usando vestido de noiva (em referência a Like a Virgin) ou corpetes com cones nos seios, como o visual da turnê Blonde Ambition – mas já promovia uma interação legal entre os fãs.

O melhor da festa era o que rolava no palco principal. Uma banda com três backing vocals maravilhosos tocaram os sucessos da musa, com arranjos diferentes para as músicas, mais puxados pro rock. A cada canção entrava em cena um cantor diferente, um melhor que o outro, todos com um estilo bem próprio. Nos intervalos, o palco era tomado por um concurso de drag queens caracterizadas de Madonna.

Já fui em alguns shows dela e devo dizer que a vibe dessa festa não ficou muito atrás. Não havia uma super produção e nem a presença da Madonna, claro, mas falo isso muito mais pelo o que a festa representou. Foi uma noite catártica, dançando as músicas dela junto com pessoas que nunca vi na vida, mas que estavam todas na mesma sintonia.  Sem contar o nível musical excelente do grupo, cantores fantásticos e o clima de nostalgia e celebração total <3.

Topless Day

Topless é permitido em Nova York, mas ainda não é muito bem aceito pela sociedade. Por isso, todo ano ativistas fazem uma passeata pró-topless e aproveitam para disseminarem a liberdade de expressão e condenarem o preconceito e o machismo. Fui acompanhar e fiquei surpresa ao me deparar com uma quantidade muito maior de homens do que de mulheres no ato.

A abordagem deles foi extremamente invasiva, tentando tirar fotos e se aproximando das mulheres que estavam com os seios à mostra. Conversei e entrevistei algumas delas, que disseram que esse tipo de atitude só mostra o quanto um protesto como este ainda se faz necessário. Escrevi uma matéria para a Revista Azmina sobre isso depois e fiquei bem feliz de ter conhecido mulheres e ativistas tão inspiradoras 🙂

Hip Hop Tour

Uma das coisas que me motivaram a ir para Nova York foi a cena cultural. É uma cidade que teve um papel fundamental no surgimento e consolidação de diversos movimentos artísticos e gêneros musicais – um deles, claro, o hip hop. Tive a chance de fazer um tour pelo Harlem e pelo Bronx (que rendeu também uma matéria no UOL) visitando pontos marcantes para o movimento, e ainda na mesma época do lançamento da série “Get Down“, do Netflix, que conta justamente essa história do final dos anos 70.

Se por um lado era um tour convencional, por ter um guia, turistas e uma van, foi também um dos mais originais e divertidos que já fiz. O nosso guia foi o rapper Reggie Rag, que teve o auge da carreira no início dos anos 80. Ao longo do passeio, entre rimas, risadas e gritos “hey” e “yo”, ele foi contando histórias curiosas sobre o nascimento do hip hop, enquanto mostrava pela janela, ou em algumas paradas que fizemos, lugares que foram cenário de batalhas de rimas, de DJs, grafites, points para grupos de break e outros – até o Yankee Stadium estava no roteiro.

Trivias de séries

Toda semana eu via no guia da Time Out algum evento de trivia de alguma série e nunca entendia muito bem o que era ou como funcionava. Até que um dia vi um de “Sex And The City” que dizia: os vencedores do jogo ganham drinks cosmopolitan. Ok, isso já me convenceu a ir lá participar e ver o que era rs.

O que mais tem em Nova York – talvez nos EUA todo – são fãs de alguma coisa se reunindo para reverenciar e curtir juntos aquilo que amam. No caso das séries, essas trivias são reuniões em bares em que os participantes formam um time (geralmente com 4 pessoas) para responder perguntas sobre o programa. E o pessoal capricha, joga cenas no telão, faz perguntas sobre figurino, detalhes sobre participações especiais, histórico de personagens… E quem ganha leva um drink ou cerveja de graça – pelo menos nos que fui.

Sim, fui em dois, o de “Sex And The City” e outro de “Gilmore Girls”. O primeiro foi mais divertido porque o pessoal estava mais eufórico rs. Montei o time com duas mulheres que sabiam MUITO da série – elas lembravam de falas específicas de não uma ou outra, mas de VÁRIAS cenas -, e conforme o jogo avançava, o pessoal ia ficando mais e mais competitivo. É curioso, é bizarro, mas vale muito ir em uma desses eventos pra conhecer gente e dar risada.

Photoville

Uma das coisas que eu mais queria fazer em Nova York era um curso de fotografia – o que foi inviável, infelizmente. Todos eram muito caros e mesmo os mais em conta, tipo workshops, iam me custar o valor de uma semana de hospedagem + alimentação. Mas aproveitei para praticar do mesmo jeito, fazendo muitas fotos, indo a exposições e ainda tive a sorte de poder acompanhar um mega evento de fotografia, o Photoville, que para mim valeu como um curso.

Durante 4 dias, uma área do Brooklyn Bridge Park foi tomada por contêineres, onde em cada um deles rolava alguma exposição ou workshop de fotografia. Tinham espaços da National Geographic, Leica, Magnum, Getty Images e tantas outras organizações e marcas relacionadas a fotografia. O melhor é que o acesso a feira era gratuito e  em um espaço inspirador por si só.

Além de conhecer muitos trabalhos legais, o que mais gostei foram as atividades interativas. O estande da Leica, por exemplo, emprestava uma câmera da marca para os visitantes por 90 minutos. Era mais proveitoso se você estivesse com seu cartão de memória, assim dava para salvar as fotos feitas com a câmera deles (foi o que fiz :-)).

Outro legal era da Fujifilm, com o projeto “Highlighting Humanity“: eles emprestavam uma câmera instantânea da marca que fazia fotos estilo polaroid para você fazer 5 cliques pela feira sobre o tema “humanidade”. Depois, você escolhia uma para deixar com eles e integrar a exposição e levava as outras 4 fotos com você. 🙂

Manhattan Neighborhood Network

Não rolou curso de fotografia, mas rolou de vídeo :-). Por indicação da amiga Rogéria, do site Vem Pra NY, me inscrevi para um curso de produção de vídeo na Manhattan Neighborhood Network, uma rede de televisão a cabo pública de Nova York. Eles dão aulas gratuitas para residentes de Manhattan, com acesso às ilhas de edição e estúdios, fornecem câmeras e equipamentos para gravar externas e levam também alguns profissionais da área para dar palestras.

Fiz dois workshops, sobre YouTube e Narrativas Visuais, e um curso de produção de vídeo para IPad. Escolhi esse por achar mais útil para mim, para ter uma noção melhor de todo o processo e poder aplicar o que aprendi utilizando qualquer equipamento, já que não pretendo me especializar nem trabalhar em estúdio.

Além do aprendizado, a parte mais legal foram as pessoas que conheci lá. Achei bem interessante que eu era a única estrangeira (todos eram novaiorquinos) e também a mais nova (a maioria tinha mais de 50 anos). Minha turma era composta por mulheres que não tinham tido o menor contato com a área de comunicação antes (eram donas de casa, comerciantes, professoras, entre outras).

Foi incrível conhecer essas mulheres que sonhavam em montar seu próprio filme ou canal no YouTube. Havia uma astróloga ansiosa para gravar suas previsões em vídeo, outra senhora queria fazer um documentário sobre a comunidade latina de NY e a Minnie (na foto), uma verdadeira colecionadora de artigos de moda. Estilosa, cada dia ia com óculos escuros de cor diferente (tem mais de 300), sempre combinando com suas roupas, colares e pulseiras. Ela queria contar histórias de pessoas diferentes, que tivessem um visual próprio – ou qualquer outra coisa que a fizesse brilhar os olhos. Foi minha dupla e acabou se tornando uma amiga <3.

Palestra com a Sarah Jessica Parker

O jornal The New York Times promove uma série de eventos chamada Times Talks, que são entrevistas feitas com personalidades abertas ao público (com entrada paga), mas que dão a oportunidade de acompanhar o bate-papo e até fazer uma pergunta. Quem me deu a dica foi minha amiga Karina, que participou de um Times Talks com o ator Daniel Radcliffe, dos filmes do Harry Potter. Comprei ingresso para ver a entrevista com a atriz Sarah Jessica Parker – a intérprete de Carrie Bradshaw, de “Sex And The City”, estava lançando a série “Divorce”.

O bate-papo rolou em um dos auditórios da NYU e foi demais ter acompanhado. Como era de se esperar, falou-se muito de “Sex And The City”, além da série nova, literatura (ela tinha acabado de lançar uma linha editorial, a SPJ for Hogarth) e política (já que estávamos em um momento pré-eleições). Uma pena que não consegui fazer minha pergunta, não deu tempo de chegar a minha vez. Minha frustração ficou ainda maior com o tipo de perguntas que fizeram (“como você celebra o Natal na sua casa” foi uma delas…). No vídeo acima, dá para ver uma versão editada da entrevista 😉

NYC Village Halloween Parade

Uma das minhas prioridades nesta temporada em Nova York era estar lá durante o Halloween. Já tinha passado a data em Londres e foi demais andar nas ruas e ver todo mundo fantasiado, de crianças a idoso. Na 1ª vez em NYC (outubro de 2014), deu para sentir o clima e ver as casas decoradas. Nesta temporada de 2016, além de apreciar a decoração da cidade, curti uma das principais festas, a Village Halloween Parade.

É basicamente um desfile com as pessoas fantasiadas pelas ruas do bairro acompanhadas de carros de som. Você pode ir só para assistir – o que não recomendo, porque as pessoas ficam espremidas nas calçadas e mal dá para ver direito o que rola – ou desfilar mesmo, só que aí você obrigatoriamente precisa estar vestido a caráter.

Meio no improviso, acabei indo bem básica, com uma peruca laranja, boina e uma blusa de caveira – meu traje era de Judy, irmã do Doug Funnie versão Halloween rs. É uma dessas situações em que você se sente um pouco mal de não ter sido mais extravagante, já que a maioria capricha MUITO no visual, um mais criativo que o outro.

Confesso que no início achei o desfile um pouco chato. Parecia bloquinho de carnaval, com a diferença que estava frio, não podia beber cerveja (porque não pode beber nas ruas em Nova York) e ainda por cima não tinha música. Mas conforme os carros de som e as atrações foram surgindo, eu e minhas amigas começamos a animar e no fim das contas nos divertimos muito.

Teve carro de som com músicas pop, rock, rap e uns grupos de dança folclórica de vários lugares do mundo – até do Brasil, com uma escola de samba pocket – aí sim virou um pouco carnaval. Das mais legais, um grupo de música irlandesa e outro grupo de dança e banda marcial do Harlem, com umas danças meio afro, meio hip hop, era incrível. No fim, andamos pra caramba e terminamos a noite – a minha última na cidade – bebendo cerveja num pub. Valeu muito, foi um belo encerramento 🙂

Menções honrosas:

Além dessas experiências, tiveram outras também muito marcantes, mas que ou já foram citadas em outros posts – como a ida para Montauk, o passeio de caiaque no Hudson River e a apresentação da Patti Smith – ou devem entrar nos próximos. Ou talvez fiquem mesmo só na memória e nas fotos. Entre elas, estão o karaokê com banda (até cantei “Son of a Preacher Man”), show da Alicia Keys no programa Today Show, patinar no gelo no Bryant Park e os cultos nas igrejas do Harlem.

As idas a museus, peças e musicais também foram incríveis, bem como alguns passeios meio aleatórios pelas ruas, que por mais comuns que fossem, sempre traziam alguma descoberta ou uma sensação nova. Enfim, escrever tudo isso é bom para deixar registrado e matar um pouco a saudade de lá ❤

Nova York :: Patti Smith

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Patti Smith se apresenta na Congregation Beth Elohim, no Brooklyn. Fotos do post: Débora Costa e Silva

Essa última quinta-feira tive a sorte e a honra de ir ao evento Brooklyn By The Book, com a cantora e escritora Patti Smith. A noite foi incrível e definitivamente foi um dos pontos altos da minha temporada em Nova York. Até então, estava tendo um dia meio esquisito. Tava com a cabeça cheia e acabei me atrapalhando e me atrasando para ir. Entrei no metrô completamente dispersa e apressada, equilibrando nas mãos um copo de café, a bolsa da câmera, o casaco, o celular e o livro “Linha M”, o único que trouxe para ler aqui em Nova York.

O evento aconteceu no Congregation Beth Elohim, uma congregação judaica próxima a estação Grand Army Plaza. Assim que soube, uma semana atrás, logo entrei no site para garantir meu ingresso, mas já estava esgotado. Não me dei por vencida: entrei em contato com a organização e me informaram que haveria um segundo lote à venda. E deu certo! 🙂

Ao me aproximar do local me assustei com a fila, que literalmente dobrava o quarteirão e ia longe. Mesmo com ingresso garantido, cheguei a ficar preocupada, pois não imaginava tanta gente – muitos inclusive com mais de 60 anos, provavelmente da geração que viu a jovem Patti ler poemas e cantar em Nova York no início da carreira. As luzes amareladas da congregação já estavam acesas e iluminavam a calçada e as árvores, dando um tom romântico para o início da noite.

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Como todos que estavam ali, recebi um exemplar do livro “M Train” assim que entrei. Fui para a parte de cima do salão para tentar garantir uma boa visão do palco e, após alguns minutos, ela apareceu acompanhada pelo guitarrista Lenny Kaye. Os aplausos pareciam não ter fim, Patti foi ovacionada. No maior bom humor, fazendo comentários hilários sobre si mesma, logo se desculpou por estar com um pouco de dor de garganta e explicou que não poderia dar autógrafos pois estava com tendinite (ou algo parecido).

Ela apresentou a nova edição do livro, que agora conta com mais fotos e um posfácio, cujos trechos foram declamados ao longo da noite, com algumas canções intercalando as leituras. Me senti em um culto religioso: ao invés da bíblia, tínhamos em mãos o “M Train” e, ao invés de um pastor, lá estava Patti Smith, que assim como imaginava, tem uma presença muito forte, ao mesmo tempo em que fala de um jeito doce e sereno.

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O público ainda teve a chance de fazer algumas perguntas à cantora. Em resposta a um dos fãs, Patti contou que está trabalhando em dois novos livros, um deles o “Sisters”, que fará um paralelo com “Just Kids” (“Só Garotos”), pois vai relatar histórias da mesma época sob outra perspectiva. Ela também fez várias revelações, algumas banais, como o seu inusitado gosto por crocs, mas outras que provocaram aplausos, como sua preferência política pela candidata Hillary Clinton e críticas ao concorrente Donald Trump. “Política é um assunto complicado, mas ele não é qualificado para ser presidente”.

Além de ser uma artista incrível, Patti ainda por cima foi simpática e bem humorada a noite toda, fazendo piadas, comentando assuntos corriqueiros e até dando spoilers de sua série de TV preferida, “The Killing”, ultra citada no livro. Para finalizar o encontro com chave de ouro, cantou “Because The Night” e, no meio da canção, desceu do palco e caminhou pela plateia, batendo palmas animada no ritmo da música.

Lá fora a noite continuava bastante agradável, agora ainda mais bonita com a lua cheia no céu. Fiquei emocionada, o tal culto surtiu efeito em mim. Apesar de não conhecer a fundo sua obra, admiro demais a Patti e saí desse encontro ainda mais encantada. Quando li “Só Garotos”, sua história em Nova York me inspirou muito, foi mais um dos empurrões que recebi para vir para cá. E agora, lendo o “Linha M”, tenho seguido o exemplo dela, indo de café em café para ler, escrever e observar o fluxo, e sinto que estou curtindo a cidade de forma mais leve.

Nova York :: Montauk

Um dos lugares que já estavam na mira antes de vir para Nova York era Montauk, cidade praiana onde foram gravadas cenas do filme “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças“, com o Jim Carey e a Kate Winslet. O empurrão que faltava para marcar o dia da viagem veio quando soube que a banda Hiatus Kaiyote, que sou super fã, iria se apresentar lá. E o melhor: o show era de graça em um domingo, então não teria que gastar uma fortuna nem perder aula do curso de inglês. Perfeito! 🙂

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Fotos do post: Débora Costa e Silva

Montauk é a última praia da região dos Hamptons, um grupo de vilas de luxo onde celebridades milionárias têm casas e passam os finais de semana. Porém, dizem que Montauk é mais frequentada por surfistas e pescadores. Uma coisa eu já sabia: era possível ir de trem, pois foi assim que os personagens do filme foram para lá.

Tudo lindo até aí, mas logo começou a complicar. Os novaiorquinos que conversei nunca tinham ido pra lá. Os comentários mais comuns eram “não conheço”, “é muito longe”, “ah mas tem que ir de trem, meio ruim né?”. Pra completar, nas buscas que fiz no Google, encontrei pouquíssimos relatos sobre como circular, onde ficar e o que fazer por lá. Achei estranho, mas ainda assim não desisti.

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Para ir, deveria pegar o trem da Long Island Road Rail (LIRR) e logo vi que não havia muitas opções de horários para o domingo. Pela manhã sai um a cada hora praticamente, mas para a volta é que complicava. O último trem partiria às 20h30 e isso me preocupou, pois o show estava marcado às 18h30. Se tivesse um pequeno atraso eu já corria o risco de nem ver a apresentação inteira. Me hospedar na cidade também estava fora de cogitação. Não encontrei nada por menos de US$ 100 a noite, nada no AirBnb e ainda por cima algumas pousadas não oferecem quartos para a noite de domingo para segunda.

Enfim, mesmo com todas essas complicações e com previsão de chuva para o domingo, resolvi arriscar a viagem e encarar como uma aventura. No máximo seria uma furada que poderia render boas histórias depois. Mas no fim, mesmo com perrengues, foi um dos melhores dias que passei aqui em Nova York <3.

A viagem

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Comprei os bilhetes de trem na hora mesmo, porque até o último momento estava com medo de algo não dar certo e deixei na mão do acaso. A viagem dura três horas e tem uma mudança de trem na parada da Jamaica Station, ainda em Nova York. Acompanhada por famílias e jovens surfistas (e aspirantes também), entrei no trem no maior clima de farofa bate-volta para a praia. Os bancos azuis me lembraram o filme e logo pus o fone para ouvir as músicas da trilha sonora.

Curioso é que, por mais que eu tenha tentado criar um clima melancólico para o passeio, não deu certo rs. Diferente do filme, que mostra Montauk durante o inverno com um céu cinzento, tive a sorte de estar lá em um dia ensolarado sem nuvens e ver a cidade em sua melhor forma. Ao invés de me deparar com uma estação de trem vazia, cheguei cercada de pessoas animadas, prontas para estender a canga na areia. Foi então que me toquei do óbvio: eu não tinha que reviver a história do filme, e sim me permitir viver minha própria experiência na cidade.

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Para fugir do sol e planejar os próximos passos, entrei em uma casinha na beira da estação e uma senhora simpática veio me cumprimentar e me mostrar o local. Ali funciona a Montauk Artists Association e havia uma exposição de fotografia com imagens da cidade. Adorei os trabalhos, principalmente uma série de cascos de barcos de pescador da fotógrafa Michele Dragonetti. Foi legal para já conhecer um pouco de Montauk e entrar no clima.

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Perguntei para qual lado devia ir para chegar a praia e ela logo me alertou: “você não vai a pé debaixo desse sol, né? Você é louca? Pegue um táxi!”. Achei que estava sendo apenas fofa e protetora, mas ela começou a me explicar que ali as coisas ficavam todas longe umas das outras e que o ideal era circular de carro mesmo. Isso definitivamente não estava nos meus planos. Queria dar uma volta a pé, mas realmente, o centro ficava longe. As praias também, do contrário teria que andar pela beira da rodovia. Ao meio-dia, num calor de quase 40º C sem sombra no horizonte.

A boa notícia é que o The Surf Lodge, hotel onde aconteceria o show, estava próximo dali, então resolvi almoçar lá e depois ver o que fazer. Pensamos melhor de barriga cheia, né? Eis que quando estava saindo, uma elegante senhora, loira, sorridente e de batom vermelho, me falou: “Sei onde fica esse lugar, vem, eu te dou uma carona!” Obviamente aceitei a oferta 🙂

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Tive que sentar no banco de trás do carro, pois o assento da frente estava ocupado por papéis, folhetos e uma câmera fotográfica. “Você é fotógrafa?”, perguntei. Ela disse que sim e começamos a conversar. Seu nome é Diane, mas disse que por pouco não se chamava Débora também. “Na minha família, todos têm nomes com a letra D. Como já tinham três Déboras na família, minha mãe preferiu variar e me chamou de Diane”.

Ela ficou empolgada quando contei que estava morando um tempo em Nova York e quando vi, já tínhamos chegado ao hotel. Nos adicionamos no Facebook e fizemos algumas selfies juntas. Foi um encontro bastante especial, fiquei encantada com essa mulher tão alegre, querida e cheia de histórias. Lamentei muito ter que me despedir.

The Surf Lodge e Hiatus Kaiyote

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O hotel The Surf Lodge fica em uma casa de inspiração vitoriana, com tábuas de madeira – muitas construções seguem esse estilo nos EUA como um todo -, além de ter uma decoração toda temática de praia, com móveis em tons brancos e azuis, chão de madeira e um amplo espaço externo. Antes de explorar o local, porém, eu precisava almoçar. Comi um delicioso hambúrguer com queijo, alface e beterraba (e não é que tava bom?). Para refrescar, experimentei a Montauk, cerveja local, uma delícia!

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Após o almoço, fui tomar sol numa área repleta de espreguiçadeiras e guarda-sóis, que imaginei ser a praia, mas… ledo engano. Apesar de ter areia no chão, o local fica na beira de um lago, não do mar. Pois é, caí na pegadinha e fiquei com cara de tacho sem entender porque recriar uma praia se estamos em uma cidade que tem praia…?!

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Após esse balde de água fria, fui me informar quanto saía uma corrida de táxi até a praia mais próxima, mas de novo fui barrada no baile. O funcionário do hotel me falou que os shows que rolam ali costumam lotar e quem não é hóspede corre um alto risco de ficar de fora. “Se você não quiser perder o show, recomendo que já fique aqui, porque os convidados estão chegando”. Eram 15h e faltavam mais de três horas para começar o evento. Sem saber direito o que fazer, decidi ficar.

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Longa espera, nada de passeio, muito sol, cerveja, reggae na cabeça e uma sensação esquisita de não pertencimento. O local é frequentado por gente phyna e rycah, que tem casa por ali nos Hamptons e um alto padrão de vida. Tiveram momentos que encarnei a personagem brasileira-rycah-de férias em Nova York, mas eu não conseguia sustentar longas conversas com ninguém, tava me sentindo meio intrusa rs.

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Até que comecei a ver uma movimentação diferente. Um pessoal meio hippie foi chegando, sentando no chão em frente ao palco e tomando conta do espaço. Eram os fãs da Hiatus Kaiyote :-). Fiz amizade com uns músicos de Montreal, que vieram para Montauk só para ver o show. Eles iam acampar, enquanto outra turma ia dormir no carro. Foi um alívio ver que não estava sozinha no rolê groupie!

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Após 40 minutos de atraso, a apresentação começou e eu tive a sorte de conseguir me manter bem em frente ao palco. Fotografei a cantora Nai Palm a uma distância absurdamente pequena e foi maravilhoso! Que vibe, que som! A turma de fãs estava em êxtase e até os artistas estavam impressionados com a empolgação geral. “Esse é o show mais intimista que já fizemos”, disse a Nai. Conforme o show se desenrolava, o sol ia se pondo e uma brisa fresca substituía o calor insano daquela tarde. Foi mágico ❤

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O retorno

Felizmente, deu tempo de sobra para pegar o trem de volta para Nova York. Caminhei pela estrada até a estação de Montauk junto com outros fãs da banda. Entrei no trem e estava nas nuvens, ainda embalada pelo clima do show. Tudo ia bem até que no meio da viagem, em uma das paradas, anunciaram um problema técnico. Meia hora se passou e nada. Outro anúncio: ainda não tinham resolvido a situação.

O trem partiu, mas dez minutos depois parou de novo, dessa vez por uma hora. A essa altura já tinha atacado meu lanche de pão de forma com manteiga, tomado toda minha água e me enrolado ao máximo na canga de praia para me proteger do frio do ar condicionado. Não via a hora de jantar, tomar um banho, tirar a areia do corpo e dormir.

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Resultado: a viagem acabou durando 5 horas no total e eu cheguei às 2 horas da manhã em casa. Ainda tivemos que trocar de trem na Jamaica Station e por conta do horário esperamos mais meia hora. Sem energia para andar mais do que os dois quarteirões previstos da estação de metrô até minha casa, comprei bolacha e refrigerante na farmácia e, após o “jantar”, desmaiei na cama.

Ainda assim valeu a pena? Claro! Em Montauk nada foi previsível – ok, isso porque também não me planejei o suficiente, mas a ideia era justamente me deixar levar. Paguei o preço dessa brincadeira, mas também ganhei alguns presentes do acaso. E não é assim o tempo todo na vida? Viagem boa é dessas em que mal você retorna e já sente saudades. Bônus: a promessa “Meet me in Montauk“, feita pelos personagens do filme, agora vai me trazer novas lembranças, menos melancólicas e mais ensolaradas.

Bonus Track: segue abaixo um dos vídeos do show da Hiatus Kaiyote em Montauk. Para ver os outros vídeos feitos no dia, clique aqui!

São Paulo :: Paulista Aberta

Avenida Paulista aos domingos recebe ciclistas, artistas e cada vez mais moradores que curtem o dia ao ar livre. Foto: Débora Costa e Silva

Avenida Paulista aos domingos recebe ciclistas, artistas e cada vez mais moradores que curtem o dia ao ar livre. Foto: Débora Costa e Silva

Desde que me entendo por gente, a avenida Paulista já era um polo cultural fascinante. Nos anos 2000, durante a adolescência, ia a shows gratuitos na hora do almoço na Fiesp, ver filmes nos cinemas Belas Artes e Unibanco (hoje Itaú), visitava o MASP, o Itaú Cultural e a Casa das Rosas. Mas não era um ponto ou outro que me atraía especialmente, era o seu movimento. A Paulista sempre teve vida própria.

Eis que em junho de 2015, a prefeitura inaugurou sua ciclovia e no mesmo dia abriu a avenida para os pedestres aos domingos (anota aí: é das 10h às 18h) e transformou ainda mais a experiência de quem circula por lá. Se antes já era vibrante, imagine agora? Todo domingo a via recebe gente de todos os estilos, idades e classes sociais para fazerem inúmeras atividades, na melhor tradução do termo “diversidade”.

O pessoal vai caminhar, correr, pedalar, patinar, tirar fotos, visitar um museu, a feira de antiguidades do MASP, participar de aulas de dança, de oficinas de artesanato, tomar um café, almoçar, levar o cachorro pra passear, assistir a um (ou vários) show ou simplesmente ficar zanzando e acompanhar o fluxo.

Feirinha de artesanato é um plus para quem visita a de antiguidades do Masp. Foto: Débora Costa e Silva

Feirinha de artesanato é um plus para quem visita a de antiguidades do Masp. Foto: Débora Costa e Silva

Tenho ido com frequência e virou meu ritual de fim de semana desde novembro, muito por conta da bike também – aliás, não sei dizer se a paixão por pedalar me levou à Paulista ou se foi a Paulista que acabou me incentivando a pedalar, mas ok, isso é outra história rs. Foi bonito observar ao longo dos meses a rua ser tomada e encher mais e mais a cada semana, ganhando novos adeptos e atrações. Sempre me surpreendo com algo novo e chego até a ficar aflita de não dar conta de ver tudo.

Para turistas é um prato cheio, porque em um só passeio já têm uma amostra da variedade de culturas, tribos e loucuras de São Paulo. Para quem é paulistano, vive de saco cheio do trânsito, metrô lotado, falta de segurança, stress do trabalho, preços que não param de subir, dê uma chance para curtir a cidade como turista também, vai!

É uma cidade difícil, que muitas vezes não te ganha de primeira – ok, às vezes nem de segunda – mas eu duvido que alguém não encontre um lugarzinho no meio de toda essa diversidade da Paulista pra se aconchegar e curtir o dia. E é aí que mora a graça do negócio: é uma contravenção e tanto essa avenida, tão comercial, tão imponente, tão símbolo de todo o caos, estar agora livre, leve e solta quase como um parque, apenas com a função de ser um espaço público de convivência democrática.

Ciclovia, ciclofaixa e cia

Ciclovia + ciclofaixa na avenida Paulista. Foto: Débora Costa e Silva

Ciclovia + ciclofaixa na avenida Paulista. Foto: Débora Costa e Silva

Além da ciclovia que já existe na avenida e é utilizada diariamente, aos domingos e feriados os ciclistas ganham mais espaço com a CicloFaixa de Lazer, patrocinada pelo Bradesco Seguros e realizada em diversas regiões da cidade. Ué, mas se já tem ciclovia, pra quê mais uma faixa ali? Bom, é só dar um pulinho lá para perceber que ambas ficam bastante carregadas aos domingos, até porque não é só bike que tem por ali, tem gente de patins, skate, hovertrax, patinete e por aí vai. Se quer praticar mesmo, a dica é ir cedo, pelo menos antes das 11h, porque depois começa a ficar difícil de circular e o pessoal começa a tomar conta também da ciclofaixa para assistir shows. Dá para andar, mas com muito cuidado, atenção e algumas paradas para desviar da galera.

SOS Bike na Praça do Ciclista, com serviços gratuitos. Foto: Movimento Conviva

SOS Bike na Praça do Ciclista, com serviços gratuitos. Foto: Movimento Conviva

Outro benefício incrível é a assistência gratuita aos ciclistas dada também pelo Bradesco: ao longo da extensão da ciclofaixa (já desde a avenida Jabaquara, com início na estação São Judas, passando pela Vila Mariana), há profissionais circulando com ferramentas para auxiliar o público com algum problema na bike (pneu murcho ou furado, ajustes no selim, reforço no breque, entre outros), além de uma estação SOS Bike na Praça dos Ciclistas, com ainda mais possibilidades de reparos mecânicos. Tudo de graça, basta preencher uma ficha na hora.

Shows

Banda Picanha de Chernobil toca covers e músicas próprias de rock e blues. Foto: Débora Costa e Silva

Banda Picanha de Chernobil toca covers e músicas próprias de rock e blues. Foto: Débora Costa e Silva

Entre na Paulista, tire os fones de ouvido e aproveite! Dá para curtir vários shows em um mesmo domingo e tem muita banda boa fazendo um som por ali. A minha favorita é a The Leprechaun, que toca geralmente entre as estações Trianon e Brigadeiro. A formação inclui banjo, violão, baixo, percussão, violino e conta com os vocais da Fabiana Santos. Eles fazem uma mistura de bluegrass e folk e intercalam músicas próprias e covers bem originais de músicas como “Redemption Song” e “Do You Remember Rock N Roll Radio”.

Pra fãs de rock e blues, a dica é a banda Picanha de Chernobill, com formação clássica de guitarra, baixo e bateria e repertório de altíssima. Pra relaxar e diminuir o ritmo, dê uma paradinha para ouvir a Carolina Zingler na Esquina do Jazz, com um som acústico de violão e cajon, às vezes acompanhado de outros instrumentos, o som é uma delícia. Com sopros, banjo e baixo acústico, a Cuca Monga é outra que eu adoro. O grupo é bastante divertido e toca músicas tradicionais brasileiras rearranjadas para o jazz.

Tem muitas outras bandas, de diferentes estilos, e sempre aparece um ou outro artista novo por lá, sem deixar de mencionar umas figuras pitorescas , como o cover do Elvis Presley, do Roberto Carlos e do Michael Jackson, que estão sempre por lá.

Feirinhas

Se hoje a Paulista é esse fervo todo aos domingos, isso se deve muito a feirinha de antiguidades que rola no vão do MASP há mais de 25 anos. É um dos eventos mais tradicionais da região e da própria cidade, e que com certeza incentivou o fluxo de pessoas que vão para lá com o intuito de passear e ponto. Como toda boa feira, essa tem uma variedade de produtos como câmeras fotográficas, miniaturas, relógios, artigos náuticos, objetos de porcelana, broches, livros e até obras de arte.

Feirinha do vão do Masp acontece já há mais de 25 anos aos domingos. Foto: Débora Costa e Silva

Feirinha do vão do MASP acontece já há mais de 25 anos aos domingos. Foto: Débora Costa e Silva

Do outro lado da avenida, em frente ao Parque Trianon, há uma espécie de sessão extra, com barraquinhas informais que vendem artesanato, bijuterias e roupas para quem já curte um estilo ligeiramente mais hippie. Pra fechar o circuito, dentro do shopping Center 3 há todo domingo uma outra feira, a Como Assim?!, essa mais alternativa e moderna, com vestidos, bottons, pôsteres e artigos de decoração.

Comidinhas

Feirinha gastronômica na Praça Oswaldo Cruz. Foto: Débora Costa e Silva

Feirinha gastronômica na Praça Oswaldo Cruz. Foto: Débora Costa e Silva

Mesmo antes de ser aberta, a Paulista já era um destino gastronômico aos domingos por causa das já existentes feirinhas de artesanato e antiguidades. Comer yakisoba por ali era um clássico, mas agora as opções se proliferaram, ainda mais com a presença massiva de foodtrucks. Há dois pontos principais: na praça Oswaldo Cruz, no comecinho da Paulista, e no calçadão em frente ao prédio da Fiesp.

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Além dos food trucks, tem ambulantes em bikes retrôs vendendo docinhos. Foto: Débora Costa e Silva

Em ambos há banquinhos para sentar e um pouco de tudo para comer: pastel, hambúrguer, massa, churros, sushi, taco e por aí vai. Circulando pela avenida também é comum encontrar um pessoal vendendo doces, café e outras delícias em bikes retrôs ou em barraquinhas estilosas.

Dança e atividades

Grupo de dança afro atrai sempre uma plateia enorme na Paulista. Foto: Débora Costa e Silva

Grupo de dança afro atrai sempre uma plateia enorme na Paulista. Foto: Débora Costa e Silva

Não importa o horário que você passar por lá, com certeza vai encontrar pelo menos um grupo fazendo alguma atividade mais inusitada. Tem o pessoal do bambolê, do samba rock, da dança afro (com direito a música ao vivo também, uns batuques incríveis) e até de lamba aeróbica (ainda é esse nome que dá pra quem dança axé e faz ginástica, né?).

Para as crianças também tem bastante opção, com grupos de contação de histórias, fantoches e oficinas diversas. O Parque Mário Covas e seus arredores concentram muitas das atividades bacanas para os pequenos. E claro, vira e mexe você encontra cenas engraçadas, mágicos, estátuas vivas, artistas e malucos de todos os tipos, como essa interação que flagrei uma vez:

Sei que o texto saiu super apaixonado, mas é difícil não se envolver e não celebrar essa conquista da cidade, que está mais aberta e mais humana. Claro que tem vezes que chego a me irritar com a muvuca toda, com o Elvis cover atrapalhando outro show ao lado, com pessoas que não respeitam a ciclovia, mas ainda assim, acho tudo muito válido e até essa bagunça pode ser bonita. A rua tem que ter espaço para todos!

Pra fechar, deixo aqui um documentário curtinho sobre a abertura da Paulista, com depoimentos de arquitetos, da prefeitura e do público que frequenta a rua. E aproveitem o domingo ❤

Paraíba :: Litoral norte

Pôr do sol na Praia do Jacaré é uma das atrações mais famosas da Paraíba. Foto: Débora Costa e Silva

Pôr do sol na Praia do Jacaré é uma das atrações mais famosas da Paraíba. Foto: Débora Costa e Silva

Ao viajar para uma capital do Nordeste, os passeios mais populares geralmente são o city tour básico e uma visita às praias ao norte e ao sul da cidade. Não acho que seja por falta de atrativos do próprio destino, mas é que a capital acaba sendo a porta de entrada para quem quer conhecer um pouco de tudo que o estado oferece. Quando estive em João Pessoa, visitei um pedacinho do litoral sul e do litoral norte e adorei, deu para curtir uma variedade maior de atrações. Claro que muitas outras praias ficaram de fora, mas a vida é assim, temos que fazer escolhas que estejam de acordo com o tempo e a verba disponível rs.

Como já contei no primeiro post sobre a viagem à Paraíba, fechei os passeios com a Luck Receptivo e o que mais gostei foi que eles oferecem experiências exclusivas e diferentes para seus clientes. Aí vão mais detalhes sobre os primeiros passeios:

:: LITORAL NORTE ::

Com duração de um dia, o roteiro tem algumas paradas menores, como o Marco Zero da rodovia Transamazônia (nem descemos do ônibus, o pessoal da excursão fez foto da janela mesmo) e o outlet Meggashop, que vende roupas, acessórios e calçados esportivos. Vamos às principais atrações:

Projeto Tartarugas – praia de Intermares

Praia de Intermares, onde as tartarugas marinhas depositam seus ovos. Foto: Débora Costa e Silva

Praia de Intermares, onde as tartarugas marinhas depositam seus ovos. Foto: Débora Costa e Silva

A primeira parada foi para conhecer o projeto Tartarugas Urbanas – Guajiru, uma ONG que preza pela proteção dos ninhos de tartaruga depositados na praia. Os turistas assistem a uma rápida palestra da bióloga Rita Mascarenhas, diretora do grupo, que explica como funciona o trabalho. Os voluntários protegem os ninhos, ajudam no parto dos filhotes, fazem salvamentos e, claro, lutam pela preservação da praia para que as tartarugas continuem voltando para ter seus filhotes ali em segurança.

Praia em Cabedelo

Praia em Cabedelo, uma das paradas do passeio pelo litoral norte da Paraíba. Foto: Débora Costa e Silva

Praia em Cabedelo, uma das paradas do passeio pelo litoral norte da Paraíba. Foto: Débora Costa e Silva

No município de Cabedelo, fizemos uma longa parada no restaurante Lovina, na praia da Ponta de Campina. A comida e o serviço estavam na média, mas o que chama a atenção é o espaço em si, já que oferece uma boa estrutura para quem vai passar o dia, como banheiros, duchas, lojinhas e amplo espaço em tendas para descanso na sombra. De areia fofa, a praia ali é tranquila, limpa e gostosa para caminhar.

Fortaleza de Santa Catarina

Foto: Débora Costa e Silva

Foto: Débora Costa e Silva

Construída em 1586 em madeira e taipa para proteger a região, a fortaleza fica em uma área elevada de Cabedelo – que significa ponta de areia ou pequeno cabo. Por ter sido refeita mais de cinco vezes, sua estrutura preserva características de diferentes épocas. Além disso, é um local histórico por ter sido palco de lutas contra os invasores holandeses no Nordeste na época do Brasil Colônia. A fortaleza conta com um belíssimo mirante com canhões apontando para o mar, capela, prisão e alojamentos, que abrigam obras de arte e gravuras da época.

Foto: Débora Costa e Silva

Foto: Débora Costa e Silva

Praia do Jacaré + Bolero de Ravel

Um dos programas mais famosos e turísticos da Paraíba é assistir o pôr do sol na Praia do Jacaré, que na verdade não é bem uma praia, e sim o belíssimo rio Paraíba. O nome jacaré também engana. Ao contrário do que a maioria pensa, ali não havia jacarés – apesar de que hoje algumas estátuas do animal decoram a orla e chamam a atenção dos turistas. O nome foi dado porque anos atrás havia uma espécie de hidroporto, onde pousavam aviões menores e quando isso acontecia, formava-se uma onda com a aparência de uma boca aberta, daí a relação com o bicho.

Jurandir do Sax se apresentando no catamarã. Foto: Débora Costa e Silva

Jurandir do Sax se apresentando no catamarã. Foto: Débora Costa e Silva

A grande atração fica por conta do músico conhecido como “Jurandir do Sax“. Há 23 anos, ele executa a música “Bolero de Ravel” durante o pôr do sol e, nos últimos 16 anos, vem promovendo o espetáculo diariamente em uma canoa. Ele já ultrapassou as 5 mil apresentações e continua sendo aguardado por turistas que visitam o local. Fiquei pensando: como será tocar a mesma música todos os dias no mesmo horário? Diz ele que cada apresentação é única e tem sua emoção própria.

Achei bonito vê-lo surgir em seu barquinho no horizonte, em meio às águas iluminadas pelo sol. Por outro lado, me incomodei com toda a encenação que faz parte do pacote: o guia do catamarã anunciando sua chegada pelo microfone, uma batida eletrônica marcando o ritmo da música tocando ao fundo e os turistas se aglomerando para fazer fotos e vídeos. Como toda atração que começa autêntica e ganha popularidade, essa também acabou virando um espetáculo “para turista ver”. Ainda assim recomendo por ser algo tão único, inusitado e, para quem entra no clima e consegue se isolar da muvuca de turistas, emocionante também.

No local há diversas lojinhas que vendem suvenires, roupas, artesanato, doces e comidas típicas. Até julho de 2015, havia também bares e restaurantes no píer, mas eles tiveram que ser fechados e demolidos, pois estavam instalados de forma irregular. Quando estivemos lá, todo o trecho estava passando por reformas.

A história é bastante polêmica e os donos dos bares ficaram revoltados. Bem ou mal, os estabelecimentos eram uma opção para quem quisesse apreciar o pôr do sol com o “Bolero de Ravel” tocando ao fundo enquanto comia um petisco sentado a uma mesa. Se por um lado ficou mais democrático e todos podem curtir a vista do rio gratuitamente, por outro a única opção que sobrou para quem quer um pouco de conforto foi o passeio de catamarã.

No nosso caso, o catamarã já fazia parte do pacote e achei que valeu a pena. Enquanto navegávamos pelo rio, ouvimos do guia as histórias da praia do Jacaré, assistimos a uma violinista tocar músicas típicas e os mais animados se jogaram em uma quadrilha com um casal vestido de Maria Bonita e Lampião que animava o público. O diferencial oferecido pela operadora foi que, ao final da execução do “Bolero de Ravel”, o Jurandir subiu em nossa embarcação e tocou mais algumas músicas. Quem estava no mirante podia ouvir também, graças ao sistema de áudio do artista, mas ainda assim tivemos a chance de vê-lo de perto.

Por que escolhi ir para Cuba

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Ministerio del Interior na Plaza de la Revolución, em Havana

É difícil encontrar alguém que queira ir para Cuba que não tenha tido um pé na cozinha do Karl Marx. Caribe por Caribe, tem um monte de ilhas ali muito mais famosas pelas praias paradisíacas de mar azul. Ou pelo menos uma curiosidade saudável sobre como as coisas funcionam no país – acho difícil alguém de extrema direita querer ir para lá. Se não for minimamente simpatizante da revolução, pra quê ir? (Se for o seu caso, me conte!)

Comigo pelo menos foi assim. Eu nem lembro quando começou essa fissura por Cuba. Sei que na sétima série tinha um casal de professores que havia ido para lá – e isso era em 1999 – e eu achei incríveis as histórias que eles contavam – principalmente aquela coisa clássica de sentir que “voltou no tempo”. Talvez tenha sido neste momento que Cuba entrou para o meu radar.

No ano seguinte, fiz um seminário para a aula de História e meu grupo pegou os temas Revolução Russa e Chinesa, ou seja, fui me familiarizando com o socialismo. A professora era bem boa, estimulava discussões e provocava a galera nas aulas. E, claro, era pra lá de esquerda. Me identifiquei muito com os conceitos de igualdade social e comecei a me interessar por política. Virei vermelhinha.

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Da esq. para a dir.: estátuas de Camilo Cienfuegos, Fidel Castro e Che Guevara no Museu de la Revolución, em Havana

Sim, eu era dessas que defendia o PT, queria estar ao lado dos fracos e oprimidos e mudar o mundo. Usava camiseta do Che Guevara e lia Caros Amigos. Por um lado até que foi legal essa fase, eu era bem engajada. Ah, e na adolescência acho válido sonhar e ser idealista – já basta a vida adulta para te jogar doses diárias de baldes de água fria né?

Mas não foi só isso que me levou a ilha de Fidel. Tinha a música também, obviamente. Eu fazia aula de percussão, tocava de chocalho a atabaque, e o Mingo, meu professor, era mestre nos ritmos latinos. Fui aprendendo a base de vários estilos: salsa, rumba, chachacha, bolero e outros. Quanto mais ouvia, mais eu pirava.

Daí, naturalmente, veio a vontade de dançar salsa (ok, eu já estou morrendo de vergonha de contar tudo isso e quero desistir, mas vamos lá). Aprendi o básico e saía direto aqui em São Paulo para umas baladas latinas. A essa altura, não tinha como eu não ser obcecada por Cuba! Só precisava juntar dinheiro, ter férias e tava mais que decidido.

Músicos em cada esquina: um mito real de Cuba. Foto feita em Trinidad

Músicos em cada esquina: um mito real de Cuba. Foto feita em Trinidad

O mais louco é que voltei de saco cheio do Che Guevara e desse papo de revolução. Não que eu seja contra, o que passou, passou, ainda acho interessante toda a história. Mas lá você tem uma overdose sobre o tema e cansa falar e ouvir sobre isso. Sem contar que a maioria vive em condições precárias – apesar dos inegáveis benefícios na área de saúde e educação, ok.

E as paisagens, que antes eu nem dava bola, estão entre as coisas que mais me impressionaram. Não só a beleza das praias, mas também das construções históricas de Havana e Trinidad. Recomendo bem mais do que algumas ilhas caribenhas que de tão lotadas de resorts acabaram ficando quase sem identidade.

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Pôr do sol no Malecón, calçadão a beira do mar em Havana

Fotos: Débora Costa e Silva

Roteiro musical em NY :: Strawberry Fields

Mosaico em homenagem a John Lennon no Central Park

Mosaico em homenagem a John Lennon no Central Park

Deixei o Central Park para conhecer no meu último dia, mas não tinha noção da grandeza do lugar. Foi aí que decidi acelerar o passo e ir direto ao ponto – no caso, Strawberry Fields, área onde há uma homenagem a John Lennon. O nome é inspirado em uma música dos Beatles, “Strawberry Fields Forever”.

Edifício Dakota

Edifício Dakota

Logo ali, do lado de fora do parque, está o famoso edifício Dakota, onde ele vivia com a Yoko Ono até ser assinado bem ali em frente, em 1980. O assassino era um cara de 25 anos chamado Mark David Chapman, fã do cantor, que disparou cinco tiros em Lennon quando ele voltava de um estúdio de gravação com Yoko. História maluca – se quiser ler mais clique aqui.

Ao entrar no parque pela rua do Dakota, você logo vê barraquinhas que vendem camisetas, bottons e artigos diversos sobre os Beatles (enquanto andava por ali, eu juro que ouvi um cara explicando para o outro quem era John Lennon (!). Oi? Beatles?!).

O local da homenagem tem um mosaico em preto e branco gigante feito de pedras portuguesas no chão. No centro está escrito “Imagine” e, ao redor, há flores deixadas pelos fãs. O que eu não sabia é que tem músicos que ficam por lá quase o dia todo tocando, claro, “Imagine” meio que em loopping – mas eu dei sorte e ouvi outras músicas também. É super bonito, se for fã não pode deixar de ir.

Abaixo, o vídeo que fiz do músico tocando no parque:

David in the sky with diamonds
Meu sogro David Santos, fã de Beatles, foi para Nova York em 1997 e passou por lá também. Mas não foi uma passagem qualquer: enquanto ele estava entrando no Central Park, saindo do Dakota, ele olhou pro céu e aqueles aviões da esquadrilha da fumaça (ou algo do tipo) escreviam algo no céu.

A palavra? DAVID! O nome dele aparecer no céu no dia e na hora em que ele estava lá é MUITA coincidência – e super emocionante. O meu cunhado Marcelo registrou em vídeo e eu tirei essa foto aí embaixo pra provar:

David no céu

Vai lá
Lado oeste do Central Park, na altura da 72th Street
Mais: www.centralparknyc.org/things-to-see-and-do/attractions/strawberry-fields.html

Roteiro musical em NY :: Jazz

Fila para entrar no Village Vanguard, em NY (Foto: Débora Costa e Silva)

Fila para entrar no Village Vanguard, em NY (Foto: Débora Costa e Silva)

Não teria como não ir assistir a um show de jazz em Nova York, o clássico dos clássicos. Os empecilhos: eram muitas as opções, pouco tempo para conseguir pesquisar o melhor custo x benefício x banda mais legal e, confesso, pouco conhecimento do estilo musical.

Acabei indo no Village Vanguard na recomendação da Julia Cauby, do CineRango, e do Daniel Daibem, músico e radialista expert em jazz, que fazia até um programa dedicado ao assunto, o Sala dos Professores na Rádio Eldorado FM. Ele já tinha comentado dessa casa também, então pronto, fui lá e assisti o Joe Lovano and Dave Douglas Quintet.

Foi o único lugar que me “dei mal” em NY por não ter feito reserva, e ainda assim só foi um tempinho de espera de meia hora e tudo bem, nada grave. Foi meio estranho estar sozinha na fila junto com um monte de casais, mas depois vi mais gente avulsa por lá e fiquei numa boa. Sem contar que apreciar música, ainda mais jazz, é uma piração meio solitária. Pelo menos pra mim sempre foi.

O lugar fica no subsolo, acho que cabiam umas 60 pessoas, se muito, então o clima intimista prevalecia. E que diferença das casas/bares que têm por aqui: o público fica mesmo em silêncio. O foco é a música e acabou, sem burburinho, nem luzes das telas de celular. Eu fiquei até sem graça de ir ao banheiro tamanha a discrição da galera, mas aproveitei a deixa da mulher que estava ao meu lado. Ela levantou e eu fui também logo em seguida, até para atrapalhar o pessoal da plateia de uma vez só. Não era pra tanto né? Agora que passou que vejo que eu tava meio tensa.

Eu era obrigada a consumir alguma coisa na casa, se não me engano de até 20 dólares, então pedi uma taça de vinho, depois outra e fiquei no balcão encostada na parede curtindo o som. Foi incrível, voltei no tempo e me deliciei. No vídeo abaixo, veja uma palhinha do grupo que assisti:

Roteiro musical em NY :: Baladas

Show do The Lesson no Arlene's Grocery, em NY

Show do The Lesson no Arlene’s Grocery, em NY

A pesquisa que fiz de lugares para ir em Nova York não foi pequena, mas justamente por ler tanto acabei ficando perdida em meio a tantas docerias, hamburguerias, casas de jazz, lojinhas, galerias etc. Não sabia por onde começar e para sair a noite as opções eram infindáveis, mas tive dificuldade para achar nas recomendações de guias e blogs algo que tivesse a ver com o que eu queria encontrar: uma casa que tocasse bons sons ao vivo de soul e R&B. Então deixei pra descobrir algum lugar por lá mesmo e rolou:

Balada de soul e R&B

Depois do Stomp, conheci um dos músicos do show, o Marivaldo, que é baiano. Fui com ele, sua esposa e dois amigos no Arlene’s Grocery – depois de muito ralar para descobrir o nome da balada, porque cada um tinha entendido uma coisa diferente (eu tinha anotado Alen Grossery, até que tava perto rs).

O lugar fica no Lower East Side e não sei dizer como é a programação nos outros dias, sei que no dia que fomos acertamos em cheio: a banda The Lesson estava fazendo um som incrível.

Eles têm um vocalista com voz aguda, naipe Philip Bailey, do Eart Wind & Fire, um MC que mandava uns raps no meio, percussão, sopro, sons eletrônicos, uma loucura. Era tudo o que eu queria – e muito mais. No intervalo do shows ainda rolou uma galera dançando break no meio da pista, sensacional! Veja no vídeo uma apresentação da banda:

Balada funk + Karaoke 

Outro lugar recomendado pelo Marivaldo era o tal do Groove, em West Village. Me indicaram também o Cafe Wha e o Village Undergroud, mas de sábado esses outros tinham shows de stand up comedy e não era o que eu queria. Eles ficam todos na mesma rua, onde fica também o famoso Blue Note, de jazz, que na programação do mês também tinha Bebel Gilberto e Seu Jorge.

Caí lá até meio sem querer. Foi na volta da minha visita frustrada ao Brooklyn e foi mágico: eu escolhi aleatoriamente uma estação de metrô só para sair, pegar um wifi e descobrir onde eram essas baladas. Eis que assim que saio do metrô, me deparo logo com a primeira delas. Foda.

A banda que tocou nesse Groove era bem boa, só tocava covers incríveis de Amy Winehouse, Marvin Gaye, Stevie Wonder etc, mas confesso que não lembro o nome do grupo.

De lá, resolvi encerrar minha viagem em um karaoke: depois de tanta música, tanta gente mandando bem, fiquei com fissura de cantar e aproveitar o anonimato. Acabei só cantando uma música, fiquei sem graça. O pessoal mandava tão bem que me senti dentro do The Voice, só tinha profissa ali (se liga no vídeo que eu fiz de um dos caras aí embaixo)! Bom, valeu a tentativa rs