Nova York :: Top 10 melhores experiências

Há um ano eu chegava em Nova York para passar uma temporada de três meses. E entre tantos sonhos, planos e expectativas que levei comigo, ainda tive o privilégio de vivenciar inúmeras experiências que estavam fora do roteiro e sequer passavam pela minha cabeça. São essas surpresas as melhores coisas de uma viagem – e da vida né?

Para comemorar e matar um pouco a saudade, resolvi reunir aqui algumas das coisas mais especiais e inusitadas que vivi por lá. Afinal de contas, foi em busca de momentos como estes que me levaram a fazer essa viagem ❤

Show Hiatus Kaiyote + Erikah Badu em Coney Island

Numa dessas noites de insônia ainda em São Paulo, descobri por acaso que uma das minhas bandas preferidas, a Hiatus Kaiyote, ia fazer um show em Nova York logo no dia seguinte à minha chegada. Melhor ainda: com a cantora Erikah Badu, musa mór maravilhosa, e em Coney Island, um lugar fofo que eu já era louca para conhecer. Foi meu primeiro passeio e o clima gostoso de férias de verão ditou toda a vibe do início da viagem. Passei o dia na areia tomando sol, lendo e ouvindo música.

O show foi em um anfiteatro montado no calçadão e começou durante o pôr-do-sol. A banda tocou para uma plateia um pouco vazia, mas nem liguei, porque o público estava em êxtase (e eu também rs). E antes do show da Eryka Badu, que foi incrível, tiro-porrada-e-bomba, ainda conversei com o baterista da banda <3. Não poderia ter começado melhor! PS: ainda vi outro show da Hiatus em Montauk, em outro dia igualmente mágico, que já escrevi sobre aqui.

“Labirinto” + banda do Bowie no Prospect Park

Confesso aqui, com certa vergonha, que nunca tinha assistido ao filme “Labirinto”. Sabia dele, conhecia a história e tal, mas passou batido na minha infância. No fim das contas, corrigi essa falha de um jeito bem especial, que fez valer a pena a demora.

Fui a uma exibição do filme no Prospect Park, como parte da programação de verão, que contou com a abertura de um show de jazz com os músicos que tocaram no álbum Blackstar, o último gravado por David Bowie. Fizeram uma baita homenagem, com a plateia e os artistas emocionados lembrando do cantor.

Assistir a esse filme, cheio de fantasia e criaturinhas bizarras, em um parque à noite, tomando cerveja, com uma plateia lotada de fãs interagindo e aplaudindo a cada aparição do Bowie… foi mesmo uma experiência única. Estava na companhia de uma amiga italiana, a Sara, que sabia até algumas falas de cor e estava emocionadíssima de ver o filme preferido da infância – cuja protagonista se chama Sarah também :-).

Madonnathon

Há mais de 10 anos, um grupo de fãs da Madonna promove uma festa temática no mês de agosto em NY em comemoração ao aniversário da cantora. Fiquei sabendo dessa festa pela revista Time Out e fui com uma amiga francesa do curso de inglês, que para a minha surpresa, deixou a timidez em casa e se jogou na pista comigo \o/.

Logo na entrada da casa (no Brookyn Bowl, um boliche-balada), havia um grupo de meninas maquiando o pessoal que quisesse se caracterizar como Madonna. Ok, elas só passavam um batom vermelho e faziam uma pinta com lápis entre o nariz e a boca rs, nada em comparação à produção dos mais empolgados – muitos usando vestido de noiva (em referência a Like a Virgin) ou corpetes com cones nos seios, como o visual da turnê Blonde Ambition – mas já promovia uma interação legal entre os fãs.

O melhor da festa era o que rolava no palco principal. Uma banda com três backing vocals maravilhosos tocaram os sucessos da musa, com arranjos diferentes para as músicas, mais puxados pro rock. A cada canção entrava em cena um cantor diferente, um melhor que o outro, todos com um estilo bem próprio. Nos intervalos, o palco era tomado por um concurso de drag queens caracterizadas de Madonna.

Já fui em alguns shows dela e devo dizer que a vibe dessa festa não ficou muito atrás. Não havia uma super produção e nem a presença da Madonna, claro, mas falo isso muito mais pelo o que a festa representou. Foi uma noite catártica, dançando as músicas dela junto com pessoas que nunca vi na vida, mas que estavam todas na mesma sintonia.  Sem contar o nível musical excelente do grupo, cantores fantásticos e o clima de nostalgia e celebração total <3.

Topless Day

Topless é permitido em Nova York, mas ainda não é muito bem aceito pela sociedade. Por isso, todo ano ativistas fazem uma passeata pró-topless e aproveitam para disseminarem a liberdade de expressão e condenarem o preconceito e o machismo. Fui acompanhar e fiquei surpresa ao me deparar com uma quantidade muito maior de homens do que de mulheres no ato.

A abordagem deles foi extremamente invasiva, tentando tirar fotos e se aproximando das mulheres que estavam com os seios à mostra. Conversei e entrevistei algumas delas, que disseram que esse tipo de atitude só mostra o quanto um protesto como este ainda se faz necessário. Escrevi uma matéria para a Revista Azmina sobre isso depois e fiquei bem feliz de ter conhecido mulheres e ativistas tão inspiradoras 🙂

Hip Hop Tour

Uma das coisas que me motivaram a ir para Nova York foi a cena cultural. É uma cidade que teve um papel fundamental no surgimento e consolidação de diversos movimentos artísticos e gêneros musicais – um deles, claro, o hip hop. Tive a chance de fazer um tour pelo Harlem e pelo Bronx (que rendeu também uma matéria no UOL) visitando pontos marcantes para o movimento, e ainda na mesma época do lançamento da série “Get Down“, do Netflix, que conta justamente essa história do final dos anos 70.

Se por um lado era um tour convencional, por ter um guia, turistas e uma van, foi também um dos mais originais e divertidos que já fiz. O nosso guia foi o rapper Reggie Rag, que teve o auge da carreira no início dos anos 80. Ao longo do passeio, entre rimas, risadas e gritos “hey” e “yo”, ele foi contando histórias curiosas sobre o nascimento do hip hop, enquanto mostrava pela janela, ou em algumas paradas que fizemos, lugares que foram cenário de batalhas de rimas, de DJs, grafites, points para grupos de break e outros – até o Yankee Stadium estava no roteiro.

Trivias de séries

Toda semana eu via no guia da Time Out algum evento de trivia de alguma série e nunca entendia muito bem o que era ou como funcionava. Até que um dia vi um de “Sex And The City” que dizia: os vencedores do jogo ganham drinks cosmopolitan. Ok, isso já me convenceu a ir lá participar e ver o que era rs.

O que mais tem em Nova York – talvez nos EUA todo – são fãs de alguma coisa se reunindo para reverenciar e curtir juntos aquilo que amam. No caso das séries, essas trivias são reuniões em bares em que os participantes formam um time (geralmente com 4 pessoas) para responder perguntas sobre o programa. E o pessoal capricha, joga cenas no telão, faz perguntas sobre figurino, detalhes sobre participações especiais, histórico de personagens… E quem ganha leva um drink ou cerveja de graça – pelo menos nos que fui.

Sim, fui em dois, o de “Sex And The City” e outro de “Gilmore Girls”. O primeiro foi mais divertido porque o pessoal estava mais eufórico rs. Montei o time com duas mulheres que sabiam MUITO da série – elas lembravam de falas específicas de não uma ou outra, mas de VÁRIAS cenas -, e conforme o jogo avançava, o pessoal ia ficando mais e mais competitivo. É curioso, é bizarro, mas vale muito ir em uma desses eventos pra conhecer gente e dar risada.

Photoville

Uma das coisas que eu mais queria fazer em Nova York era um curso de fotografia – o que foi inviável, infelizmente. Todos eram muito caros e mesmo os mais em conta, tipo workshops, iam me custar o valor de uma semana de hospedagem + alimentação. Mas aproveitei para praticar do mesmo jeito, fazendo muitas fotos, indo a exposições e ainda tive a sorte de poder acompanhar um mega evento de fotografia, o Photoville, que para mim valeu como um curso.

Durante 4 dias, uma área do Brooklyn Bridge Park foi tomada por contêineres, onde em cada um deles rolava alguma exposição ou workshop de fotografia. Tinham espaços da National Geographic, Leica, Magnum, Getty Images e tantas outras organizações e marcas relacionadas a fotografia. O melhor é que o acesso a feira era gratuito e  em um espaço inspirador por si só.

Além de conhecer muitos trabalhos legais, o que mais gostei foram as atividades interativas. O estande da Leica, por exemplo, emprestava uma câmera da marca para os visitantes por 90 minutos. Era mais proveitoso se você estivesse com seu cartão de memória, assim dava para salvar as fotos feitas com a câmera deles (foi o que fiz :-)).

Outro legal era da Fujifilm, com o projeto “Highlighting Humanity“: eles emprestavam uma câmera instantânea da marca que fazia fotos estilo polaroid para você fazer 5 cliques pela feira sobre o tema “humanidade”. Depois, você escolhia uma para deixar com eles e integrar a exposição e levava as outras 4 fotos com você. 🙂

Manhattan Neighborhood Network

Não rolou curso de fotografia, mas rolou de vídeo :-). Por indicação da amiga Rogéria, do site Vem Pra NY, me inscrevi para um curso de produção de vídeo na Manhattan Neighborhood Network, uma rede de televisão a cabo pública de Nova York. Eles dão aulas gratuitas para residentes de Manhattan, com acesso às ilhas de edição e estúdios, fornecem câmeras e equipamentos para gravar externas e levam também alguns profissionais da área para dar palestras.

Fiz dois workshops, sobre YouTube e Narrativas Visuais, e um curso de produção de vídeo para IPad. Escolhi esse por achar mais útil para mim, para ter uma noção melhor de todo o processo e poder aplicar o que aprendi utilizando qualquer equipamento, já que não pretendo me especializar nem trabalhar em estúdio.

Além do aprendizado, a parte mais legal foram as pessoas que conheci lá. Achei bem interessante que eu era a única estrangeira (todos eram novaiorquinos) e também a mais nova (a maioria tinha mais de 50 anos). Minha turma era composta por mulheres que não tinham tido o menor contato com a área de comunicação antes (eram donas de casa, comerciantes, professoras, entre outras).

Foi incrível conhecer essas mulheres que sonhavam em montar seu próprio filme ou canal no YouTube. Havia uma astróloga ansiosa para gravar suas previsões em vídeo, outra senhora queria fazer um documentário sobre a comunidade latina de NY e a Minnie (na foto), uma verdadeira colecionadora de artigos de moda. Estilosa, cada dia ia com óculos escuros de cor diferente (tem mais de 300), sempre combinando com suas roupas, colares e pulseiras. Ela queria contar histórias de pessoas diferentes, que tivessem um visual próprio – ou qualquer outra coisa que a fizesse brilhar os olhos. Foi minha dupla e acabou se tornando uma amiga <3.

Palestra com a Sarah Jessica Parker

O jornal The New York Times promove uma série de eventos chamada Times Talks, que são entrevistas feitas com personalidades abertas ao público (com entrada paga), mas que dão a oportunidade de acompanhar o bate-papo e até fazer uma pergunta. Quem me deu a dica foi minha amiga Karina, que participou de um Times Talks com o ator Daniel Radcliffe, dos filmes do Harry Potter. Comprei ingresso para ver a entrevista com a atriz Sarah Jessica Parker – a intérprete de Carrie Bradshaw, de “Sex And The City”, estava lançando a série “Divorce”.

O bate-papo rolou em um dos auditórios da NYU e foi demais ter acompanhado. Como era de se esperar, falou-se muito de “Sex And The City”, além da série nova, literatura (ela tinha acabado de lançar uma linha editorial, a SPJ for Hogarth) e política (já que estávamos em um momento pré-eleições). Uma pena que não consegui fazer minha pergunta, não deu tempo de chegar a minha vez. Minha frustração ficou ainda maior com o tipo de perguntas que fizeram (“como você celebra o Natal na sua casa” foi uma delas…). No vídeo acima, dá para ver uma versão editada da entrevista 😉

NYC Village Halloween Parade

Uma das minhas prioridades nesta temporada em Nova York era estar lá durante o Halloween. Já tinha passado a data em Londres e foi demais andar nas ruas e ver todo mundo fantasiado, de crianças a idoso. Na 1ª vez em NYC (outubro de 2014), deu para sentir o clima e ver as casas decoradas. Nesta temporada de 2016, além de apreciar a decoração da cidade, curti uma das principais festas, a Village Halloween Parade.

É basicamente um desfile com as pessoas fantasiadas pelas ruas do bairro acompanhadas de carros de som. Você pode ir só para assistir – o que não recomendo, porque as pessoas ficam espremidas nas calçadas e mal dá para ver direito o que rola – ou desfilar mesmo, só que aí você obrigatoriamente precisa estar vestido a caráter.

Meio no improviso, acabei indo bem básica, com uma peruca laranja, boina e uma blusa de caveira – meu traje era de Judy, irmã do Doug Funnie versão Halloween rs. É uma dessas situações em que você se sente um pouco mal de não ter sido mais extravagante, já que a maioria capricha MUITO no visual, um mais criativo que o outro.

Confesso que no início achei o desfile um pouco chato. Parecia bloquinho de carnaval, com a diferença que estava frio, não podia beber cerveja (porque não pode beber nas ruas em Nova York) e ainda por cima não tinha música. Mas conforme os carros de som e as atrações foram surgindo, eu e minhas amigas começamos a animar e no fim das contas nos divertimos muito.

Teve carro de som com músicas pop, rock, rap e uns grupos de dança folclórica de vários lugares do mundo – até do Brasil, com uma escola de samba pocket – aí sim virou um pouco carnaval. Das mais legais, um grupo de música irlandesa e outro grupo de dança e banda marcial do Harlem, com umas danças meio afro, meio hip hop, era incrível. No fim, andamos pra caramba e terminamos a noite – a minha última na cidade – bebendo cerveja num pub. Valeu muito, foi um belo encerramento 🙂

Menções honrosas:

Além dessas experiências, tiveram outras também muito marcantes, mas que ou já foram citadas em outros posts – como a ida para Montauk, o passeio de caiaque no Hudson River e a apresentação da Patti Smith – ou devem entrar nos próximos. Ou talvez fiquem mesmo só na memória e nas fotos. Entre elas, estão o karaokê com banda (até cantei “Son of a Preacher Man”), show da Alicia Keys no programa Today Show, patinar no gelo no Bryant Park e os cultos nas igrejas do Harlem.

As idas a museus, peças e musicais também foram incríveis, bem como alguns passeios meio aleatórios pelas ruas, que por mais comuns que fossem, sempre traziam alguma descoberta ou uma sensação nova. Enfim, escrever tudo isso é bom para deixar registrado e matar um pouco a saudade de lá ❤

Nova York :: Café da manhã & Brunch

Old Country Coffee, meu café preferido de NY – Foto: Haeri S./Yelp

Café da manhã é amor sincero, amor verdadeiro <3. Minha refeição favorita merece um post especial por aqui, dedicado só aos lugares onde comi nas manhãs de Nova York. Apesar de quase todos os dias ter tomado café da manhã na residência onde eu morava – o saudoso Webster Apartments -, obviamente dei um pulo em alguns cafés e restaurantes da cidade para saborear outros quitutes.

Sei que logo me acostumei ao aguado café americano, sempre servido fervendo em baldes (o tamanho dos copos são enormes para os nossos padrões tão habituados a xícaras pequenininhas). Quando voltei, até achei os nossos expressos fortíssimos. Geleia foi outro item que incorporei ao cardápio depois da viagem. Nunca fui chegada a comer doce pelas manhãs, mas como a oferta por lá é grande, a cada dia ia pegando um pouquinho e quando vi, já não conseguia ficar sem 🙂

Brunch é outro costume típico dos novaiorquinos, programa clássico aos domingos. Que delícia que era passar a tarde jogando conversa fora e me esbaldando com bagels, panquecas, ovos, café e mimosas (suco de laranja com espumante). Além dos momentos de calmaria, na correria também descobri alguns bons lugares para tomar café, quando tava atrasada para algum compromisso, mas precisava dar uma paradinha para comprar um americano e tomar aquela injeção de ânimo ou esquentar o corpo.

Minha relação com os cafés ficou ainda mais forte quando comecei a passar tardes e mais tardes em algumas cafeterias, seguindo o exemplo da musa Patti Smith. Em seu livro “Linha M”, que li durante minha estada em NY, os cafés são cenários de alguns belos momentos de reflexão e descritos com bastante poesia. Em dias frios ou quando meu espírito não estava dos mais animados, elegia um cantinho desses como refúgio e esse ritual foi uma das coisas que mais marcou minha viagem 🙂

Bom, vamos ao que interessa: aí vai a lista dos lugares que mais curti tomar café da manhã (ou da tarde) em Nova York ❤

Old Country Coffee

Não poderia começar com outro lugar, já que foi aqui onde passei boa parte das minhas tardes atualizando o blog, fazendo os frelas, organizando fotos e até vendo Gilmore Girls. Conheci o espaço já no terceiro dia em que estava em Nova York. Queria passar a tarde de boa em algum café e me encantei por este, na própria 34th street, a um quarteirão de onde eu morava.

A decoração rústica, com móveis de madeira e poltronas de couro, e a trilha sonora de jazz e soul já me ganharam de cara. Ali virou meu ponto de parada preferido, levei amigos, fiz amigos e experimentei um pouco de tudo: café, capuccino, chá, suco de laranja, bagel com cream cheese, cheesecake, muffin de blueberry, tortas e bolos.

O preço é um pouco salgado, mas recomendo o cardápio inteiro de olhos fechados. No entanto, é o ambiente que faz o lugar ser especial e aconchegante, tanto em dias tranquilos quanto movimentados.

Mais: https://www.yelp.com/biz/old-country-coffee-new-york

Riviera Cafe & Sports Bar

Taí um dos meus lugares preferidos da cidade. Já tinha ido lá à noite e gostado do clima, com área ao ar livre para os dias quentes, outra parte fechada para os dias frios, e um subsolo fervido com uma galera acompanhando jogos de beisebol ou futebol americano na TV. Mas foi graças a amiga Rogéria, PhD em Nova York e autora do blog Vem Pra NY, que descobri sua melhor versão: point para brunch aos domingos.

Por um preço fechado (US$ 18), você tem direito a qualquer prato do cardápio de brunch e bebidas à vontade. Sim, isso mesmo, incluindo café e mimosa. O clássico Eggs Benedict é delicioso e esse esqueminha é perfeito para curtir as tardes de domingo.
Mais: www.rivieracafeny.com

Baz Bagel

Falando em brunch, outro cantinho delicioso que descobri com outra amiga, a Parrichat, foi o Baz Bagel, que como o próprio nome diz, é o lugar para quem é fã de bagel, especialidade da casa. Lá tem muita variedade de pães, de recheios e acompanhamentos. Eu pedi bagel feito com canela (!) recheado de cream cheese misturado com blueberry (foto). Apenas maravilhoso <3. O ambiente é todo fofinho, com decoração clean e delicada, amei!
Mais: https://www.bazbagel.com

Red Eye Coffee

Uma portinha vermelha com um cartaz de lousa na porta me chamou a atenção num dia em que estava atrasada e precisava de um café para acordar. A minúscula cafeteria na 9th Avenue em frente a loja B&H me ganhou pela qualidade do café e do atendimento. Voltei e me apaixonei de vez, porque comi o melhor cookie da minha vida. O biscoito é macio na medida, com gotas de chocolate cremosas e generosas (não é um pingo, é praticamente um recheio de tanto que vem. Maravilhoso ❤
Mais: https://www.yelp.com/biz/red-eye-coffee-new-york

Southern Hospitallity BBQ

Com fome e com pressa, eu e minha amiga Mari acabamos entrando neste restaurante para almoçar rapidinho, pois iríamos ver em instantes o musical The Color Purple. Sem reserva e em pleno pico do horário de almoço, os minutos de espera para conseguir uma mesa pareciam uma eternidade, mas meu humor mudou no momento em que o um grupo de bluegrass, composto por músicos que pareciam saídos direto de Nashville, começou a tocar ao vivo. Aí caí nas graças do restaurante ❤

Além da música, a decoração da casa também contribui para essa atmosfera mais country, com mesas, bancos e piso de madeira, luz baixa, parede de tijolos aparentes e janelas envidraçadas com vista para a rua. O negócio ficou bom mesmo quando chegaram nossos pratos. Comi Eggs Benedict (sim, de novo, sempre rs) e tava sensacional, mais apimentado do que em outros lugares – o que eu adorei – e uma carne macia e suculenta (afinal, churrasco é a especialidade da casa). Pena que conheci só no final da viagem, repetiria com certeza em um dia com mais tempo para curtir o som- que rola sempre aos domingos durante o brunch 😉
Mais: http://www.southernhospitalitybbq.com/

Café Henri

Em Long Island City, no Queens, fui encontrar uma amiga, a Cris, nos arredores da estação de metrô Vernon Boulevard – Jackson Avenue. Caminhamos pela Vernon Boulevard, onde há diversos restaurantes e barzinhos legais, e encontramos este bistrô francês super charmoso. O café estava mesmo uma delícia, mas o ponto alto para mim foi a sobremesa: crème brûlée com morango e hortelã. Além de tudo era bem servido. Depois descobrimos que o café é do chef Cosme Aguillar, da Casa Enrique, restaurante que já conquistou uma estrela Michellin.
Mais: https://henrinyc.com/cafe-henri/

***

E aí, faltou algum café ou restaurante nesta lista? Deixe sua dica nos comentários! 🙂

Para ler mais sobre os passeios que fiz em Nova York, clique aqui!

Fotos: Débora Costa e Silva – exceto a primeira e segunda foto do Old Country Coffee (Haeri S/Yelp), a do Red Eye Coffee (Peter C/Yelp) e a primeira foto do Southern Hospitallity BBQ (divulgação).

Nova York :: Intercâmbio aos 30

Área destinada aos alunos com mais de 30 anos da EC English School, em Nova York. Foto: Débora Costa e Silva

Área destinada aos alunos com mais de 30 anos da EC English School, em Nova York. Foto: Débora Costa e Silva

Uma das melhores coisas que fiz nesta temporada em Nova York foi ter estudado inglês, mas confesso que isso não estava nos meus planos no início. Na verdade, intercâmbio era uma das últimas coisas que constavam na minha lista. Ouvi muita gente dizer que não valia a pena, que meu inglês já era bom, que esses cursos não acrescentam muito, etc etc etc. Eu queria fazer outras coisas, como estudar fotografia, fazer um curso de especialização, escrever matérias… mas estudar inglês? De novo? Com adolescentes? Ah não, isso não me atraía em nada.

Mas conforme as outras possibilidades foram se revelando quase impossíveis – por serem absurdamente caras, demoradas ou incertas – o item intercâmbio foi subindo pro topo da lista. Bom, não custava nada dar uma pesquisada né? Até porque, eu disse que estudaria “de novo” inglês, mas a verdade é que estudei durante toda a adolescência e depois fiz só um curso ou outro de conversação. A experiência de morar em um país de língua inglesa eu nunca tinha tido. Me virava bem nas viagens, mas nunca me senti lá muito segura pra falar de boca cheia que sou fluente rs. Talvez tivesse chegado a hora de mudar isso.

O fato é que eu tinha uma ideia toda errada de intercâmbio. Achava que era uma coisa que deveria ter feito na adolescência ou no máximo no fim da faculdade, porque depois já ficamos mais velhos, não absorvemos tanto o conteúdo e não aproveitamos tanto as experiências, que devem ser mais emocionantes para jovens. E pior: estaria numa sala cheia de adolescentes com quem não teria a menor afinidade.

Agência de intercâmbio

Material da EC English e a carteirinha de estudante da escola. Foto: Débora Costa e Silva

Material da EC English e a carteirinha de estudante da escola. Foto: Débora Costa e Silva

Bom, ainda bem que eu estava enganada. Por indicação de uma amiga que tinha feito intercâmbio depois dos 30 anos, fui conhecer a agência Experimento para saber quais programas eles ofereciam. Cheguei lá achando que era só dar uma olhada nos preços dos cursos e seria simples assim. Mas conforme conversava com a agente é que vi que a única coisa certa era o destino (Nova York). De resto, eu tava mais perdida que cego em tiroteio rs. Não sabia a duração da viagem, o tipo de moradia que eu queria, nada!

Nessa hora já percebi a importância de fechar o curso com uma agência, ao invés de ir atrás das informações sozinha. É claro que por conta você pode até economizar e de repente se sentir mais independente, mas se você ainda não sabe muito bem o que vai fazer, quer ter ideias e tirar dúvidas, ajuda muito ter o aconselhamento e o respaldo de uma agência.

Saí de lá com lição de casa: me deram um catálogo enorme com mais detalhes de cada escola para avaliar e decidir quais tinham mais a ver com o que eu queria. Lendo o material, várias dúvidas já foram respondidas, como por exemplo quais nacionalidades são mais frequentes em cada escola, horários, localização, atividades extracurriculares e por aí vai. A que mais me interessou nesse primeiro momento foi a Rennert, que além de inglês, oferecia aulas de artes, música e fotografia.

Pesquisa dali, cota de lá, tive que optar por uma que fosse mais barata, e aí cheguei na EC English, que infelizmente não tinha cursos extracurriculares, mas tinha algo ainda melhor: turmas para alunos acima de 30 anos! Pronto, era esse o empurrão que faltava. O lance da idade, que era até então meu maior receio, já estava resolvido.

Checklist: visto e burocracias

Em uma viagem mais longa, é tanta coisa para pensar que a gente às vezes se perde. A Experimento me ajudou com toda a parte da organização da viagem, mas só para reforçar por aqui, o que precisei providenciar antes de ir pro aeroporto foi:

  • Passagens aéreas
  • Passaporte e visto
  • Hospedagem
  • Curso de inglês
  • Seguro Viagem

Uma preocupação que eu tinha era se eu precisaria de visto de estudante, mas não, eu poderia fazer o curso e entrar no país só com o visto de turista, contanto que estudasse no máximo 18 horas por semana. Se passasse disso, aí sim seria necessário ter o visto de estudante, mas também teria um mínimo de horas de estudo a cumprir – o que no meu caso não era o objetivo, além de que tudo ficaria ainda mais caro.

O orçamento final incluía o valor do curso, uma taxa de matrícula e uma taxa da agência. Fechei com eles também um seguro viagem da Assist Card, que eu acabei tendo que usar por lá e super recomendo. O resto organizei por conta, mas se for necessário, as agências de intercâmbio também providenciam para os clientes.

A escola e o curso

Um dos espaços de convivência da EC English em Nova York. Foto: Reprodução do site EC English

Um dos espaços de convivência da EC English em Nova York. Foto: Reprodução do site EC English

As escolas de idiomas para intercambistas geralmente aceitam alunos novos toda semana, justamente para ter essa flexibilidade de receber gente do mundo todo a qualquer momento. Na EC English, as aulas eram realizadas todos os dias úteis, em horários intercalados (ex: seg., qua. e sex. de manhã e ter. e qui. à tarde). O período letivo começa sempre às segundas-feiras, quando os alunos novos fazem um teste oral e descobrem em qual nível estão (um teste de writting e listening já deve ser feito pela internet previamente).

O foco das aulas é a conversação e não tem muito como fugir, os professores te fazem falar mesmo – o que é ótimo. E aí é que o lance dos 30 anos fez toda a diferença, porque as conversas eram muito mais interessantes do que eu poderia imaginar. Havia mais afinidade entre os alunos, mesmo cada um com uma cultura diferente. Os temas em classe ajudavam: falamos sobre política, religião, machismo, refugiados, consumismo e até moda dos anos 80.

Era muito bacana trocar essas ideias com gente do mundo todo, embarcar em papos filosóficos e conhecer pontos de vistas e referências diferentes – ou mesmo encontrar semelhanças curiosas. Descobri mil coisas em comum com uma menina da Tailândia, desde brincadeiras da infância com tamagotchi até visões políticas. E se por um lado fazer um curso fora no mês de agosto é arriscado, pelos preços de alta temporada, por outro tive a chance de conhecer bastante europeus, de países e idiomas diferentes, já que este período é férias por lá. Essa variedade cultural foi realmente o fator que mais enriqueceu a experiência.

A escola também oferecia aulas extras de gramática e promovia atividades com os alunos, como festinhas, idas a musicais da Broadway ou a jogos de beisebol. Mas no fim, o que mais aproveitei mesmo foram as aulas tradicionais e até senti falta depois que acabou, porque conheci muita gente legal e senti que dei uma boa evoluída no inglês. Relembrei algumas regras, entendi melhor outras e aprendi muita coisa nova também. Por ser todo dia, o mergulho no idioma é intenso e quando a experiência é bacana, com pessoas e professores legais, acho que os conceitos se fixam melhor na nossa cabeça.

Para quem já tem vontade ou sente a necessidade de fazer intercâmbio, eu super recomendo! Claro que para cada um a experiência é diferente – no meu caso foi ótima, mas sei que nem sempre é assim. Acho que tem que pesquisar bastante para se sentir seguro e se jogar mesmo, perder a vergonha e falar com o máximo de pessoas possível, participar das aulas, marcar programas fora da escola para intensificar a vivência e dar uma turbinada no aprendizado. Na pior das hipóteses, se não for tãaao incrível, pelo menos terá histórias para contar e experiência para as próximas 😉

***

Caso queiram saber mais, tenham dúvidas ou histórias de intercâmbio para compartilhar, deixe aí seus pitacos nos comentários 🙂

Nova York :: Fim da temporada – ou sobre jet lag emocional

Vista de Manhattan a partir de Long Island City, no Queens. Foto: Débora Costa e Silva

Vista de Manhattan a partir de Long Island City, no Queens. Foto: Débora Costa e Silva

Os três meses em Nova York chegaram ao fim e eu ainda não consegui digerir tudo. A começar pela percepção do tempo: tem hora que parece ter durado uma semana, em outros momentos parece ter sido um ano. Isso porque quando cheguei em São Paulo, mesmo com algumas coisas diferentes em casa, senti como se nada tivesse mudado. Foi como ter dado um pause e soltado o play novamente, mas aos poucos estou percebendo que perdi alguns episódios daqui enquanto vivi outros lá.

Costumo dizer que, quando viajamos, demora uns dias para se desligar de São Paulo e abstrair toda a loucura, o stress e seu ritmo acelerado. Mas para voltar e ser engolido pela cidade o processo é bem rápido. Só que neste caso fui para um lugar ainda mais caótico e intenso e fiquei bem mais tempo do que estou acostumada. Então tanto na ida quanto na volta me senti absorvida pelas duas ao mesmo tempo.

Acho que é uma espécie de jet lag emocional, quando não só nosso corpo sente o baque da mudança de horário e local, mas nossa cabeça também fica confusa. Facilita não ter uma diferença grande de fuso horário (eram só 2 horas a menos), mas ainda assim não me sinto nem lá nem cá. Estou meio perdida num limbo de tempo e espaço tentando entender o que vivi e como será daqui pra frente após essa experiência.

Balanço prévio

Central Park começam a ficar colorido no outono. Foto: Débora Costa e Silva

Central Park começam a ficar colorido no outono. Foto: Débora Costa e Silva

É bem difícil sintetizar tudo o que conheci e aprendi nessa temporada em Nova York, mas acho que o ponto principal é que voltei em paz e satisfeita com tudo, inclusive com as coisas que não saíram do jeito que eu queria ou imaginava. Aprendi a aceitar os imprevistos e limitações sem mágoas rs, afinal o saldo final continua sendo positivo por um simples motivo: eu fui. Já é uma conquista e tanto ter enfrentado alguns receios – desde financeiros até emocionais – para realizar um sonho. O resto é lucro 😛

Curti muito as coisas que planejei, como o curso de inglês que fiz no mês de agosto (em breve farei um post só sobre isso) e a viagem a Montreal, no Canadá, em outubro, mas foi uma delícia também ser surpreendida por amigos improváveis, festas inimagináveis, cursos e festivais que encontrei por acaso, encontros com pessoas queridas que passaram por lá, lugares e atrações que nem cogitava ir, descobertas gastronômicas e até ter feito um job de cat sitter para uma amiga :-).

Outro fator que fez toda a diferença foi ter viajado sozinha. É importantíssimo pra se conhecer e descobrir o seu jeito de curtir as coisas, respeitar seu próprio ritmo e o básico “apreciar a própria companhia”. É maravilhoso e libertador, mas se isolar demais também pode ser prejudicial, pois tem sempre uma hora que as reflexões dão espaço pra pensamentos deprês. Durante a viagem, variei muito nesses dois extremos e acho que aos poucos fui encontrando um equilíbrio legal entre os dois.

Por fim, compreendi que Nova York é praticamente infinita e é impossível devorá-la por completo, mesmo ficando um mês, três meses e até anos, como percebi conversando com gente que está lá há mais tempo. Conforme o tempo vai passando, a lista de lugares para visitar só aumenta porque sempre tem algum evento novo, um restaurante que inaugurou, uma festa que só acontece em determinado mês.

Parei de me censurar por repetir lugares, como a Brooklyn Bridge, que tanto adoro. Foto: Débora Costa e Silva

Parei de me censurar por repetir lugares, como a Brooklyn Bridge, que tanto adoro. Foto: Débora Costa e Silva

Além disso, tem as experiências que não entram na categoria “atração”, tipo caminhar pela ilha de Manhattan de ponta a ponta, entrar em alguma rua que você cruzou por acaso para dar uma olhada em livrarias e lojas, andar de bicicleta no Hudson River Park, conhecer as igrejas do Harlem com os locais, pingar de balada em balada no East Village ou mesmo passar uma tarde lendo e ouvindo música em algum café.

No começo eu estava um pouco aflita para dar conta de tudo e me sentia culpada por passar uma tarde meio à toa. “Perdi um dia”, eu pensava. Minha amiga Mirella me visitou bem nessa época e cantou a bola: “fazer nada” também faz parte do pacote de quem mora em NY. É diferente de ir como turista, é vivenciar a cidade de outro jeito. Mais um item pra lista de aprendizados sobre equilíbrio – até porque tinham dias que não parava quieta, então nada mais natural do que ter um dia seguinte de folga 😉

O resto é só com o tempo que vou assimilar. A cidade continua sendo meu cantinho preferido no mundo porque me permite conhecer tantos outros mundos de uma só vez. É barulhenta e caótica, mas tem espaço pra parques e bairros que são quase vilarejos. O clima é louco e extremo, não tem meia estação (pelo menos pra quem vem do Brasil, o frio do outono é o nosso inverno). Tem gente apressada, mas que não nega ajuda quando tem alguém perdido – afinal, quase todos ali um dia já foram recém-chegados de algum lugar.

Em breve farei mais posts sobre outros detalhes da temporada em NYC, agora já com a cabeça no Brasil e com calma para caprichar ainda mais. Se tiverem dicas, dúvidas e sugestões mandem também que serão muito bem-vindas 🙂

Nova York :: Halloween

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Varanda de uma casa em Long Island City, no Queens. Família toda esperando para festejar o Halloween. Fotos do post: Débora Costa e Silva

Não bastasse o clima ameno e a beleza do outono com suas folhas alaranjadas, visitar Nova York durante o mês de outubro também vale super a pena por causa do Halloween, celebrado no dia 31. É uma oportunidade única de observar casas, vitrines, bares e até parques decorados com abóboras, fantasmas, bruxas, teias de aranha, monstros e tudo mais que remete ao universo do terror.

Logo no início do mês muitos estabelecimentos já colocam as abóboras em sua decoração, mas é na semana anterior ao dia 31 que a cidade realmente se transforma. Fantasias e acessórios são vendidos até nas farmácias, os restaurantes preparam receitas e drinks com abóbora, cafeterias fazem o Pumpking Late e, claro, a programação de festas temáticas é imensa. A mais tradicional ainda é a Village Halloween Parade, em que milhares de pessoas caminham pela 6ª avenida fantasiadas.

A data é super especial pra mim porque sempre festejei o “Dia das Bruxas” com as amigas, com direito a fantasia, decoração caprichada e até “trick or treat”. Por aqui já estou curtindo desde sexta-feira (28) – até passei um pouco de vergonha porque saí de peruca achando que todo mundo ia estar no clima, só que não rs, demorei até encontrar um pessoal caracterizado. No sábado é que as ruas ficaram cheias de gente fantasiada de tudo quanto era personagem – uma das cenas mais engraçadas foi quando vi dois caras vestidos de dinossauros andando de bicicleta (!).

Pra entrar no clima, cliquei as decorações mais legais (algumas fofas, outras assustadoras) que encontrei aqui em Nova York:

Em Long Island City, no Queens, os moradores capricharam ❤

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Nas vitrines de lojas, bares e restaurantes…

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Não precisa de caveira, só as abóboras já ditam o clima

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Mas é claro que tem gente que vai além e arrasa 😉

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Aqui na residência onde eu moro, o pessoal também foi bem criativo:

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Na Jackson Square, perto da estação 14th Street, o clima tá bem macabro:

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Nova York :: Hudson River Park

Sabe aqueles encontros por acaso que te tiram do prumo? Em que a pessoa vai te ganhando aos poucos e quando você se dá conta, já está totalmente encantada? Pois então, foi o que aconteceu comigo quando conheci o Hudson River Park.  Nem era um lugar que eu vislumbrava visitar, mas depois de “trombar” algumas vezes acabou se tornando um dos mais especiais dessa minha temporada em Nova York.

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Vista de New Jersey a partir do Hudson River Park. Fotos do post: Débora Costa e Silva

O Hudson River Park é o maior parque a beira-mar dos Estados Unidos, às margens do rio Hudson, como o próprio nome já diz. Possui mais de 4 milhas de extensão que vão da altura da rua 57th até o sul da ilha da Manhattan. O projeto de paisagismo e urbanismo na região transformou píeres decadentes e estacionamentos em jardins, quadras, praças, ciclovias e pistas para corrida.

A primeira vez que visitei o parque foi após um passeio pelo High Line, na altura da rua 34th, onde há um extenso mirante com vista para o rio Hudson. Saí de lá e fui ver o pôr do sol na beira do rio. Nesse trecho há apenas um calçadão com pessoas correndo e andando de bicicleta, então sentei em um banco e fiquei ali contemplando o fim da tarde. Só de ter aquela vista e um cantinho na sombra já estava de bom tamanho – mal sabia eu que essa área fazia parte de um parque e que oferecia tantas outras coisas.

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Curtindo o pôr do sol, sem conhecer ainda as áreas mais bonitas do parque. Foto: Mirella Nascimento

Acabei de novo indo ao seu encontro meio sem querer no dia em que visitei o Memorial 9/11. Estava andando sem rumo até que vislumbrei uma área verde cheia de crianças brincando e um pessoal deitado na grama tomando sol.

Comecei a explorar o lugar e além de vários jardins e alguns cafés e restaurantes nos píeres, também encontrei parquinhos, quadras de tênis, basquete, vôlei, gente praticando todo tipo de esporte, muitos fazendo piquenique e outros tantos andando e curtindo a tarde assim como eu.

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Há diversas atividades oferecidas ao público por lá, principalmente no verão. Um exemplo é a prática de caiaque, em que o pessoal da Manhattan Community Boathouse oferece remos e coletes salva-vidas e ensina os movimentos básicos.

Mesmo sem ter a menor experiência com o esporte, eu experimentei e foi incrível! As águas do rio Hudson são calmas, ótimo para quem está remando pela primeira vez, além do visual ser fantástico durante o pôr do sol.

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Eu já estava fascinada pelo parque, mas me rendi de vez quando o percorri de bicicleta. É tudo plano e muito bem sinalizado, sem contar que o visual da cidade de um lado e o rio emoldurado pelas árvores de outro não tem pra ninguém.

Um dos dias mais especiais da minha estada em Nova York, inclusive, foi quando resolvi pedalar de noite por lá, no ímpeto de me reanimar em um dia meio deprê. Fui até o sul da ilha observando “as luzes da cidade acessas”, gente namorando, gente jogando bola nas quadras, outros muitos pedalando também, e enfim, não teve remédio melhor <3.

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Nova York :: Dicas para economizar

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Nova York e a arte de rua, até mesmo no chão. Foto: Débora Costa e Silva

A famosa frase “quem converte não se diverte”, proferida por 10 entre 10 turistas de férias no exterior, fazia mais sentido e tinha mais graça quando o real valia 2 por 1 em comparação com o dólar. Ultimamente eu invoco esse pensamento em raros momentos quando me convenço de que pequenos luxos valem a pena em uma viagem. Mas fora uma ou outra exceção, a minha regra número 1 aqui em Nova York é economizar ao máximo e buscar sempre as promoções e atrações gratuitas.

Vir para a cidade mais cara do mundo em plena crise econômica no Brasil é meio loucura – uma loucura boa, que faz valer cada centavo, eu juro – mas também não é preciso viver aqui no estilo Carrie Bradshaw, gastando fortunas em drinks e sapatos, né? É super possível economizar por aqui – inclusive o que não faltam são passeios e atrações gratuitas. Algumas dicas simples já podem mudar a sua estada em Nova York e te impedir de decretar falência, quer ver?

Time Out

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A revista Time Out Nova York é semanal e gratuita. Foto: Reprodução/Time Out

As coisas mais divertidas e inusitadas que fiz por aqui foram dicas da revista <3. A publicação é gratuita e semanal e traz um catálogo bem completo de atrações culturais, bares, festas, restaurantes, além de entrevistas, dicas LGBT e de paquera. Fique ligado na seção “To Go Free”, onde ficam os destaques de atividades gratuitas no período. Eu dou uma olhada geral com atenção porque muitas vezes têm indicações gratuitas dentro de outras seções ou mesmo atrações não muito caras.

A revista impressa sai todas as quartas-feiras e há diversos pontos de distribuição por Manhattan (veja aqui o mapa), mas caso você prefira a versão digital, o site deles é muito bom e oferece várias possibilidades de pesquisa e arquivo de matérias antigas. Para completar, recomendo também baixar o aplicativo da Time Out. Faço buscas selecionando “When” (Today) + “Price” (Free + $) para ver o que tá rolando quase todos os dias e isso ajuda muito a incrementar o roteiro. Já descobri festa temática da Madonna, filmes gratuitos nos parques, passeio de caiaque e a lista segue :-).

Walking Tour

Mural grafitado na E Houston Street, na esquina com a Bowery, em Manhattan. Foto: Débora Costa e Silva

Mural grafitado na E Houston Street, na esquina com a Bowery, em Manhattan. Foto: Débora Costa e Silva

Para quem não quer só andar a esmo e prefere conhecer a cidade com um guia, indo direto ao ponto, a melhor dica é participar dos walking tours. Na Europa eu já fiz alguns desses passeios e adorei! Funcionou bem para os primeiros dias, quando ainda estava me situando, além de que os guias sempre contam histórias bacanas e curiosas sobre as atrações. Aqui em Nova York tem a Free Tours By Foot, que oferece vários roteiros separados por temas e bairros, tanto em inglês quanto em espanhol.

A boa notícia? Você paga o quanto quiser pelo serviço. Faça a reserva pelo site com antecedência de no máximo um dia e,caso não consiga ir, avise-os o quanto antes (já levei bronca por não fazer isso rs). Afinal, não é porque é praticamente de graça que o esquema tem que virar bagunça, né? Inclusive, não seja deselegante e dê uma gorjeta bacana para o guia, o serviço é voluntário e fica chato não pagar nada-nada.

Dica extra: se você não curte fazer passeios guiados ou caminhar, vale entrar no site mesmo assim pois alguns tours são selfie-guided, ou seja, você pode ser seu próprio guia, é só seguir os passos indicados por eles. Os mais legais são os que passam por locações de séries e filmes, pra quem gosta vale a pena 🙂

Museus

Vista de um dos pátios do Whitney Museum, no Meatpacking District, em Manhattan. Foto: Débora Costa e Silva

Um dos pátios do Whitney Museum, no Meatpacking District, em Manhattan. Foto: Débora Costa e Silva

Não deixe de visitar museus porque você precisa economizar! Aqui em Nova York, quase todos os espaços oferecem entrada gratuita (no esquema “pague o quanto quiser”) em dias e horários específicos. Ficam mais lotados? É óbvio, mas ainda assim dá para aproveitar bastante. Veja abaixo a lista de dias e horários em que a entrada é livre nos seguintes museus:

Terça-feira:
9/11 Memorial Museum (5-8 pm)
Brooklyn Botanic Garden

Quinta-feira:
New Museum (7-9 pm)
International Center of Photography (6-9 pm)

Sexta-feira:
MoMA (4-8 pm)
Whitney Museum of American Art (7-9:30 pm)
Museum of the Moving Image (4-8 pm)

Sábado:
Guggeinheim Museum (17h45 – 19h45)

Domingo:
The Frick Collection (11h – 13h)

Nos museus abaixo, a entrada é livre (ou você paga o quanto quiser) todos os dias:

MET – Metropolitan Museum of Art
American Museum of Natural History
Brooklyn Museum

Aulas de inglês

Biblioteca Pública de Nova York, rodeada de jardins, oferece aulas de inglês gratuitas. Foto: Débora Costa e Silva

Biblioteca Pública de Nova York oferece aulas de inglês gratuitas. Foto: Débora Costa e Silva

Se você vai passar um tempo mais longo em Nova York e quer dar uma melhorada no seu inglês, recomendo testar as aulas gratuitas na Biblioteca Pública de Nova York. Há estudantes de diversos níveis e aulas todos os dias. Além de praticar o idioma, você pode conhecer outras pessoas e aproveitar para visitar o edifício, que é lindíssimo e já serviu de cenário para inúmeros filmes e séries. Caso fique longe, dê uma olhada qual a biblioteca pública mais próxima e veja se lá também tem.

Comer e Beber 

Baz Bagel é uma delícia e foi um dos achados daqui. Foto: Débora Costa e Silva

Baz Bagel é uma delícia e foi um dos achados daqui. Foto: Débora Costa e Silva

Ok, agora o negócio começa a complicar. Não é tão simples e fácil assim achar um cantinho legal para comer bem pagando pouco por aqui. Claro que há muitas opções e sempre têm aqueles lugares escondidos, uma portinha que te leva para o melhor restaurante de comida etiópia ou algo do tipo. Mas às vezes com tempo curto e no auge da fome fica difícil encontrar tais preciosidades.

Além de pesquisar antes, recomendo também utilizar apps que catalogam bares e restaurantes. Aqui nos EUA usam muito o Yelp, onde os estabelecimentos podem ser filtrados por preço, distância, avaliação dos usuários e você consegue ver se estão abertos no momento da pesquisa. É uma mão na roda! Para beber, a dica é aproveitar as promoções de happy hour dos bares daqui, pois muitos oferecem bebidas pela metade do preço nesse período, algo como “2 por 1”.

Parques e atrações

Hudson River Park, com vista para New Jersey, é um dos parques que são uma delícia de passear em NYC. Foto: Débora Costa e Silva

Hudson River Park, com vista para New Jersey. Foto: Débora Costa e Silva

Não importa a estação do ano: em todas elas os parques de Nova York estarão lindos, seja por estarem cobertos de flores ou de neve (own <3). E, claro, todos são abertos ao público e gratuitos. O Central Park é o maior e mais conhecido, e dentro dele há diversas outros atrativos, como o Strawberry Fields (homenagem ao John Lennon), o Castelo Belvedere, o Observatório Meteorológico e o Zoológico.

Um dos meus lugares preferidos é o High Line, um parque suspenso construído sobre uma antiga linha ferroviária cheio de instalações artísticas. Em Manhattan tem ainda o Bryant Park, o Washington Square Park e o Hudson River Park. Fora da ilha vale visitar o Brooklyn Bridge Park e  Prospect Park, no Brooklyn, e o Flushing Meadows Corona Park, no Queens.

Além dos parques, há ainda diversas atrações clássicas de  Nova York que são gratuitas, como a belíssima Brooklyn Bridge (com as melhores vistas de Manhattan), o Grand Central Terminal, que impressiona pela arquitetura, o Chelsea Market, cheio de lojinhas e restaurantes bacanas, a já citada Public Library e, claro, a Times Square.

Vá a pé ou de metrô

Estação Broadway Lafayette, em Lower Manhattan. Foto: Débora Costa e Silva

Estação Broadway Lafayette, em Lower Manhattan. Foto: Débora Costa e Silva

Não custa frisar a dica mais básica e batida de todas: utilize transporte público e vá a pé. O metrô de Nova York tem linhas que levam para todos os bairros de Manhattan, muitas vezes com mais de uma opção para uma mesma região, chega até o Brooklyn, o Queens e o Bronx, funciona 24 horas, enfim, não faltam vantagens. Caminhar também é ótimo, principalmente por Nova York ser plana. São nessas andanças que encontramos uma lojinha legal, um bar diferente e é a melhor forma de sentir a cidade.

Pegar um táxi aqui pode até ser bacana pela experiência e curiosidade de entrar em um dos amarelinhos, mas se quiser economizar mesmo, evite. Uber aqui também é bastante popular e mais barato que táxi, mas ainda assim recomendo deixar para  usar em situações especiais.

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Para favoritar: Recomendo acompanhar o projeto #NYC10orless, da Talita Ribeiro, também publicado no Catraca Livre, com os melhores achados por até US$ 10. Veja também os vídeos bem humorados do Amigo Gringo, que mostram como passear pela cidade de um jeito menos convencional e eventualmente gastando pouco, e ainda o blog da Rogéria Viana, Vem Pra NY, meu guia preferido daqui. Traz inúmeras dicas de atrações, festivais e restaurantes bacanas, todos testados e aprovados por ela.

Nova York :: Patti Smith

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Patti Smith se apresenta na Congregation Beth Elohim, no Brooklyn. Fotos do post: Débora Costa e Silva

Essa última quinta-feira tive a sorte e a honra de ir ao evento Brooklyn By The Book, com a cantora e escritora Patti Smith. A noite foi incrível e definitivamente foi um dos pontos altos da minha temporada em Nova York. Até então, estava tendo um dia meio esquisito. Tava com a cabeça cheia e acabei me atrapalhando e me atrasando para ir. Entrei no metrô completamente dispersa e apressada, equilibrando nas mãos um copo de café, a bolsa da câmera, o casaco, o celular e o livro “Linha M”, o único que trouxe para ler aqui em Nova York.

O evento aconteceu no Congregation Beth Elohim, uma congregação judaica próxima a estação Grand Army Plaza. Assim que soube, uma semana atrás, logo entrei no site para garantir meu ingresso, mas já estava esgotado. Não me dei por vencida: entrei em contato com a organização e me informaram que haveria um segundo lote à venda. E deu certo! 🙂

Ao me aproximar do local me assustei com a fila, que literalmente dobrava o quarteirão e ia longe. Mesmo com ingresso garantido, cheguei a ficar preocupada, pois não imaginava tanta gente – muitos inclusive com mais de 60 anos, provavelmente da geração que viu a jovem Patti ler poemas e cantar em Nova York no início da carreira. As luzes amareladas da congregação já estavam acesas e iluminavam a calçada e as árvores, dando um tom romântico para o início da noite.

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Como todos que estavam ali, recebi um exemplar do livro “M Train” assim que entrei. Fui para a parte de cima do salão para tentar garantir uma boa visão do palco e, após alguns minutos, ela apareceu acompanhada pelo guitarrista Lenny Kaye. Os aplausos pareciam não ter fim, Patti foi ovacionada. No maior bom humor, fazendo comentários hilários sobre si mesma, logo se desculpou por estar com um pouco de dor de garganta e explicou que não poderia dar autógrafos pois estava com tendinite (ou algo parecido).

Ela apresentou a nova edição do livro, que agora conta com mais fotos e um posfácio, cujos trechos foram declamados ao longo da noite, com algumas canções intercalando as leituras. Me senti em um culto religioso: ao invés da bíblia, tínhamos em mãos o “M Train” e, ao invés de um pastor, lá estava Patti Smith, que assim como imaginava, tem uma presença muito forte, ao mesmo tempo em que fala de um jeito doce e sereno.

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O público ainda teve a chance de fazer algumas perguntas à cantora. Em resposta a um dos fãs, Patti contou que está trabalhando em dois novos livros, um deles o “Sisters”, que fará um paralelo com “Just Kids” (“Só Garotos”), pois vai relatar histórias da mesma época sob outra perspectiva. Ela também fez várias revelações, algumas banais, como o seu inusitado gosto por crocs, mas outras que provocaram aplausos, como sua preferência política pela candidata Hillary Clinton e críticas ao concorrente Donald Trump. “Política é um assunto complicado, mas ele não é qualificado para ser presidente”.

Além de ser uma artista incrível, Patti ainda por cima foi simpática e bem humorada a noite toda, fazendo piadas, comentando assuntos corriqueiros e até dando spoilers de sua série de TV preferida, “The Killing”, ultra citada no livro. Para finalizar o encontro com chave de ouro, cantou “Because The Night” e, no meio da canção, desceu do palco e caminhou pela plateia, batendo palmas animada no ritmo da música.

Lá fora a noite continuava bastante agradável, agora ainda mais bonita com a lua cheia no céu. Fiquei emocionada, o tal culto surtiu efeito em mim. Apesar de não conhecer a fundo sua obra, admiro demais a Patti e saí desse encontro ainda mais encantada. Quando li “Só Garotos”, sua história em Nova York me inspirou muito, foi mais um dos empurrões que recebi para vir para cá. E agora, lendo o “Linha M”, tenho seguido o exemplo dela, indo de café em café para ler, escrever e observar o fluxo, e sinto que estou curtindo a cidade de forma mais leve.

Nova York :: 9/11 Memorial Museum

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Fotos do post: Débora Costa e Silva

Onde você estava no dia 11 de setembro de 2001? Eu estava voltando da escola mais cedo, porque era dia de prova. Cheguei na casa da minha avó e a TV estava ligada mostrando dois prédios explodindo. Fiquei vendo as imagens em looping por uma meia hora até que resolvi dar um pulo na banca de jornal. Comprei a Folha e o Estadão e comecei a ler tudo, em busca de algum fato do dia anterior que pudesse explicar os ataques terroristas. Àquela altura eu já queria ser jornalista, então, além do choque e da tristeza que senti, confesso que também fiquei imaginando como teria sido emocionante participar de uma cobertura dessas.

O que eu não poderia imaginar é que 15 anos depois eu estaria morando aqui em Nova York e visitaria o local da tragédia. A área recebeu o nome de Ground Zero, onde há um novo arranha-céu, o One Wolrd Trade Center, e o National September 11 Memorial & Museum, dedicado às antigas torres gêmeas e às vítimas do ataque terrorista. Ao lado de tudo isso está o imponente Westfield World Trade Center, shopping de arquitetura impressionante e que integra o complexo WTC.

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A torre One World Trade Center (à esquerda) e parte do shopping Westfield WTC, que é todo branco

À princípio, achei que ir até o memorial seria importante, mas não poderia imaginar o quão interessante e tocante seria. O memorial me surpreendeu com sua arquitetura, organização e qualidade, além do vasto material exposto sobre a história dos prédios, os ataques (incluindo o atentado de 1993) e até sobre terrorismo. É uma história recente, que muitos de nós acompanhamos de perto, transformou drasticamente Nova York, os Estados Unidos e o mundo e tem desdobramentos até hoje, infelizmente.

Por sua importância e em respeito às vítimas, a primeira dica que dou para quem for visitar o local é: evite selfies! Por mais que você esteja emocionado e tenha a melhor das intenções, tente demonstrar isso com as atitudes também, pois pode parecer que quer apenas mostrar que esteve lá e não liga pra o que está ao seu redor. E tudo bem querer um registro, mas dá para fazer fotos de maneira mais discreta e menos ofensiva. Imagine alguém visitando o túmulo de algum parente querido e tirando uma selfie sorridente fazendo um hang loose. Você ia achar legal? Então.

Dito isso, vamos aos destaques da visita:

:: MEMORIAL & MUSEUM ::

Área externa

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No entorno do museu, há um jardim e duas piscinas no lugar das torres gêmeas, cada uma com uma área de um acre e consideradas as maiores cachoeiras artificiais dos EUA. Em suas bordas de bronze, estão inscritos os nomes das vítimas dos atentados.

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Achei interessante terem feito isso ao invés de construir algo que preenchesse o local, pois ao observar os dois vãos enormes sendo tomados por quedas d’água dá uma sensação de vazio que inspira reflexões.

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É assustador ver a quantidade de nomes inscritos nas bordas de bronze, dá para ter uma pequena noção do tamanho da tragédia. Mas apesar de toda a tristeza, senti também um quê de esperança ali por ser tudo tão bonito.

Museu

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Construído no subsolo da área afetada pelos ataques, o museu tem uma arquitetura especial pois aproveita algumas estruturas das antigas torres gêmeas. Para enriquecer a visita, recomendo o download do aplicativo gratuito do Memorial e ouvir o áudio-guia narrado pelo ator Robert De Niro. Você pode escolher qual trecho ouvir de acordo com o local que você está do museu, pois não há uma ordem certa de explorar o espaço.

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Eu fiz a visita “de fora para dentro”, ou seja, vi primeiro as estruturas mais grandiosas e remanescentes dos prédios, como a escadaria dos sobreviventes (que serviu de rota de fuga para os sobreviventes), pedaços de aço, a última coluna (repleta de inscrições e colagens em homenagem às vítimas) e uma parede de contenção, além da antena de uma das torres e um caminhão de bombeiros destroçado.

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Mas o que mais chamou a minha atenção foi o gigantesco mural com a frase do poeta romano Virgílio: “No day shall erase you from the memory of time” (Nenhum dia deverá te apagar da memória do tempo). O mais interessante é que utilizaram aço remanescente do WTC para esculpir cada uma das letras. E instalação azul que circunda a citação se chama “Trying to Remember the Color of The Sky on that September Morning” (Tentando recordar a cor do céu naquela manhã de setembro), do artista Spencer Finch.

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Para mergulhar a fundo na história, é necessário entrar na área chamada Historical Exhibition, que divide os acontecimentos em três partes: Eventos do Dia, Antes do 9/11 e Depois do 9/11. Os visitantes vão poder rever capas de jornais e revistas do dia 11 de setembro para ter uma noção de como era o mundo antes do atentado, assistir aos telejornais matutinos noticiando o ataque, ver objetos das vítimas e sobreviventes, ouvir depoimentos, assistir um vídeo que conta um pouco sobre a história da Al-Qaeda, entre tantas outras coisas. Só atenção: essa área não pode ser fotografada.

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Em um dos corredores do museu, há fotos e vídeos mostrando a reação das pessoas no dia do atentado

O valor da entrada para adultos é US$ 24. Por fim, se você têm uma história interessante relacionada aos ataques às torres gêmeas ou apenas lembra o que fazia no dia e horário em que soube do atentado, você pode contribuir com o acervo e gravar um depoimento no museu! 😉

:: PASSEIOS COMPLEMENTARES ::

St Paul’s Chapel

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A capela é a mais antiga de Manhattan e incrivelmente não sofreu nenhum dano com a queda das torres gêmeas, mas serviu de refúgio e descanso para os profissionais que trabalharam no resgate das vítimas e na restauração do local. Na entrada, está o “Sino da Esperança”,  um presente dado pelo prefeito de Londres em 11 de setembro de 2002 em homenagem ao atentado. No momento, a estrutura passa por uma restauração, mas é possível visitar o espaço externo.

Westfield WTC

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O novíssimo shopping foi inaugurado em agosto de 2016 e substitui o antigo The Mall at the World Trade Center, que acabou destruído após os ataques terroristas. O complexo chama a atenção de longe por sua arquitetura arrojada.

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Projetado pelo renomado arquiteto espanhol Santiago Calatrava, o design foi inspirado na imagem de uma pomba sendo libertada nas mãos de uma criança. Todo branco por fora e por dentro, também permite a entrada de luz externa, o que torna o espaço ainda mais iluminado. Abriga mais de 100 lojas, como a Apple, MAC e Lacoste.

One World Observatory

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Quem visitou Nova York pré 11 de Setembro deve saber que um dos passeios mais imperdíveis era subir até o topo do World Trade Center. Bom, agora a cidade conta com um novo arranha céu que toma conta da skyline e assume o posto de mais alto do país. O One World Trade Center, também conhecido como Freedom Tower, ocupa o local onde ficava o antigo WTC 6, tem 541 metros de altura e 104 andares. O observatório fica no 100º, com vista panorâmica de Manhattan, Brooklyn e New Jersey. A visita custa US$ 34 por pessoa.

:: COMO CHEGAR ::

O Ground Zero fica no extremo sul da ilha, na região chamada de Lower Manhattan. A estação de metrô mais próxima é a World Trade Center, da linha E azul.

Nova York :: Montauk

Um dos lugares que já estavam na mira antes de vir para Nova York era Montauk, cidade praiana onde foram gravadas cenas do filme “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças“, com o Jim Carey e a Kate Winslet. O empurrão que faltava para marcar o dia da viagem veio quando soube que a banda Hiatus Kaiyote, que sou super fã, iria se apresentar lá. E o melhor: o show era de graça em um domingo, então não teria que gastar uma fortuna nem perder aula do curso de inglês. Perfeito! 🙂

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Fotos do post: Débora Costa e Silva

Montauk é a última praia da região dos Hamptons, um grupo de vilas de luxo onde celebridades milionárias têm casas e passam os finais de semana. Porém, dizem que Montauk é mais frequentada por surfistas e pescadores. Uma coisa eu já sabia: era possível ir de trem, pois foi assim que os personagens do filme foram para lá.

Tudo lindo até aí, mas logo começou a complicar. Os novaiorquinos que conversei nunca tinham ido pra lá. Os comentários mais comuns eram “não conheço”, “é muito longe”, “ah mas tem que ir de trem, meio ruim né?”. Pra completar, nas buscas que fiz no Google, encontrei pouquíssimos relatos sobre como circular, onde ficar e o que fazer por lá. Achei estranho, mas ainda assim não desisti.

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Para ir, deveria pegar o trem da Long Island Road Rail (LIRR) e logo vi que não havia muitas opções de horários para o domingo. Pela manhã sai um a cada hora praticamente, mas para a volta é que complicava. O último trem partiria às 20h30 e isso me preocupou, pois o show estava marcado às 18h30. Se tivesse um pequeno atraso eu já corria o risco de nem ver a apresentação inteira. Me hospedar na cidade também estava fora de cogitação. Não encontrei nada por menos de US$ 100 a noite, nada no AirBnb e ainda por cima algumas pousadas não oferecem quartos para a noite de domingo para segunda.

Enfim, mesmo com todas essas complicações e com previsão de chuva para o domingo, resolvi arriscar a viagem e encarar como uma aventura. No máximo seria uma furada que poderia render boas histórias depois. Mas no fim, mesmo com perrengues, foi um dos melhores dias que passei aqui em Nova York <3.

A viagem

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Comprei os bilhetes de trem na hora mesmo, porque até o último momento estava com medo de algo não dar certo e deixei na mão do acaso. A viagem dura três horas e tem uma mudança de trem na parada da Jamaica Station, ainda em Nova York. Acompanhada por famílias e jovens surfistas (e aspirantes também), entrei no trem no maior clima de farofa bate-volta para a praia. Os bancos azuis me lembraram o filme e logo pus o fone para ouvir as músicas da trilha sonora.

Curioso é que, por mais que eu tenha tentado criar um clima melancólico para o passeio, não deu certo rs. Diferente do filme, que mostra Montauk durante o inverno com um céu cinzento, tive a sorte de estar lá em um dia ensolarado sem nuvens e ver a cidade em sua melhor forma. Ao invés de me deparar com uma estação de trem vazia, cheguei cercada de pessoas animadas, prontas para estender a canga na areia. Foi então que me toquei do óbvio: eu não tinha que reviver a história do filme, e sim me permitir viver minha própria experiência na cidade.

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Para fugir do sol e planejar os próximos passos, entrei em uma casinha na beira da estação e uma senhora simpática veio me cumprimentar e me mostrar o local. Ali funciona a Montauk Artists Association e havia uma exposição de fotografia com imagens da cidade. Adorei os trabalhos, principalmente uma série de cascos de barcos de pescador da fotógrafa Michele Dragonetti. Foi legal para já conhecer um pouco de Montauk e entrar no clima.

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Perguntei para qual lado devia ir para chegar a praia e ela logo me alertou: “você não vai a pé debaixo desse sol, né? Você é louca? Pegue um táxi!”. Achei que estava sendo apenas fofa e protetora, mas ela começou a me explicar que ali as coisas ficavam todas longe umas das outras e que o ideal era circular de carro mesmo. Isso definitivamente não estava nos meus planos. Queria dar uma volta a pé, mas realmente, o centro ficava longe. As praias também, do contrário teria que andar pela beira da rodovia. Ao meio-dia, num calor de quase 40º C sem sombra no horizonte.

A boa notícia é que o The Surf Lodge, hotel onde aconteceria o show, estava próximo dali, então resolvi almoçar lá e depois ver o que fazer. Pensamos melhor de barriga cheia, né? Eis que quando estava saindo, uma elegante senhora, loira, sorridente e de batom vermelho, me falou: “Sei onde fica esse lugar, vem, eu te dou uma carona!” Obviamente aceitei a oferta 🙂

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Tive que sentar no banco de trás do carro, pois o assento da frente estava ocupado por papéis, folhetos e uma câmera fotográfica. “Você é fotógrafa?”, perguntei. Ela disse que sim e começamos a conversar. Seu nome é Diane, mas disse que por pouco não se chamava Débora também. “Na minha família, todos têm nomes com a letra D. Como já tinham três Déboras na família, minha mãe preferiu variar e me chamou de Diane”.

Ela ficou empolgada quando contei que estava morando um tempo em Nova York e quando vi, já tínhamos chegado ao hotel. Nos adicionamos no Facebook e fizemos algumas selfies juntas. Foi um encontro bastante especial, fiquei encantada com essa mulher tão alegre, querida e cheia de histórias. Lamentei muito ter que me despedir.

The Surf Lodge e Hiatus Kaiyote

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O hotel The Surf Lodge fica em uma casa de inspiração vitoriana, com tábuas de madeira – muitas construções seguem esse estilo nos EUA como um todo -, além de ter uma decoração toda temática de praia, com móveis em tons brancos e azuis, chão de madeira e um amplo espaço externo. Antes de explorar o local, porém, eu precisava almoçar. Comi um delicioso hambúrguer com queijo, alface e beterraba (e não é que tava bom?). Para refrescar, experimentei a Montauk, cerveja local, uma delícia!

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Após o almoço, fui tomar sol numa área repleta de espreguiçadeiras e guarda-sóis, que imaginei ser a praia, mas… ledo engano. Apesar de ter areia no chão, o local fica na beira de um lago, não do mar. Pois é, caí na pegadinha e fiquei com cara de tacho sem entender porque recriar uma praia se estamos em uma cidade que tem praia…?!

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Após esse balde de água fria, fui me informar quanto saía uma corrida de táxi até a praia mais próxima, mas de novo fui barrada no baile. O funcionário do hotel me falou que os shows que rolam ali costumam lotar e quem não é hóspede corre um alto risco de ficar de fora. “Se você não quiser perder o show, recomendo que já fique aqui, porque os convidados estão chegando”. Eram 15h e faltavam mais de três horas para começar o evento. Sem saber direito o que fazer, decidi ficar.

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Longa espera, nada de passeio, muito sol, cerveja, reggae na cabeça e uma sensação esquisita de não pertencimento. O local é frequentado por gente phyna e rycah, que tem casa por ali nos Hamptons e um alto padrão de vida. Tiveram momentos que encarnei a personagem brasileira-rycah-de férias em Nova York, mas eu não conseguia sustentar longas conversas com ninguém, tava me sentindo meio intrusa rs.

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Até que comecei a ver uma movimentação diferente. Um pessoal meio hippie foi chegando, sentando no chão em frente ao palco e tomando conta do espaço. Eram os fãs da Hiatus Kaiyote :-). Fiz amizade com uns músicos de Montreal, que vieram para Montauk só para ver o show. Eles iam acampar, enquanto outra turma ia dormir no carro. Foi um alívio ver que não estava sozinha no rolê groupie!

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Após 40 minutos de atraso, a apresentação começou e eu tive a sorte de conseguir me manter bem em frente ao palco. Fotografei a cantora Nai Palm a uma distância absurdamente pequena e foi maravilhoso! Que vibe, que som! A turma de fãs estava em êxtase e até os artistas estavam impressionados com a empolgação geral. “Esse é o show mais intimista que já fizemos”, disse a Nai. Conforme o show se desenrolava, o sol ia se pondo e uma brisa fresca substituía o calor insano daquela tarde. Foi mágico ❤

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O retorno

Felizmente, deu tempo de sobra para pegar o trem de volta para Nova York. Caminhei pela estrada até a estação de Montauk junto com outros fãs da banda. Entrei no trem e estava nas nuvens, ainda embalada pelo clima do show. Tudo ia bem até que no meio da viagem, em uma das paradas, anunciaram um problema técnico. Meia hora se passou e nada. Outro anúncio: ainda não tinham resolvido a situação.

O trem partiu, mas dez minutos depois parou de novo, dessa vez por uma hora. A essa altura já tinha atacado meu lanche de pão de forma com manteiga, tomado toda minha água e me enrolado ao máximo na canga de praia para me proteger do frio do ar condicionado. Não via a hora de jantar, tomar um banho, tirar a areia do corpo e dormir.

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Resultado: a viagem acabou durando 5 horas no total e eu cheguei às 2 horas da manhã em casa. Ainda tivemos que trocar de trem na Jamaica Station e por conta do horário esperamos mais meia hora. Sem energia para andar mais do que os dois quarteirões previstos da estação de metrô até minha casa, comprei bolacha e refrigerante na farmácia e, após o “jantar”, desmaiei na cama.

Ainda assim valeu a pena? Claro! Em Montauk nada foi previsível – ok, isso porque também não me planejei o suficiente, mas a ideia era justamente me deixar levar. Paguei o preço dessa brincadeira, mas também ganhei alguns presentes do acaso. E não é assim o tempo todo na vida? Viagem boa é dessas em que mal você retorna e já sente saudades. Bônus: a promessa “Meet me in Montauk“, feita pelos personagens do filme, agora vai me trazer novas lembranças, menos melancólicas e mais ensolaradas.

Bonus Track: segue abaixo um dos vídeos do show da Hiatus Kaiyote em Montauk. Para ver os outros vídeos feitos no dia, clique aqui!