Roteiro musical em NY :: Casa Museu Louis Armstrong

IMG_8661Fui encontrar o repórter do The New York Times Seth Kugel, hoje já mais conhecido como o Amigo Gringo, para dar uma volta no Queens. Antes, porém, ele recomendou que eu fosse a casa museu do músico Louis Armstrong. Desci já do lado errado do metrô e ninguém sabia direito onde ficava exatamente o museu. Some-se a isso chuva, frio e zero wifi e teremos um pequeno perrengue durante a busca.

Mas encontrei a casa, que fica em uma rua tranquila de Corona, em Queens. Estava sozinha no tour da quinta-feira de manhã, às 11h, então foi super proveitoso. Apesar de não ser íntima da história nem das músicas do cara, ali pude reparar este erro e conhecer bastante de sua vida.

Armstrong foi um cara super simples e humilde do início ao fim da vida. Mesmo após ter alcançado a fama e ter ganhado muito dinheiro, ele fez questão de continuar vivendo em uma casa simples em Queens, onde a vizinhança era bem mais pobre. E entrando lá você vê mesmo que não tem nada de mansão: exceto pela decoração, e levando em conta o tamanho dos cômodos, é uma casa comum.

Sua quarta esposa Lucille quis reformar a casa para que ficasse maior e mais confortável algumas vezes, mas ele não deixou. A construção é coberta de tijolos e, reza a lenda, que ele mesmo pagou para que as outras casas da rua também seguissem este estilo para que a dele não se destacasse entre as demais.

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Por outro lado, permitiu alguns luxos à mulher. A cozinha, por exemplo, é to-da da mesma cor. Os armários, o fogão, a geladeira, tudo ali é azul. As paredes de um dos banheiros são cobertas de espelhos. Esses cômodos despertam o interesse de quem curte decoração, são bem peculiares. Outro ponto alto é a sala onde ele ensaiava e gravava tudo o que criava. Lá tem diversos gravadores e equipamentos sonoros, além de anotações em cima da mesa.

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Cada detalhe da história é emocionante e pensar que, além de tudo, esse cara fez e aconteceu na história da música, é impressionante. Ele morou lá por quase 28 anos e em 1977, seis anos após sua morte, a casa virou Patromônio Histórico Nacional. Vale muito a pena a ida ao Queens – que, numa boa, nem é assim tão longe de Manhattan. Quem vive em São Paulo tá acostumado com essas distâncias, com uma diferença: lá tem metrô ligando tudo a tudo.

Vai lá
Louis Armstrong House Museum
www.louisarmstronghouse.org
34-56 107th Street
Corona, NY 11368
Quanto: US$ 10 (adulto)

Como chegar: Pegue o trem 7 até a estação 103 St-Corona Plaza. Saia pelo lado norte da Roosevelt Avenue e desça as escadas à esquerda. Depois, vire à direita na 103rd Street, caminhe 2 quarteirões e vire à direita na 37th Avenue. Caminhe mais 4 quarteirões menores e vire à esquerda na 107th Street. O museu fica do lado esquerdo da avenida.

Segura o selfie: Lá não pode tirar foto dos cômodos da casa, só da área externa, por isso não publiquei mais fotos aqui. A boa notícia é que o Amigo Gringo foi lá e fez algumas imagens internas. Quem quiser dar uma olhada, clica aqui.

Fotos: Débora Costa e Silva

Roteiro musical em NY :: Coral no Harlem

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Greater Central Baptist Church, no Harlem, tem missas abertas aos turistas às quartas-feiras e aos domingo

Esse foi um dos pontos altos da viagem. Eu cantei em coral por uns anos e o repertório dos dois grupos que participei eram de spirituals (música gospel cantada em igrejas batistas dos EUA, tipo “Oh Happy Day”), então imagine a expectativa. A experiência de ver e ouvir ao vivo um grupo desses cantando na igreja do bairro foi surreal, de arrepiar e chorar. A galera parece entrar em transe, e você vai junto, é lindo.

Antes de ir para lá, já havia pesquisado alguns tours que fazem pelo Harlem. Não conhecia ninguém que manjava do bairro, nem desse tipo de passeio e quase todo mundo falava: não vai pra lá sozinha. Besteira ou não, não quis arriscar. Mesmo assim, queria ter feito com algum local, mas na correria que foi, o que deu para fazer foi fechar um pacote com uma agência mesmo, o Harlem Gospel Tour, que saía do centro de Manhattan e ia até o Harlem em vários ônibus, divididos por idioma.

E eu, até então, estava achando que eu era uma das poucas que tinha tido essa ideia. Pois em uma quarta-feira chuvosa, só dessa agência saíram 4 ônibus grandes cheios de turistas do mundo todo rumo ao Harlem. Mas também não roal todo dia: tem grupos às quarta-feiras e aos domingos.

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A chuva atrapalhou bastante o roteiro: pegamos trânsito até lá, o que já diminuiu o tempo da visita. Só deu tempo de ver o Apollo Theather, uma das atrações turísticas do bairro. Ali tocaram grandes ícones da música negra norte-americana e, em frente, tem uma calçada da fama com nomes naipe Aretha Franklin, James Brown e Michael Jackson. Outras que ficaram de fora: murais grafitados, casa do Duke Ellington, Sylvan Terrace e outros pontos.

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Duas plaquinhas da calçada da fama do Teatro Apollo que fiz questão de registrar

Ao chegar na igreja, recebemos a orientação de que é proibido tirar fotos e filmar durante o culto, mas que no final eles cantavam “Oh Happy Day” para os turistas e aí tava liberado filmar e fotografar. Ok.

Bom, eu obedeci em termos. Deixei o gravador do celular ligado para pelo menos o áudio eu pegar. Não ofendi nem constrangi ninguém fazendo isso, e ainda bem que fiz, porque no final não teve nenhum happy-day. Alguém comentou que era a primeira vez que aquela igreja abria para o público de turistas. Pelo coral ser formado por ex-dependentes químicos, achei então que eles não estavam muito no esquema mais comercial da coisa e fiquei feliz, pois pareceu ser mais autêntico. Mas não é bem assim: logo no final, já haviam pessoas vendendo um CD com as músicas do coral. Fiquei na dúvida, mas enfim, o que importa? Foi lindo do mesmo jeito.

Fachada da Greater Central Baptist Church

Fachada da Greater Central Baptist Church

Fui com outro colega jornalista que estava na press trip e ao nosso lado sentou uma senhora bem velhinha que estava em transe durante toda a missa. Gritava “Oh Lord”, “Yes”, “Thank You Lord” e outras coisas o tempo inteiro. O pessoal ali era bem simples e tinham uns caras que pareciam saídos de filmes dos anos 80 ou de clipes de rap mais antigos: jaquetas de couro, óculos escuros, correntes douradas no pescoço e carão. É isso aí, todo mundo ali junto para agradecer a benção.

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E que benção! Logo na primeira música, foi um festival de vozes maravilhosas. Um revezava com o outro o solo: cantavam jovens, idosos, homens, mulheres, graves, agudos, roucos, toda variedade de som que é possível. E todos emocionados, dando o melhor de si. É de arrepiar, o ritual é comovente demais. Se tivesse algo do tipo por aqui, garanto que frequentaria mais a igreja, porque a energia que rola durante o culto por causa da música é poderosa.

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Infos e dicas

– A igreja era a Greater Central Baptist Church e o coral é formado pelo pessoal do Addicts Rehabilitation Center

– As roupas têm que ser discretas para ir a igreja, como em qualquer lugar do mundo

– O valor do tour básico era US$ 59 por quatro horas de tour. Fique esperto pra fugir de dias chuvosos se possível, pois no meu caso, o tour ficou bem restrito ao coral acabou saindo caro – mas valeu pela experiência 😉

Fotos: Débora Costa e Silva

Roteiro musical em NY :: On Broadway

Já que não me aguentei e fiz um textão sobre o Aladdin, reuni nesse segundo post da série os outros musicais que assisti por lá em outubro de 2014:

On The Town
Remontagem de um musical clássico dos anos 40, cuja história, ambientada em Nova York, é sobre três marinheiros que chegam na Big Apple em busca de aventuras. Eu gostei, mas não me apaixonei, talvez por ser bem tradicional (tinham números meio de balé clássico) e longo: três horas e meia de apresentação! Mas é bem feito, lindo, super produção bonita.

O que me deixou de queixo caído mesmo foi um número só, que está aí embaixo neste vídeo. A atriz/cantora Alysha Umphress interpreta a Hildy, uma moça meio desesperada pra arranjar um namorado e seduz de forma bem cômica um dos marinheiros. E dá um show cantando “I can cook too”: 

Motown
Conta a história da gravadora de soul dos anos 60 que lançou Stevie Wonder, Jackson’s Five, The Supremes, Marvin Gaye e muitos outros feras. O musical mostra os bastidores, as brigas e os momentos históricos da época, envolvendo personagens que geralmente fizeram suas músicas mais conhecidas que suas biografias.

Bom, a seleção musical é incrível, só clássicos do soul e a cantora que interpretou a Diana Ross, a Krystal Joy Brown, era absurdamente parecida com ela. Quando cantou “Ain’t No Mountain High Enough” foi de arrepiar.

Outros pontos altos são nas músicas em que o garotinho que interpreta o pequeno Stevie Wonder e o que faz o Michael Jackson na época do Jackson’s Five cantam. O teatro vem abaixo com tanta fofura e, claro, uma interpretação impecável dos dois. 

O show está em turnê pelo interior dos EUA e volta em cartaz em 2016.

Stomp
O menos convencional de todos, porém já bastante conhecido no Brasil. É uma apresentação que mistura dança e percussão com instrumentos inusitados como balde, vassoura e tampa de panela. Esse não me acabei de chorar que nem o Aladdin e Motown, mas gostei tanto quanto.

A pegada é outra: você quer sair de lá batucando em tudo. Eles fazem música com qualquer objeto, de qualquer forma, é impressionante e imperdível. Sem contar uma coisa que eu jamais iria imaginar que encontraria em um espetáculo desses: o humor. Quase esquecemos que para fazer graça, não é preciso de falas, apenas o som e a linguagem corporal dão conta.

O teatro não fica na região da Broadway, mas no East Village, cujo entorno é bem mais alternativo e menos turístico do que a muvuca ali de Midtwon. O próprio teatro é bem menor, o que dá ao show outra atmosfera, bem mais descolada. Aproveitem, pois vem pro Brasil de novo este ano.

Obs: Não achei vídeos que eu acho que retratem bem as cenas que vi. O primeiro tá bem curto, o segundo muito longo e é só um meddley e o terceiro não é o grupo do Stomp que vi, mas é só pra dar uma ideia

Roteiro musical em NY :: Aladdin

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A viagem a Nova York foi a trabalho e a pauta principal era a cena musical da Broadway – o que rendeu essa matéria aqui com um roteiro especial para fãs do gênero.

Aproveitei a ocasião para ficar mais alguns dias e, de quebra, fazer logo uma viagem bastante musical – em todos os sentidos: teve coral no Harlem, museu e até karaokê. Vou escrever sobre cada uma delas, começando pelo espetáculo que mais me marcou: Aladdin

* Este post é totalmente parcial e apaixonado *

É a montagem que aguardei a VIDA para assistir, pois era meu desenho favorito da Disney. Superou as expectativas e me juntei às crianças que choravam de emoção nas cenas fofas ou levaram sustos com os efeitos especiais do gênio. As danças, os cenários, o figurino, as coreografias, enfim, foi tudo perfeito.

Bom, e o gênio é uma atração à parte: o ator James Monroe Iglehart deu um toque mais suingado ao personagem e misturava nas danças e nas músicas um pouco de R&B. Interpretação sensacional que rendeu um prêmio Tony no ano passado. No vídeo abaixo tem o agradecimento dele e uma palhinha do musical:

Apesar de a abertura ser bastante impressionante, os números que realmente me impactaram foram das músicas “Friend Like Me” (quando surge o gênio), “Prince Ali” (que no desenho eu achava até meio chatinha, mas no teatro a apresentação é de embasbacar) e, claro, “A Whole New World”, a baladinha do casal, que é quando o melhor dos efeitos visuais acontece: ***spoiler alert*** eles passeiam no tapete voador. Ok, quem lembra do filme já sabia e acho não tem problema estragar a surpresa, eu juro que ao vivo o encanto continua sendo grande.

Na saída, ainda fiz a tiete e fui lá esperar os atores para tirar uma foto e pedir autógrafo. E valeu a pena, principalmente pelo segurança que fica ali na porta do camarim, o Steve. Ele já tinha trabalhado no Rei Leão, Mary Poppins e no Good Morning America.

Cada vez que a porta abria, os fãs apontavam a câmera e se amontoavam na grade. “Relax! Quando o gênio sair, vocês vão saber!”, dizia ele. “Já sabem o que vão pedir? Vocês só terão direito a um pedido para o gênio!”, brincava.

“Eu amo meu trabalho. E essa é a melhor parte, a hora mais divertida”. Ele acaba sendo responsável por entreter a galera na espera. Ali, ele era o gênio que tinha o poder de abrir uma porta e realizar os desejos dos fãs.

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Adam Jacobs, o Aladdin, posando com as crianças na saída do teatro