Gente que viaja :: Carolina Owsiany, a worldpacker

Carol entre Israel e Jordânia, em viagem de 2014. Foto: Arquivo pessoal

Carol entre Israel e Jordânia, em viagem de 2014. Foto: Arquivo pessoal

Por que não? Essa expressão simples, e bastante desafiadora, foi repetida diversas vezes durante a conversa que tive com a mochileira profissional Carolina Owsiany. Ela viaja o mundo há mais de 10 anos, trabalhando em hostels, restaurantes e bares, e já fez e refez sua vida de diferentes formas desse meio tempo. A história parece sempre ter sido essa: vai para um lugar novo, curte, vive, cansa e resolve mudar. Na dúvida, se pergunta “por que não?”. E a resposta vem tranquilamente.

Conheci a Carol durante um evento corporativo. Ela vestia terninho preto e salto alto e me impressionou com seu inglês fluente e a postura séria e profissional. Dois meses depois, a encontrei num contexto completamente diferente: era uma noite fria de maio, ela estava enrolada em uma coberta sentada em uma poltrona, super à vontade com amigos e colegas do WE Hostel, em São Paulo, onde ela estava vivendo e trabalhando.

As versões corporativa e mochileira coexistem – na verdade, uma não existiria sem a outra. Há mais de um ano ela trabalha em hostels no esquema do Worldpackers, uma plataforma em que viajantes podem encontrar vagas de trabalho em troca de hospedagem. Vale de tudo: há opções para ficar na recepção, fazer faxina e até colocações mais cool, como chef de cozinha, DJ, fotógrafo de eventos ou gerente de redes sociais. É um jeito novo e bastante interessante de viajar, garantir a hospedagem e ter uma troca intensa de cultura e experiências.

La vie en Hostel, em Londres, 2013. Foto: Arquivo pessoal

La vie en Hostel, em Londres, 2013. Foto: Arquivo pessoal

No entanto, a maioria dos trabalhos do Worldpackers não são remunerados. O pagamento é a hospedagem em si, às vezes inclui café da manhã e outros benefícios, mas só. O esquema já ajuda a economizar, mas não dá para viver só disso por muito tempo sem nenhuma reserva. O jeito é fazer como a Carol: aproveitar o tempo livre para fazer outros bicos – daí que surge sua versão corporativa ;-). “Nos próprios hostels às vezes tem oportunidades, como trabalhar em festas promovidas no local. Mas eu faço trabalhos paralelos, como traduções e eventos”.

No caso dela, o Worldpackers só facilitou o processo do que já vinha fazendo há anos: rodar o mundo trabalhando com hospitalidade – seja em albergue, hotel, restaurante, pub ou balada. Depois de se formar em Comunicação, há mais de 10 anos, ela saiu de Minas Gerais e foi passar um tempo na Espanha, em sua primeira viagem internacional. Foi para a região da Galícia, se hospedando na casa de familiares, depois seguiu para Barcelona meio na loucura, sem planejamento nenhum. Chegou em pleno feriado, durante a festa La Mercè, quando a cidade estava lotada, e por pouco não ficou sem lugar para dormir.

Após conseguir a hospedagem, tudo foi acontecendo naturalmente. Logo arrumou um trabalho em uma balada, encontrou um apartamento e assim as coisas foram rolando. “Hoje eu já digo que as coisas dão certo porque me planejo, mas no começo foi sorte e acredito também na proteção divina espiritual. Acho que é essa confiança que me fortalece para encarar desafios e estar segura, por isso tudo sempre fluiu pra mim”, conta. Foi desse jeito leve e fluído que acabou indo pra Bélgica depois: fez amizade com belgas, ouviu falar bem e pronto, resolveu ir pra lá.

Romance 

Olhar apaixonado entre Carol e Anthony, em Barcelona, 2010. Foto: Arquivo Pessoal

Olhar apaixonado entre Carol e Anthony, em Barcelona, 2010. Foto: Arquivo Pessoal

E quando menos esperava, no auge do seu desprendimento, acabou se apaixonando. Conheceu o Anthony, chef de cozinha inglês que, assim como ela, estava dando suas voltas pelo mundo. Logo depois que começaram a ficar, ela embarcou para a Grécia para cumprir um compromisso de trabalho que já tinha sido combinado antes do romance surgir. “Na Grécia eu tive o time of my life, trabalhava em bares, era incrível. Mas a gente continuou se falando e eu não tava afim de ter um relacionamento a distância. Um dia pensei: eu gosto dele, não dá mais. Em um impulso, comprei uma passagem e voltei para Bruxelas”, lembra.

A viagem de volta foi uma loucura, tudo às pressas, quase como se fosse questão de vida ou morte. “Cheguei às 2h da manhã e liguei pra ele do lado de fora do pub onde ele estava. Falei como se estivesse na Grécia ainda, dizendo que estava com saudades. Quando resolvi me declarar, eu que queria fazer uma surpresa, tive uma: ele apareceu na janela e me viu do lado de fora bem na hora que disse ‘te amo”. Foi muito emocionante, ele gritou, ficou louco. Pra mim, foi naquele momento que a gente casou”.

Tudo isso aconteceu há 9 anos. Desde então não se desgrudaram mais e são grandes companheiros de vida, aventuras e viagens. “A gente é muito flexível. Com uma graninha no banco, já nos programamos para cair no mundo e acaba dando certo. Sempre me planejei, mas não precisamos de muito dinheiro. Quando chegamos num país novo conseguimos trabalho fácil”, explica ela.

Casal em estação de esqui em Andorra, país europeu localizado entre o nordeste da Espanha e o sudoeste da França. Foto: Arquivo pessoal

Estação de esqui em Andorra, país localizado entre o nordeste da Espanha e o sudoeste da França. Foto: Arquivo pessoal

A trajetória do casal é inspiradora. Eles moraram 2 anos na Bélgica, depois quase 4 anos na Espanha e mais 3 na Inglaterra, sem contar as viagens para Israel, Jordânia e alguns países da África. A última temporada do casal tem sido no Brasil. Carol não morava aqui desde que saiu de Minas e, junto com o Anthony, tem explorado hostels de diversos cantos do país no esquema Worldpackers. O melhor é que eles conseguem encontrar trabalho para os dois no mesmo estabelecimento. “Assim que entro em contato com o proprietário, já aviso que meu marido é chef e geralmente conseguimos duas vagas”.

É claro que para quem vê de fora, é fácil pensar que esse tipo de vida é encantador e cheio de glamour – afinal, quem é que não sonha em rodar o mundo? Mas só quem vive é que sabe que morar em hostel não é um mar de rosas. “Tem que ter cabeça aberta, ser flexível para dividir o quarto e a vida com outras pessoas. E cada um tem um momento, então eventualmente saem faíscas. Tem que ser maduro o suficiente para pedir desculpas e ser humilde”, alerta Carol.

Desapego

Os viajantes e suas mochilas chegando em Caraíva, na Bahia, em 2016. Foto Arquivo pessoal

Os viajantes e suas mochilas chegando em Caraíva, na Bahia, em 2016. Foto Arquivo pessoal

Estar aberto a mudar de emprego, de cidade e de país mostram um desprendimento em relação a vida, aos lugares e às pessoas. Para passar por tantas transformações radicais é necessário permitir que as mudanças aconteçam e também provocá-las. No caso da Carol e do Anthony, isso também se reflete no estilo de vida deles em relação aos bens materiais. Quando perguntei “onde ficam suas coisas?”, ela falou: “então, não tem coisas“. Oi?

Pois é. Em sua última grande mudança – da Inglaterra para o Brasil – o casal fez uma limpeza pesada e se livrou de tudo – livros, roupas, móveis, acessórios etc. “Com o tempo, fomos acumulando coisas, é claro, mas o que facilita é que na Europa os apartamentos já são mobiliados. É um mundo que faz você ser mais desapegado e a ter flexibilidade”.

O mochilão em que levou suas roupas do Brasil para a Europa em sua primeira viagem é o mesmo que utiliza até hoje – “só que agora está bem mais vazio”, ressalta. “Você aprende, a vida te ensina que você não precisa de muito para viver. Todo o resto ficou pelo caminho. O dia que tiver que recomeçar de novo a gente recomeça, o que vale é o que a gente leva no coração”, conclui.

Carol na janela ao lado de uma estátua "namoradeira" em algum canto do Brasil, em 2007. Foto: Arquivo pessoal

Carol na janela ao lado de uma estátua “namoradeira” em Ouro Preto (MG), em 2007. Foto: Arquivo pessoal

Londres :: Primeiras impressões

Londres do alto da London Eye. Foto: Débora Costa e Silva

Londres do alto da London Eye. Foto: Débora Costa e Silva

Há lugares que te conquistam platonicamente, à distância, ao ver uma foto, ouvir uma música, assistir um filme ou ler alguma história. E há lugares que não despertam muito interesse à primeira vista, até que alguma coisa acontece e pá, dá um estalo e te faz ver tudo com outros olhos.

Minha história com Londres foi mais ou menos assim e o “clique” aconteceu de um jeito que jamais iria imaginar. Não foi ao ver o Big Ben, nem os ônibus vermelhos ou o rio Tâmisa: foi quando começou a garoar. Eu jamais imaginei que ia gostar e até chegar a me emocionar com isso, sempre odiei tomar chuva, mas ali, logo na minha primeira noite, sentir aquelas gotinhas finas e ver a cidade iluminada em meio aquela delicada garoa foi especial. Me senti dentro de uma cena clássica.

O clássico dos clássicos: Mind the gap! - Foto: Débora Costa e Silva

O clássico dos clássicos: Mind the gap! – Foto: Débora Costa e Silva

Até conhecer a cidade eu não tinha muito vontade de visitá-la. Penso isso hoje e fico até com vergonha – como pude não me interessar antes? Mas é que achava que os ingleses deviam ser muito arrogantes, não via nenhum glamour na família real e além de tudo, achava que devia ser um lugar frio e cinzento, com um clima meio deprê.

Foi graças à minha amiga Thaíla que fui parar lá. Ia passar as férias na Espanha e acabei incluindo Londres no roteiro para poder visitá-la. Outro empurrão foi a leitura que fazia na época da biografia dos Beatles, o que me fez começar a achar a ideia de ir para a terra deles interessante – apesar de que fora a Abbey Road, não tem muitas outras coisas que remetam ao grupo na cidade.

Vista da estação West Ham, zona leste de Londres. Foto: Débora Costa e Silva

Vista da estação West Ham, zona leste de Londres. Foto: Débora Costa e Silva

Da cena da garoa até o final dos meus 6 dias pela cidade o encanto só cresceu. Visitei as atrações clássicas? Opa, claro: fui ao Tate Modern, vi o Big Ben, passeei na London Eye, fui até a Catedral St. Paul ocupada por manifestantes do Occupy London, tomei café da manhã no Borough Market, conheci a Abbey Road (fiz a foto e vim embora frustrada – “era só isso?”), passei pela Trafagal Square e visitei a National Portrait Gallery.

Folhas típicas do outono tomavam conta da cidade, em outubro de 2011. Foto: Débora Costa e Silva

Folhas típicas do outono tomavam conta da cidade, em outubro de 2011. Foto: Débora Costa e Silva

Mas as coisas que mais me envolveram não estavam nos guias de viagem – como é de se esperar. A atmosfera dos pubs, que recebe desde os bêbados mais loucos até grupos de senhorinhas que se reúnem à tarde; a diversidade de pessoas de todos os cantos do mundo na feirinha da Portobello Road, em Notting Hill – bairro que inspirou o filme com a Julia Roberts e o Hugh Grant, que eu inclusive assisti no avião na ida; a noite que fiquei vagando sem rumo sozinha à beira do rio Tâmisa ouvindo uma cantora que tocava violão na rua; e as belíssimas árvores com folhas alaranjadas, típicas do outono, que deixavam a cidade tão linda – e me emocionaram tal qual a garoa, talvez por ter sido a primeira vez que vivi um outono com a cara da estação.

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Um pedacinho da feirinha da Portobello Road. Foto: Débora Costa e Silva

Uma das surpresas foi o Halloween – não tinha me ligado que estaria lá na data e nem achava que pudesse ser tãaaao legal. Não só pude ver casas e lojas enfeitadas como também me diverti no próprio dia 31 de outubro vendo to-do mun-do (crianças, adultos, idosos) fantasiado no metrô indo ou voltando de alguma festa. Pena não ter me preparado e arrumado uma fantasia, mas ainda bem que isso não me impediu de curtir uma das melhores festas que já fui, na casa de amigos da Thaíla, com gente da Índia, Canadá, África do Sul dançando até altas horas.

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Restaurante em Londres decorados pro Halloween. Foto: Débora Costa e Silva

Acho que não poderia ter escolhido melhor o primeiro lugar da Europa para conhecer. Qualquer destino teria causado um choque, mas o impacto de Londres é ainda maior. Em meio a tantas culturas e em um lugar com símbolos e identidade tão fortes e presentes no nosso imaginário, dá aquela sensação de não só estar viajando, mas de estar no centro do mundo. Eu que amo cidade grande quase não me perdoo por nunca ter tido vontade de ir antes, mas vibro toda vez que penso na sorte que tive ao ir para lá meio sem querer.

A viagem foi tão marcante que acabei contagiando minha irmã Luana com a ideia de ir pra lá. Três anos depois, voltei à terra da rainha na companhia dela durante sua viagem de comemoração de seus 15 anos. Nos próximos posts, contarei um pouco mais sobre os passeios mais bacanas que fiz por lá, da primeira e da segunda vez 😉

Amsterdã :: Rolê de bike

Bikes estacionadas no Vondelpark, em Amsterdã. Fotos do post: Débora Costa e Silva

A capital da Holanda é reconhecida por ter a magrela como um dos meios de transportes prioritários – e todo mundo já ouviu falar disso de algum jeito, seja em matérias na TV, em revistas de viagem ou até lembra de uma novela da Globo que o casal ia pra lá fazer intercâmbio. Por ter começado a andar de bike em São Paulo, me empolguei em relatar essa minha experiência e complementar a série de posts sobre Amsterdã.

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Eu e a Luana, minha irmã companheira de viagem, deixamos o rolê pro terceiro e último dia, quando estávamos mais íntimas da cidade – e já habituadas em ouvir as buzininhas de sininho de alguns ciclistas quando acabávamos atrapalhando o trânsito deles. Aliás, essa foi a maior e acho que única dificuldade por lá. É muita, muita, muuuuita bicicleta!

É lindo? Claro que é – mas dá um pouco de medo. Ainda mais pra quem anda de bike de vez em nunca – como era o meu caso. Quase não dá tempo de relembrar como é mesmo que funciona o negócio, porque rapidinho você já tem que entrar no fluxo e no ritmo da galera. E dá-lhe sininhos na orelha te acelerando! Até pra minha irmã, que anda bastante de bicicleta no Rio, rolou uma estranheza com o congestionamento.

Mas passado o primeiro impacto, eu logo me acostumei e comecei a curtir. A cidade é plana, as ciclovias estão em ótimas condições, tem sinalização, enfim, tudo contribui para circular por Amsterdã tranquilamente sobre duas rodas.

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E a sensação é de dominar a cidade! Eu senti um misto de liberdade com poder, explorando aquilo tudo com uma intimidade e confiança como se eu já conhecesse tudo por ali! É isso, a gente se sente parte do lugar, rola uma integração muito forte que é até difícil de explicar.

E se por um lado a quantidade de bikes assusta, por outro é o que faz a experiência ficar ainda mais bacana, porque você está sempre acompanhado. Mesmo tarde da noite, você cruza com uma galera de bike pra cima e pra baixo, rola uma cumplicidade. Sem contar o fator segurança: aqui em São Paulo eu até ando à noite, mas to sempre alerta e evito lugares muito desertos – quando não tem jeito, acelero o máximo que dá. Em Amsterdã isso não é problema, né? Uma preocupação a menos, que faz com que a experiência fique ainda mais leve e prazerosa.

Tá, legal, mas e aí, vamos ao que interessa?

Num dos primeiros passeios pela cidade já vimos várias bikes vermelhinhas da MacBike, que aluga bicicletas, e recorremos a ela. Acho que deve ser a loja mais famosinha mesmo por lá. Fechamos um pacote de 24 horas para não termos que nos preocupar em ter que devolver com pressa e também porque valia mais a pena financeiramente. Dei uma olhada no site e esse período custa cerca de 15 euros – enquanto 3 horas já dão 11 euros. Resolvemos também pagar o seguro, que era de 3 euros por dia pra nos prevenir de possíveis inconvenientes, escolhemos a bike e pronto! Vamos ao pedal! \o/

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As bicicletas estavam em ótimo estado e foi super tranquilo de manusear, mesmo para quem, como eu, não brincava de pedalar há uns bons anos. Eles deram dois tipos de trancas: um cadeado e uma corrente pra poder enganchar quando for estacionar. E para ter uma ideia da segurança, estacionamos nossas bikes à noite na rua, em frente ao hotel, e tudo bem: acordamos e lá estavam elas, bonitinhas, no mesmo lugar, sem pneu furado, tudo perfeito. Pode parecer desnecessário, mas acho importante ressaltar isso. É tranquilo, confie 😉

Por onde andei

Pegamos nossa bike na loja mais próxima, que no caso era a MacBike da Central Station, e seguimos para o Rijksmuseum. Após passar por vários canais, estacionamos em frente ao museu e fomos dar uma volta e ver as exposições em cartaz.

Depois seguimos para a praça onde tem aquele letreiro gigantesco IAmsterdã e ficamos ali um tempão na beira do lago, tomando sol e aproveitando o wi-fi (sim, também somos filhas de Deus).

De lá fomos ao Vondelpark, que fica pertinho e onde foi uma delícia pedalar. Deitamos na grama e passamos a tarde ali curtindo um som, na sombra, no maior clima de piquenique, com direito a hot dog e muffin à la Amsterdã de sobremesa :P.

Por fim, fomos tomar um café ali perto pra dar uma acordada e tocamos para o bairro Joordan procurar um lugar bacana para jantar – afinal, era o aniversário da Luana e a gente merecia um banquete pra fechar o dia em alto estilo (mas é post de bike ou de comida isso aqui?).

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Nessa parte do rolê, confesso que fiquei meio tensa: a gente caiu numas ruazinhas bem vazias e escuras – pelo visto errei bem a mira do lugar que parecia ser super badalado à noite. Mas não deu nada, a única coisa que mudou foi a atenção redobrada por conta da má iluminação. De resto tranquilo.

No dia seguinte, fomos devolver as bikes já saudosas. A volta a pé foi tão mais longa e sem graça que nos questionamos por que fomos deixar para alugar só no último dia! A gente se acostumou a andar a pé, mas de bicicleta dava para ir mais longe, mais rápido, além de ser bem mais divertido. Achava que era bom dar uma ambientada antes, mas no fim acho que conhecemos melhor a cidade e sua dinâmica pedalando do que de qualquer outro jeito. Fica a dica pras próximas 😉

Fotos do post: Débora Costa e Silva – a que eu apareço foi feita pela Luana Kaiser, obviamente

Amsterdã :: Rolê pela cidade

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Quando chegamos em Amsterdã (em maio de 2014, durante a viagem 15 anos da minha irmã) estávamos curiosíssimas para conhecer a cidade. Ainda sem muita ideia de por onde começar, fomos andando sem rumo, só apreciando a beleza das casinhas, dos barcos, dos canais e das pontes.

Não sou muito fã de regras e verdades absolutas, mas toda vez que der tempo, recomendo dar essa voltinha despretensiosa no destino assim que se chega para se ambientar. Observar as ruas, o trânsito, as lojinhas, os habitantes e assim ir se familiarizando e deixando a ficha cair de que você está naquele lugar.

Na manhã seguinte, fizemos um Wakling Tour (adorei e recomendo) mas fomos no nosso ritmo e acabamos nos perdendo do grupo. Saímos para mais uma voltinha sem rumo, sem lenço sem documento e foi uma delícia. Até porque, convenhamos, numa cidade linda dessa não tem como cair em um lugar “errado” ou desinteressante.

Então, sigam-me os bons e dêem uma olhada nas fotos desses rolês:

 

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Fotos: Débora Costa e Silva

Amsterdã :: Museu Casa de Anne Frank

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Ao programar a viagem, fiquei toda orgulhosa que minha irmã tinha pesquisado algumas coisas e fazia questão de ir a casa-museu de Anne Frank em Amsterdã. Achei que ela estivesse influenciada pelo livro “Diário de Anne Frank”, mas na verdade era tudo culpa das estrelas. Explico: o museu é um dos lugares visitados pelo casal protagonista do livro/filme “A Culpa é das Estrelas”, o preferido da minha irmã.

A casa é nada mais nada menos do que o esconderijo onde Anne Frank viveu por dois anos escondida dos nazistas, de 1942 a 1944. A garota judia dividiu o sótão (o anexo secreto) com mais sete pessoas, incluindo membros de sua família. O final da história é triste: o local foi descoberto e todos foram enviados para campos de concentração.

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O que a ajudou a suportar este período escondida foi escrever em seu diário, que após o fim da guerra, em 1947, foi publicado por seu pai, Otto Frank, o único sobrevivente da família. A escrita foi sua grande aliada e válvula de escape – nos seus relatos ela confidencia o sonho de se tornar escritora. No fim das contas, sua história acabou se tornando uma das mais emblemáticas da Segunda Guerra Mundial e o diário é um dos livros mais traduzidos no mundo todo.

A visita

Fila para entrar na Casa-Museu de Anne Frank. Foto: Débora Costa e Silva

Fila para entrar na Casa-Museu de Anne Frank, à direita. Foto: Débora Costa e Silva

Por ser uma das principais atrações turísticas de Amsterdã, eu e minha irmã fomos prontas para enfrentar fila e realmente não teve como escapar: ficamos uma hora debaixo do sol, mas ok, acabou passando rápido. Pelo menos dava para usar o Wi-Fi do museu e se distrair durante a espera.

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Só de estar no exato local onde Anne viveu já dá para sentir uma carga forte de emoção. A casa está bastante preservada e alguns ambientes foram recriados com objetos e mobília da época para que os visitantes tenham uma noção de como era a vida ali. Outro elemento que ajuda nesse sentido são as escadas, que se mantêm como na época: de madeira, íngremes e com degraus bem estreitos – o que dificulta a visita para quem utiliza cadeira de rodas ou tem mobilidade reduzida.

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Em alguns espaços há monitores exibindo vídeos sobre a Anne, a guerra, o genocídio e entrevistas com personagens importantes de sua história e exposições permanentes (que exibem fotos e trechos do diário original) e temporárias sobre a história do nazismo. A casa mantém boa parte da estrutura original, mas ganhou espaços anexos mais modernos, que abrigam lojinha, biblioteca e lanchonete e são integrados de uma forma bem bacana à estrutura já existente.

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Saímos de lá bem emocionadas e toda vez que lembro dessa visita, como agora escrevendo o post, me sinto em débito com a Anne Frank por não ter lido seu diário até o fim. Por mais batida e conhecida que seja essa história, não deixa de ser uma baita história. E é lindo de ver que transformaram este local, cenário de tanta dor e sofrimento, em um museu tão bem cuidado e cheio de informação.

Vai lá
Endereço: A casa fica no canal Prinsengracht, nºs 263-267
Entrada paga. Os ingressos podem ser comprados com antecedência pelo site.
Áudio guia em até 12 idiomas
Mais informações: http://www.annefrank.org/pt/

Fotos: Reprodução do site annefrank.org

Amsterdã :: Museu do Sexo

Não queria começar meus relatos sobre Amsterdã assim, já com o pé na porta, juro mesmo! Mas é que sou a louca da ordem cronológica e vou fazer o quê se essa foi a primeira atração que visitei em Amsterdã? Então vamos à visita!

Primeiro que foi quase sem querer: estávamos eu e minha irmã Luana andando, logo no dia em que chegamos na cidade (em maio de 2014), e nos deparamos com a fachada do museu. Como já estava na lista de lugares que iríamos visitar, aproveitamos a coincidência e entramos.

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Ao ver a fachada, achei que o espaço devia ser super pequeno, não parecia nem ter cara de museu. Mas conforme fui percorrendo as salas, percebi que é bem maior do que parece (ui!). E não é pouca coisa, não: é o museu mais antigo sobre sexo do mundo!

Outra ponto que chamou minha atenção foi a diversidade do museu. De um jeito até meio tosco (o que combina bastante com o tema), ele mistura o lado popular, vulgar e bem humorado do sexo com o lado artístico e histórico. Portanto, o visitante encontra tudo, tudo e t-u-d-o sobre sexo: esculturas de arte e de antiguidade, bonecos e objetos mais escrachados, brinquedos eróticos, vídeos, desenhos etc.

Veja abaixo algumas das obras excêntricas que encontramos por lá:

1 – Esculturas em bronze de posições sexuais

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2 – Bonecos caracterizados como prostitutas e frequentadores de bordéis (alguém ainda usa esse termo ou tá mesmo ultrapassado? rs)

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3 – Doces com formatos pornográficos

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4 – Momento Trem Fantasma: bonecos monstruosos, pelados e nada sexys dão uns sustos nos visitantes

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5 – Roupas íntimas de séculos passados

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6 – Cinto de castidade de ferro – ui!

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7 – Musas sensuais como a Marilyn Monroe (foto) e a Mata Hari (dançarina holandesa) têm suas estátuas no museu

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8 – Com o perdão do linguajar: há pênis por todos os lados, de todos os tamanhos, materiais e formatos. O da foto abaixo é de mármore, bem como esse binóculo com desenhos eróticos

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9 – O que dizer destes dois exemplares gigantescos abaixo? O bom é que ao longo da visita, o pessoal já se acostuma a ver os ditos cujos e nem liga de sentar num deles

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10 – Pinturas, gravuras e fotografias sensuais têm bastante espaço no museu. Há ambientes totalmente dedicados a essas obras e várias salas de transição que aproveitam as paredes para expor mais imagens

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11 – Não é de hoje que os calendários com fotos eróticas fazem sucesso. No museu, há exemplares de várias épocas

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12 – Não é só de pênis que se faz um bom museu do sexo, não é mesmo? As bundinhas também têm seu lugar de destaque – como essa escultura de mármore 

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13 – O bacana do museu é que tem bastante coisa interativa. No caso da maquininha aí da foto abaixo, é só empurrar a alavanca que as camisinhas inflam

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14 – A escultura mais nobre de todas talvez seja essa: um pênis de cristal, com direito a correntinha de ouro e tudo!

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15 – Perto da saída, ainda levamos desaforo para casa. Essa bundinha com dois olhos (oi?) solta pum e encerra a sessão de sustos nonsenses do museu.

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Para terminar a noite temática de sexo, ainda topamos com umas camisinhas cheias de trocadilhos em uma loja de suvenires. Para quem tem no imaginário Amsterdã como uma cidade libertária e sexual, esse passeio não pode ficar de fora!

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Vai lá!
Sex Museum
Damrak 18
Entrada paga
www.sexmuseumamsterdam.nl

Hospedagem :: Onde ficar em Amsterdã, Londres e Paris

Assim que combinamos que eu ia acompanhar minha irmã pela Europa, meus pais já agilizaram as passagens e começaram a negociar a hospedagem com uma agência de turismo, a Go Viagens Personalizadas.

Eu já tinha levantado com amigos alguns nomes de hostels, mas os preços que a agência descolou para ficar em hotéis tipo 3 estrelas estavam bem bons, não tinha uma diferença significativa entre as duas opções. Por segurança e conforto, meu pai achou melhor que ficássemos em hotéis e assim foi. Minha mãe pesquisou as melhores regiões e a agência foi atrás de hospedagens em cada uma dessas áreas.

Segue abaixo um breve relato de cada um deles – lembrando que fiquei hospedada em maio de 2014 e justamente por isso não colocarei os preços, pois já estão desatualizados 😉

AMSTERDÃ :: Cordial

Quarto do Hotel Cordial, em Amsterdã

Quarto do Hotel Cordial, em Amsterdã. Foto: Divulgação

Tínhamos reservado o hotel Rembrandt, mas pouco tempo antes da viagem rolar a agência nos informou que ele estaria em reforma. Trocamos por este, que de forma geral atendeu bem nossas necessidades.

Localização: Nota mil! Fica na Rua Rokin, entre duas grandes praças, a Dam Square e a Rembrandtplein, e basicamente estávamos perto de tudo, mas sem estar no meio da muvuca do centrinho mais turístico. A própria rua do hotel fazia parte da rota do tram (bondinho elétrico da cidade). O único inconveniente é que na época em que fomos a via estava em obras e dependendo do horário, o barulho era bem incômodo.

Quarto: Era meio pequeno, mas era bem confortável, o banheiro era limpinho e é isso que vale. Uma das facilidades era o elevador, mas nos surpreendemos aos chegar no nosso andar e ter que passar por alguns degraus até o nosso quarto. Fica a dica: se estiver com malas pesadas, verifique se o hotel possui elevador. Deixamos de lado várias opções por não oferecerem essa facilidade.

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Rua Rokin estava parcialmente em obras em maio de 2014, mas já estava aberta para a passagem do tram. Foto: Débora Costa e Silva

Café da manhã: Era bem honesto e comeríamos lá todos os dias, não fosse o fato de que tínhamos que pagar à parte. Acabamos indo só no primeiro dia e depois exploramos outros cafés pela cidade para dar uma variada.

Serviços gerais: De maneira geral, o wifi funcionou bem durante a nossa estadia. Só dava para ver a diferença quando conectávamos no lobby – ali a conexão era bem mais rápida. Quanto ao atendimento, todos foram atenciosos com a gente, nos ajudaram com tudo o que precisamos. Outro serviço que nos foi útil foi a máquina que vendia bebidas e salgadinhos no lobby – nos salvou de alguns momentos de fome no meio da noite 🙂

LONDRES :: Tune Paddington

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Fachada do Hotel Tune Paddington, em Londres. Foto: Divulgação

Localização: Como quase todo lugar em Londres tem metrô próximo, acho que qualquer hotel que ficássemos teríamos uma boa localização. Neste caso ficamos bem próximas de várias atrações e foi ótimo, mas no começo sofremos um pouquinho.

Saindo do Aeroporto de Heathrow, pegamos um trem direto para a estação Paddington, onde iríamos descer já. Isso foi lindo, mas andar com as malas até o hotel não foi tão tranquilo assim. O que no mapa parecia ser bem próximo, na verdade rendeu uma caminhadinha considerável: eram dois longos quarteirões – que pareciam ser seis.

Achamos que esse seria nosso caminho diário, até que na volta de um passeio resolvemos testar outra estação que parecia estar a mesma distância, só que para o lado oposto. Foi a melhor decisão da viagem: descobrimos que a estação Edgware Road era bem mais próxima do que a Paddington, só a dois quarteirões (do tamanho de dois mesmo rs).

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Barzinho do hotel Tune Paddington vendia bebidas e lanches. Foto: Divulgação

Quarto: Confortável, limpo e compacto, ou seja, perfeito para duas pessoas. E dessa vez nada de barulho!

Café da Manhã: Não servia café, mas tinha um bar que vendia bebidas e salgadinhos. Meio caro, mas em uma emergência salvava.

Serviços gerais: O wifi era nota dez, funcionou no quarto e no lobby numa boa. Ele tem o estilo de um hostel na decoração mais arrojada e colorida.

PARIS :: Verlain

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Variedade de pães, queijos e geleias no café da manhã do Verlain. Foto: Débora Costa e Silva

Localização: O hotel fica a menos de um quarteirão da estação de metrô Rue Saint-Maur, próximo também do Cemitério Père Lachaise. A localização foi tão boa que em dias de chuva, passávamos bastante tempo no bairro, conhecendo as lojinhas e restaurantes e amamos. Aliás, por conta da chuva também é que valorizamos ainda mais o fato de o hotel estar tão próximo do metrô.

Quarto: Assim como os outros, era confortável e limpinho, mas com um plus: uma pequena sacada que dava todo charme ao ambiente. A vista não era da torre Eiffel, mas víamos outros prédios igualmente fofos em frente.

Café da Manhã: O melhor da viagem – e o melhor dentre muitas outras viagens também. Variedade de pães  e queijos (todos deliciosos), geleias mil e até Nutella em sachê, senhoras e senhores! O suco de laranja também era muito bom – algo que sempre tenho dificuldade para encontrar fora do Brasil. Enfim, basicamente a estadia valeu por conta das nossas manhãs.

Serviços gerais: O wifi não funcionava bem no quarto – tanto que minha irmã e eu vira e mexe ficávamos no lobby terminando de mandar fotos e teclando antes de subir para o quarto, na zona quase offline do hotel. A maioria dos funcionários foi bem simpática também, mesmo quando não nos entedíamos por conta do idioma.

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Vista da varandinha do quarto do hotel de Paris – com direito a arco-íris após a chuva. Foto: Débora Costa e Silva

Luana na Europa :: A viagem de 15 anos da minha irmã 

Depois de ter feito uma retrospectiva das viagens que fiz com a minha mãe aqui no blog, me animei para homenagear a outra aniversariante do mês e, de quebra, minha segunda maior companheira de viagens: a Luana Kaiser, minha irmã por parte de pai. E isso só foi possível porque ela me escolheu como a acompanhante oficial de sua viagem de 15 anos pela Europa! \o/

Quem é a Luana?
Vou deixar que ela mesmo se apresente:

Luana além de tudo é a menina com a auto estima mais elevada que eu conheço, sem nem chegar perto de ser arrogante (#comofas?). Faz palhaçada de moleque, mas tem fôlego para engatar papos cabeça que vocês nem imaginam. E fez os melhores vídeos de dubsmash porque também tem um talento nato para teatro.

A viagem
Experimentamos muffin de cannabis sativa juntas em Amsterdã, quase caímos numa cilada de um taxista do mal que nos fez perder o trem em Liverpool, choramos que nem criança no estúdio do Harry Potter e no museu dos Beatles, fomos barradas no metrô de Paris e… Não vou contar tudo de uma vez, porque vou fazer uma série de posts sobre a nossa odisséia na Europa!

Quando ela me chamou pra ir junto, a ideia era ir para Paris e Amsterdã e eu fiquei de queixo caído com a escolha. Sei lá, não são lugares lá muito comuns para adolescentes baterem o pé que querem conhecer, né? Bom, pelo menos eu, nos meus 15 anos, não tava nem aí para Disney, muito menos para Paris. Talvez seja só uma questão de geração mesmo né?

Quando fui para a Europa a primeira vez, curiosamente, pensei muito na Luana enquanto estava em Londres. A loja da M&M’s coloridona, a London Eye e as feirinhas de Notting Hill e Camden Town foram alguns dos lugares que eu pensava: um dia ela tem que ver isso! Daí que enfiei Londres no roteiro, ela topou e fechamos essas três cidades.

Viajamos em maio de 2014 por duas semanas, sendo que ficamos quatro noites em Amsterdã, seis em Londres e seis em Paris. Os detalhes eu conto aos poucos aqui no blog, mas foi um marco. Além de ser nossa primeira viagem só nós duas, a primeira vez dela na Europa, minha primeira vez como “adulta-responsável-por-um-menor”, foi também o maior tempo que já convivemos juntas – afinal, ela mora no Rio e eu em São Paulo.

  
Daí que pudemos nos conhecer de verdade. Sempre nos demos bem, mas descobri que a menininha-que-gosta-de-rosa já era coisa do passado. A Luana é safa em todos os sentidos: comunicativa, simpática e bem humorada, se virou super bem nas terras gringas. Ela falava com garçons, estudava o mapa dos metrôs comigo e topava tudo quanto era passeio.

E pra piorar minha reputação de irmã mais velha, meu lado do quarto era uma zona de sacolas e roupas empilhadas aleatoriamente, enquanto o dela era um primor: todo dia ela dobrava as roupinhas e organizava tudo na mala.


Além da amizade que se fortaleceu, para mim foi como voltar no tempo. Viajei mais leve, vi os lugares com o olhar de adolescente – que aliás, é o melhor jeito de ver as coisas né? Como se fosse a primeira vez,  com gostinho de descoberta. Viajar é sempre isso de descobrir, mas ter ao seu lado uma companhia com esse espírito livre muda a experiência!

Acompanhem os posts da nossa viagem! E lembrem-se: Luana jamais decepciona.

Que venham muitas outras aventuras pela frente! Obrigada Lu! ❤

Obs: Obrigada também ao meu pai que nos proporcionou essa empreitada 🙂

Glossário portuga :: Expressões e gírias da terrinha

Estive em Portugal em setembro de 2014 a trabalho e foi uma das viagens do ano. Além de ter ficado boquiaberta com a beleza de Lisboa, Porto e Coimbra, tive a sorte de ter viajado com um grupo de jornalistas muito legal e ser guiada por duas lisboetas (ou alfacinhas) incríveis, a Catarina e a Madalena. Foram elas também que nos ensinaram as gírias mais giras da terrinha, que compartilho aqui no blog.

Você conhece alguma outra gíria ou expressão típica de Portugal que não está aqui? Deixa lá nos comentários 😉

Ora pois, que cidade mais gira Lisboa! Mas anda que se desunha nesse Castelo de São Jorge! (Foto: Débora Costa e Silva)

Ora pois, que cidade mais gira Lisboa! Mas anda que se desunha nesse Castelo de São Jorge! Foto: Débora Costa e Silva

Imenso = muito
Viajam imenso pela Europa / Morre-se imenso

Penso-rápido = band-aid                                                            Bicha = fila

Rapariga = menina                                                                          Casa de banho = banheiro

Pequeno almoço = café da manhã                                         Parvalhona = tonta

Pergunta parva = pergunta besta                                          Bocadinho = pouquinho

Gabiru = pegador                                                                             Tramada = ferrada

Alforreca = água-viva                                                                     Mola = pregador de varal

Despassarada = distraída, desastrada                                  Peão = pedestre

Miúda = pequena                                                                               Muito giro = muito legal
Variação: miudeca (mais miúda ainda)                                       Variação: giríssimo

Pinga-amor = manteiga derretida, sentimental ❤

Madalena me chamou de pinga-amor porque chorei no Santuário de Fátima e achei lindo esse nome. Mas pela internet vi que também significava homens românticos e sensíveis tempos atrás. Hoje em dia, no entanto, parece que a expressão é mais designada para galanteadores – será porque a dose de amor desses Don Juans é a conta-gotas?

Anda que se desunha = anda-se muito (que até cai a unha)

Andor violeta = põe-te a andar! Sai da frente!
Mais popular no Porto – tentei achar a origem e nada 😦

Alfacinhas X Tripeiros

“Alfacinhas” no Porto, à venda no Mercado do Bolhão. Foto: Débora Costa e Silva

A rivalidade entre quem é de Lisboa ou do Porto é bem parecida com a relação entre paulistas e cariocas. Mas em Portugal tem um charme extra: os apelidos. Lisboetas também são conhecidos como alfacinhas e portuenses como tripeiros.

O termo alfacinha é cheio de controvérsias e há várias versões que explicam sua origem. Que vem de alface é meio óbvio, mas por quê? Uma das explicações é que foi um dos alimentos mais consumidos na época da invasão moura – alguns dizem até que era o único disponível nesses tempos difíceis. Foram os árabes, aliás, que trouxeram a hortaliça para Lisboa, chamada de “Al-Hassa”. A abundância do ingrediente na região também é outra hipótese que explica o apelido.

Outra história que li é que lá pelos anos 60 e 70 era moda ter grilos de estimação (!) e que muitos penduravam nas janelas gaiolas com bichinhos e uma folha de alface junto, para servir de alimento. Daí, andar por Lisboa era ver alface pendurado por todos os cantos. Mas será?

A Madalena, minha amiga alfacinha, disse que teve alguns grilos na infância dela, sim – contou que vivia a caça deles, mas que o bichinho também era vendido em feiras já nas gaiolas. “O cantar dos grilos é o melhor”, disse. Mas esclareceu que isso nada tem a ver com o termo alfacinha que, segundo ela, é porque a maioria das hortas de Lisboa era repleta de pés de alface. E ponto.

Prato típico do Porto. Foto: Visit Porto via Flickr

Prato típico do Porto. Foto: Visit Porto via Flickr

Já o apelido dos portuenses é mais fácil de entender. Na preparação da conquista de Ceuta, em 1415, o Infante D. Henrique quis dar um incentivo a mais para os trabalhadores que construíam os barcos: ofereceu a eles toda a carne disponível e deixou para o povo da cidade apenas as tripas.

Daí em diante quem é de Porto leva o apelido de tripeiro e com orgulho – afinal, o sacrifício feito valeu a pena na época: conquistaram Ceuta e, dali em diante, Portugal se consolidou à frente das navegações. E as tripas ganharam status de gastronomia típica do Porto, há diversos pratos com o ingrediente, sendo o mais famoso Tripas à moda do Porto.