Travel Tattoo :: Fred Itioka

O Fred Itioka é dessas pessoas que têm uma vida inteira pautada por viagens. Jornalista, ele sempre se dedicou a explorar o mundo e mergulhar em culturas diferentes, desde sua primeira viagem sozinho, aos 15 anos para o Canadá, até mais recentemente quando realizou o sonho de ir para o Irã.

Seja de férias ou a trabalho, ele sempre dá um jeito de dar uma escapadinha do roteiro tradicional de turista para vivenciar o dia a dia como um local. E com tantas idas e vindas, se orgulha de ter cultivado amizades com gente dos quatro cantos do globo ao longo dos anos.

Para compartilhar um pouco de suas experiências pelo mundo, o Fred criou uma conta no Instagram em que posta fotos das várias viagens que já fez, o FlyingFredy. No mundo offline, suas paixões também estão registradas, mas na pele: ele tem 9 tatuagens. Algumas representam a natureza, como o sol e as ondas do mar, outras são símbolos de lugares especiais que já visitou, como o Japão e Toronto. Conheça mais cada história e as tattoos do Fred na entrevista  abaixo 😉

Quantas e quais são as tatuagens que você tem e em quais lugares do corpo?
Tenho 9 tatuagens: uma em cada perna, nos dedos e na mão esquerda, no ombro e no antebraço esquerdo, no pulso direito, nas costas e no braço direito.

Quando e onde foram feitas?
Todas foram feitas em São Paulo em fases diferentes da vida. A primeira foi nas costas quando tinha uns 20 anos e meio escondida dos pais. Era a moda do tribal. As demais foram acompanhando momentos e todos ganharam esta metáfora e simbologia de novas etapas.

Qual o significado de cada uma? Têm relação com viagens que você fez? 
As tribais foram modinha e não têm significado nenhum. Fui me preocupar com isto quando fui me tornando um adepto da tatuagem. A partir daí, três das tatuagens são referências ao sol. Gosto da conexão com a energia, com o novo dia, da positividade.

Uma da perna são ondas do mar porque sou apaixonado pelo mar e por tudo que está ligado a ele: oceanos, o mundo, as viagens dos conquistadores, a expansão. O mar te abraça, te envolve.

Também tenho uma tatuagem de crisântemo na mão. É uma flor com uma simbologia muito forte no Japão, terra dos meus ancestrais e pra onde fui duas vezes. O crisântemo é a flor-símbolo da família imperial japonesa, é o símbolo do visto e passaportes nipônicos e para cada cor existe um significado.

No braço tenho a folha de maple, símbolo-mór do Canadá, país que mais amo nesta vida, onde morei quando fui adolescente e pra onde sempre vou quando posso. Às vezes até escolho um voo com stop over em Toronto antes de seguir para outro destino. Digo que o Canadá está tatuado na minha pele e na minha alma.

A mais recente tatuagem, que fiz no final de 2016, foram as letras YYZ – código para o aeroporto internacional de Toronto. Pelo mesmo motivo acima: de todas as cidades canadenses que já visitei (e olha que foram muitas), Toronto tem cheiro de casa. É onde estão amigos, onde sinto que minhas pegadas estão eternizadas, onde uma parte de mim permanece até hoje.

Curioso porque muita gente me para na rua pra perguntar o significado do YYZ e poucos desvendam de primeira. E os fãs de rock me perguntam se é homenagem ao grupo canadense Ruh, que tem uma música chamada YYZ ( que inclusive foi uma homenagem da banda a Toronto).

Qual sua relação com viagens? O quanto você acha que elas te definem?
Minha família sempre gostou de viajar. Lembro que a gente não parava um final e semana em casa. Também na escola as matérias preferidas eram geografia, história e literatura. Sonhava em conhecer lugares de povos antigos, sempre fui fascinado por mapas (e sou até hoje ) e ficava horas olhando o globo terrestre.

Passei a viajar sozinho aos 15 anos primeiramente pelos albergues da juventude. Comecei pelo Brasil e depois me aventurei pelo exterior. Sempre amei viajar sozinho, porque gosto do desconhecido, de explorar novas culturas, conhecer gente por aí. Fiz muitos amigos viajando na mesma situação, gente com quem tenho contato até hoje!

Acompanhei estes amigos crescerem, casarem, terem filhos! Tudo à distância, tudo por carta! Fora muitas cartas e cartões postais! Alguns amigos tive a oportunidade de rever quando decidimos nos reencontrar aí pelo mundo. Outros vieram ao Brasil e ficaram em casa. Cheguei à conclusão que várias amizades on the road atravessam estradas e o tempo!

Também viajei e viajo muito a trabalho e por mais que a agenda nem sempre permita, gosto de arrumar um tempo pra fugir dos pontos turísticos e conhecer o dia a dia do local: ir à feira, comércio e restaurantes populares, conversar com os habitantes e principalmente me perder. Adoro me perder pelas cidades e ver tudo por um outro prisma, nem sempre glamouroso.

Além das viagens, já fixou residência em outro país?
Sim, morei em Toronto quando adolescente. Como é uma cidade de imigrantes, tomei gosto em estabelecer contato com as culturas diversas. Toronto é uma metrópole multicultural e é fascinante ter experiências como almoçar num restaurante etíope e jantar em um iraniano na companhia de amigos chineses ou búlgaros.

Quais foram os lugares mais inusitados que você já conheceu? 
Acho que o lugar mais inusitado foi o Irã, que visitei no ano passado. Sempre tive um fascínio pelo Império Persa e foram anos de ensaio até conseguir concretizar. Muita gente me alertava por ser um país islâmico, associavam o país aos terroristas. Pesquisei muito, li livros dos meus amigos jornalistas Adriana Carranca (“O Irã Sob o Chador“) e Samy Adghirni (“Os Iranianos“), correspondente da Folha em Teerã, e finalmente resolvi ir e com meu companheiro!

Teerã foi o ponto de chegada e partida para o interior do país. Me senti em um filme iraniano. Tinha uma mistura de receio e excitação em estar lá. Aos poucos fui descobrindo que os homens carrancudos não eram assim tão carrancudos, que as mulheres de véu negro eram belas e sorridentes, que são generosos e carentes de contato com outros povos.

Fui confundido com turista japonês, mas quando disse que era brasileiro… tudo mudou! Os garçons falavam de nomes de jogadores de futebol, bradavam Ronaldo! Estudantes arriscavam a falar um Hello pra mim nas ruas! E a grande emoção: pisar em Persépolis, o berço do Império Persa! Em Pasárgada, onde o Rei Ciro está enterrado. Quem diria que um dia eu setaria ali? Lembrei dos tempos de escola e me emocionei muito.

Tem planos de fazer outras tatuagens relacionadas a viagem? 
Tatuagem pra mim é como viagem: penso todos os dias, todas as horas. Já quero fazer uma outra, talvez um simbolo de um avião ou o globo terrestre. Eu sei, é clichê. Mas fazer o quê? A tatuagem tem que vir do coração. E o meu é 1000% viagem.

E você, tem alguma tatuagem que tenha sido inspirada por alguma viagem? Conte a sua história também! Mande para papetespelomundo@gmail.com

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