Nova York :: Intercâmbio aos 30

Área destinada aos alunos com mais de 30 anos da EC English School, em Nova York. Foto: Débora Costa e Silva

Área destinada aos alunos com mais de 30 anos da EC English School, em Nova York. Foto: Débora Costa e Silva

Uma das melhores coisas que fiz nesta temporada em Nova York foi ter estudado inglês, mas confesso que isso não estava nos meus planos no início. Na verdade, intercâmbio era uma das últimas coisas que constavam na minha lista. Ouvi muita gente dizer que não valia a pena, que meu inglês já era bom, que esses cursos não acrescentam muito, etc etc etc. Eu queria fazer outras coisas, como estudar fotografia, fazer um curso de especialização, escrever matérias… mas estudar inglês? De novo? Com adolescentes? Ah não, isso não me atraía em nada.

Mas conforme as outras possibilidades foram se revelando quase impossíveis – por serem absurdamente caras, demoradas ou incertas – o item intercâmbio foi subindo pro topo da lista. Bom, não custava nada dar uma pesquisada né? Até porque, eu disse que estudaria “de novo” inglês, mas a verdade é que estudei durante toda a adolescência e depois fiz só um curso ou outro de conversação. A experiência de morar em um país de língua inglesa eu nunca tinha tido. Me virava bem nas viagens, mas nunca me senti lá muito segura pra falar de boca cheia que sou fluente rs. Talvez tivesse chegado a hora de mudar isso.

O fato é que eu tinha uma ideia toda errada de intercâmbio. Achava que era uma coisa que deveria ter feito na adolescência ou no máximo no fim da faculdade, porque depois já ficamos mais velhos, não absorvemos tanto o conteúdo e não aproveitamos tanto as experiências, que devem ser mais emocionantes para jovens. E pior: estaria numa sala cheia de adolescentes com quem não teria a menor afinidade.

Agência de intercâmbio

Material da EC English e a carteirinha de estudante da escola. Foto: Débora Costa e Silva

Material da EC English e a carteirinha de estudante da escola. Foto: Débora Costa e Silva

Bom, ainda bem que eu estava enganada. Por indicação de uma amiga que tinha feito intercâmbio depois dos 30 anos, fui conhecer a agência Experimento para saber quais programas eles ofereciam. Cheguei lá achando que era só dar uma olhada nos preços dos cursos e seria simples assim. Mas conforme conversava com a agente é que vi que a única coisa certa era o destino (Nova York). De resto, eu tava mais perdida que cego em tiroteio rs. Não sabia a duração da viagem, o tipo de moradia que eu queria, nada!

Nessa hora já percebi a importância de fechar o curso com uma agência, ao invés de ir atrás das informações sozinha. É claro que por conta você pode até economizar e de repente se sentir mais independente, mas se você ainda não sabe muito bem o que vai fazer, quer ter ideias e tirar dúvidas, ajuda muito ter o aconselhamento e o respaldo de uma agência.

Saí de lá com lição de casa: me deram um catálogo enorme com mais detalhes de cada escola para avaliar e decidir quais tinham mais a ver com o que eu queria. Lendo o material, várias dúvidas já foram respondidas, como por exemplo quais nacionalidades são mais frequentes em cada escola, horários, localização, atividades extracurriculares e por aí vai. A que mais me interessou nesse primeiro momento foi a Rennert, que além de inglês, oferecia aulas de artes, música e fotografia.

Pesquisa dali, cota de lá, tive que optar por uma que fosse mais barata, e aí cheguei na EC English, que infelizmente não tinha cursos extracurriculares, mas tinha algo ainda melhor: turmas para alunos acima de 30 anos! Pronto, era esse o empurrão que faltava. O lance da idade, que era até então meu maior receio, já estava resolvido.

Checklist: visto e burocracias

Em uma viagem mais longa, é tanta coisa para pensar que a gente às vezes se perde. A Experimento me ajudou com toda a parte da organização da viagem, mas só para reforçar por aqui, o que precisei providenciar antes de ir pro aeroporto foi:

  • Passagens aéreas
  • Passaporte e visto
  • Hospedagem
  • Curso de inglês
  • Seguro Viagem

Uma preocupação que eu tinha era se eu precisaria de visto de estudante, mas não, eu poderia fazer o curso e entrar no país só com o visto de turista, contanto que estudasse no máximo 18 horas por semana. Se passasse disso, aí sim seria necessário ter o visto de estudante, mas também teria um mínimo de horas de estudo a cumprir – o que no meu caso não era o objetivo, além de que tudo ficaria ainda mais caro.

O orçamento final incluía o valor do curso, uma taxa de matrícula e uma taxa da agência. Fechei com eles também um seguro viagem da Assist Card, que eu acabei tendo que usar por lá e super recomendo. O resto organizei por conta, mas se for necessário, as agências de intercâmbio também providenciam para os clientes.

A escola e o curso

Um dos espaços de convivência da EC English em Nova York. Foto: Reprodução do site EC English

Um dos espaços de convivência da EC English em Nova York. Foto: Reprodução do site EC English

As escolas de idiomas para intercambistas geralmente aceitam alunos novos toda semana, justamente para ter essa flexibilidade de receber gente do mundo todo a qualquer momento. Na EC English, as aulas eram realizadas todos os dias úteis, em horários intercalados (ex: seg., qua. e sex. de manhã e ter. e qui. à tarde). O período letivo começa sempre às segundas-feiras, quando os alunos novos fazem um teste oral e descobrem em qual nível estão (um teste de writting e listening já deve ser feito pela internet previamente).

O foco das aulas é a conversação e não tem muito como fugir, os professores te fazem falar mesmo – o que é ótimo. E aí é que o lance dos 30 anos fez toda a diferença, porque as conversas eram muito mais interessantes do que eu poderia imaginar. Havia mais afinidade entre os alunos, mesmo cada um com uma cultura diferente. Os temas em classe ajudavam: falamos sobre política, religião, machismo, refugiados, consumismo e até moda dos anos 80.

Era muito bacana trocar essas ideias com gente do mundo todo, embarcar em papos filosóficos e conhecer pontos de vistas e referências diferentes – ou mesmo encontrar semelhanças curiosas. Descobri mil coisas em comum com uma menina da Tailândia, desde brincadeiras da infância com tamagotchi até visões políticas. E se por um lado fazer um curso fora no mês de agosto é arriscado, pelos preços de alta temporada, por outro tive a chance de conhecer bastante europeus, de países e idiomas diferentes, já que este período é férias por lá. Essa variedade cultural foi realmente o fator que mais enriqueceu a experiência.

A escola também oferecia aulas extras de gramática e promovia atividades com os alunos, como festinhas, idas a musicais da Broadway ou a jogos de beisebol. Mas no fim, o que mais aproveitei mesmo foram as aulas tradicionais e até senti falta depois que acabou, porque conheci muita gente legal e senti que dei uma boa evoluída no inglês. Relembrei algumas regras, entendi melhor outras e aprendi muita coisa nova também. Por ser todo dia, o mergulho no idioma é intenso e quando a experiência é bacana, com pessoas e professores legais, acho que os conceitos se fixam melhor na nossa cabeça.

Para quem já tem vontade ou sente a necessidade de fazer intercâmbio, eu super recomendo! Claro que para cada um a experiência é diferente – no meu caso foi ótima, mas sei que nem sempre é assim. Acho que tem que pesquisar bastante para se sentir seguro e se jogar mesmo, perder a vergonha e falar com o máximo de pessoas possível, participar das aulas, marcar programas fora da escola para intensificar a vivência e dar uma turbinada no aprendizado. Na pior das hipóteses, se não for tãaao incrível, pelo menos terá histórias para contar e experiência para as próximas 😉

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Caso queiram saber mais, tenham dúvidas ou histórias de intercâmbio para compartilhar, deixe aí seus pitacos nos comentários 🙂

Links na bagagem :: Leituras da semana #14

Dei um tempinho de links para isso aqui não virar só um blog com minhas leituras favoritas – com a falta de tempo, é fácil fácil isso acontecer. Mas olha, esses dias têm rendido muita coisa bacana, nem sei se vai caber tudo aqui! 😮

Então, excepcionalmente em uma terça-feira, seguem os links das últimas semanas!

Caçador de Aurora Boreal diz perder noção de espaço e tempo com luzes no céu – Vidaria

marcobrotto

Já falei do Vidaria, projeto da Gabriela Gasparin, por aqui. O blog que virou livro reúne textos e entrevistas feitos pela jornalista com pessoas de diferentes mundos, todas respondendo qual é o sentido da vida. Dessa vez, ela conta a história do Marco Brotto, que já fez 15 expedições para o Ártico em busca da Aurora Boreal e já passou por lugares como Noruega , Alasca, Rússia , Islândia , Finlândia e vários outros. Lendo o texto só dá ainda mais vontade de viajar, ver o fenômeno e sentir todas essas sensações que o Marco conta para a Gabi. A foto acima é dele, inclusive 😉

Kama Seatra: What’s Your Sky-High Slumber Style? – The Huffington Post

kamaseatra

Quão sensacional a ideia de fazer um “kamasutra” de posições… para dormir em um avião? Hahaha eu adorei e me vi em várias delas – afinal, cada hora tentamos de um jeito né? Essa posição aí de cima, que escolhi para ilustrar o post, pra mim não funciona muito para dormir, mas ajuda a alongar as costas. E a sua preferida, qual é? Entra lá e relembre esse momento tãããão agradável das viagens 😦 Dá até uma deprê né? Então vamos de link extra: Dicas para (tentar) dormir melhor durante os voos.

Café temático inspirado em Breaking Bad é inaugurado em Istambul – Follow the Colours

breakingbad

Quero minha passagem para Istambul agora! Outra ideia incrível e realizada de forma super caprichosa. O ambiente é todo inspirado no laboratório de metanfetamina retratado na série, os funcionários usam as roupas que o Walter White e o Jesse usavam na fabricação da substância, há tabela periódica nas paredes e o melhor: eles fazem o cristal azul, só que de açúcar e decora alguns cupcakes vendidos por lá! ❤

Estudo prova que passar pelo menos quatro dias na natureza sem tecnologias aumenta a criatividade em até 50% – Jardim Saúde

natureza

Esse link eu até já compartilhei na página do Papetes no Facebook, indicação da Gabi Gasparin (ela de novo! rs). Smartphone, iPad, Netflix, é tanta coisa que está presente no nosso cotidiano que fica difícil largar em uma viagem. Só que vale a tentativa, agora tem até estudo para comprovar o benefício que se desligar da tecnologia faz com o nosso cérebro e nosso corpo. Sempre lembro daquelas vinhetas da MTV: Desligue a TV e vá ler um livro. Meio por aí 😉

A história das etiquetas de bagagens dos hotéis de São Paulo – SP Antiga

hotel_danubio

Para quem curte São Paulo e história, esse site é um prato cheio. O autor Douglas Nascimento é pesquisador e publica um monte de fotos antigas e as origens de bairros, ruas, monumentos, enfim, tudo tudo tudo o que é da historia da cidade. Nesse post, ele compartilha com os leitores seu acervo coleção de etiquetas de bagagem de hotéis de São Paulo. Você sabia que existia isso? Esses adesivos eram super descolados, pois eram uma forma de decorar as malas e registrar por onde passou. É uma viagem no tempo que também revela um pouco da arquitetura dos hotéis da cidade.

Dicas para evitar ser roubado na Europa (principalmente em Barcelona) – Achados

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A Adriana Setti deu umas dicas super práticas para escapar das mãos bobas dos assaltantes na Europa. A gente fica mais tranquilo quando viaja para países europeu, é fato, mas não dá também para relaxar 100% e achar que em lugares movimentados sua bolsa não corre perigo. É bom estar sempre alerta 😉

How To Pronounce The Names of 24 Famous Places You‘ve Mispronounced Your Entire Life – Demilked

nomes

Que tal um pouquinho de aula de pronúncia? Eu to voltando a estudar línguas e to nessa função e achei que esse post veio bem a calhar – ainda mais quando se trata de nomes tipo esse da foto. Mesmo aqueles que você acha que sabe falar, vale dar uma checada, um detalhe ou outro às vezes fazem toda a diferença.

7 dicas para viajar depois dos 60 (ou levar os mais velhos para viajar) – Viaje na Viagem

idosos

Depois do post da Lud sobre hostels que não aceitam pessoas acima de 45 anos (!!!), esse texto recheado de boas dicas da Mariana Amaral, do site do Ricardo Freire, caiu como uma luva. Ela lista cuidados básicos, como a escolha da hospedagem e uma programação mais leve, para quem já está na tal terceira idade – ou para quem planeja viajar com eles. Fica a dica 😉