Escala cultural :: Série Pan Am

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Aparecia direto no Netflix uma imagem de quatro aeromoças de azul, uniforme retrô e o título “Pan Am” – a mítica companhia aérea dos Estados Unidos. Vi que tinha a Christina Ricci (pra mim, a eterna Vandinha da Família Adams) e me animei a ver, achando que era um filme. Melhor: é uma série!

Exibido entre 2011 e 2012, o programa durou apenas uma temporada de 14 episódios porque não rendeu audiência. De fato, “Pan Am” não teria como se destacar muito frente a tantas séries dinâmicas e com enredos ricos que vêm sendo feitas. Tem outro ritmo e o suspense é pouco. O jornal The Guardian acho que resumiu bem: Mad Men With Wings (Mad Men com asas), por também abusar da nostalgia, já que se passa nos anos 60.

O que não quer dizer que não vale a pena assistir! Vi todos os episódios e fiquei com gostinho de quero mais. Por isso achei bacana contar um pouco do que é a série:

O que é a Pan Am?

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Foi a maior companhia aérea dos Estados Unidos até 1991, quando encerrou as atividades. Começou a operar em 1927, com voo inaugural de Key West para Havana (quem diria!). Em seguida, começou a expandir para todo o continente, dominando o mercado latino americano, com voos para Buenos Aires e Rio de Janeiro.

Nos anos 70, chegou a atender mais de 150 países e estava presente em todos os continentes (exceto a Antártica), mas com a crise do petróleo em 1973 começou a decair. Chegou até a sofrer um ataque terrorista em 1988, quando uma bomba explodiu um de seus aviões. Dali em diante passou a vender rotas e aeronaves às concorrentes Delta e United Arlines até a sua falência.

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Prédio da Pan Am em Nova York. Foto: Acervo Pan Am

Sinopse da série

O seriado se passa em 1963, ou seja, a era de ouro dos Estados Unidos. Nessa época o sonho americano estava no auge e o mundo todo começava a seguir as tendências de moda, música e comportamento do país. A série “Pan Am” acompanha a equipe que faz o primeiro voo Nova York-Londres em um jato, chamado de “Clipper” pela empresa.

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Os protagonistas são as quatro aeromoças, o capitão e o primeiro piloto desse voo. Vamos apresentá-los: Maggie, comissária mais experiente, irreverente e politizada; Colette, francesa que perdeu os pais durante a Segunda Guerra; Kate, que começa a ser espiã do governo americano; e Laura, sua irmã, que abandonou o noivo no altar para viver a aventura de ser uma comissária de bordo. Dean estreia como capitão neste voo e sonha em se casar com uma aeromoça misteriosa que desaparece da empresa, e Ted, o co-piloto, vive frustrado por não ser o capitão.

O enredo mescla bem romance com um pouco de ação, graças a turbulências e outros imprevistos dos voos, mas principalmente graças a Kate, a aeromoça-espiã. A cada episódio ela tem que cumprir uma missão e isso gera uma certa tensão no ar.

O que tem de bom?

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Para quem gosta de viajar, é comum já ter sonhado em ser piloto de avião ou aeromoça. A série foi feita para atiçar ainda mais essa vontade, porque mostra bastante o glamour dessas carreiras na época. O status de ser uma comissária nos anos 60 era altíssimo: elas viajavam o mundo, eram independentes e acabaram se tornando símbolos sexuais dessa geração, pois eram lindas, elegantes e estavam sempre em forma – o que era até um pré-requisito, como mostram algumas cenas da série, quando as mulheres eram obrigadas a se pesar sempre antes de embarcar (!).

“Pan Am” inclui um pouco dos bastidores das aeromoças e dos pilotos na trama – com uma certa dose de romantismo também, é claro. Os episódios trazem à tona os jogos de poder para virar um piloto, as conversas das aeromoças enquanto estão na “copa” do avião, os perrengues com passageiros encrenqueiros, o que acontece quando tem uma turbulência ou emergência, e até situações desagradáveis, como quando uma das aeromoças encontra seu namorado no avião e descobre ali mesmo que ele é casado e tem filhos.

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O contexto histórico é outro ponto interessante da série, que retrata os Estados Unidos em plena Guerra Fria. Há cenas em Cuba, em Berlim e na Rússia e referências ao presidente Kennedy, que governava o país na época. Apesar de o foco não ser esse, os acontecimentos históricos se integram bem à trama.

Para quem curte uma sessão nostalgia, vai adorar se transportar para a série, se imaginar nos anos 60 e observar as diversas mudanças que ocorreram no estilo de viajar nesses anos. Os uniformes das comissárias, a rotina de um voo, as bagagens, o espaço entre os assentos, as refeições e permissões (como fumar à bordo) são diferentes, sim. Mas para quem viaja nada disso importa. O que vale mesmo é a sensação de liberdade ao voar e esperar um mundo novo aparecer na janelinha – e é isso que a série consegue provocar.