Memória :: Músicas de viagem

Músicos tocando na praça principal de Santiago de Cuba, em 2010 – Foto: Débora Costa e Silva

A trilha sonora é um elemento essencial em uma viagem e acaba sendo quase tão marcante quanto uma atração turística ou uma experiência gastronômica. Não importa se as músicas que embalaram o seu rolê eram de algum artista local, ou se faziam parte da seleção que você levou para ouvir (em K7s, CDs, MP3, playlist do Spotify) ou ainda um hit meio tosco da época. Uma coisa é fato: essas canções vão servir sempre como um portal para revisitar aquele lugar.

Uma das coisas que mais curto fazer nos preparativos é já ir ouvindo umas músicas da região ou país que vou visitar para entrar no clima. Afinal, se uma música é capaz de nos transportar para onde já estivemos, ela também deve ser capaz de nos levar para lugares que ainda não fomos. Foi assim com Cuba – aliás, boa parte da minha motivação de ir para lá foi por conta da música. Mergulhei nos clássicos do Buena Vista Social Club e do grupo Orishas e ouvia tudo quanto era salsa cubana.

Engraçado é que, entre uma “Guantanamera” e outra, a música que mais ouvi por lá não foi uma salsa nem um bolero, muito menos bossa nova (e olha que em quase todo bar com som ao vivo rolava um momento Brasil com “Garota de Ipanema”). O hit que marcou a viagem foi mesmo uma musiquinha bem pop, “We no Speak Americano”, da Yolanda B. Cool – também conhecida pelo refrão que diz “Papanamericano”, tocava em todas as festas 😊.

O hit do momento foi só a cereja do bolo para a miscelânea latina cheia dos batuques deliciosos que fizeram a trilha de Cuba – que era, de fato, extremamente musical como eu imaginava, com um conjuntinho tocando a casa esquina em Havana, Trinidad e Santiago de Cuba. Mas em uma viagem, sempre que é possível tento ir a algum show, festa ou bar que tenha um som ao vivo para conhecer a música regional.

Quando fui para a Espanha, foi a vez de outro clichê: o flamenco. Fui a uma apresentação em Barcelona e em outras três em Sevilha. Uma mais incrível que a outra, com músicos e dançarinos fantásticos, sempre em casas pequenas e charmosinhas. Queria ter visto mais castanholas e cajon, mas depois soube que esses instrumentos foram incorporados mais recentemente. Os shows que vi eram mais crus e tradicionais, apenas com violão, sapateado, palmas e só.

Flamenco em Barcelona, em 2011, só com violão, voz, sapateado e palmas – Foto: Débora Costa e Silva

Mas apesar desse mergulho no flamenco, o lado B das minhas memórias espanholas guarda outros estilos que nada têm a ver com a música feita na Espanha (até onde eu sei). Foi em Barcelona que conheci a banda Baiana System, apresentada pelos meus amigos Fernando e Milena, e Madri ficou marcada pelas músicas da Whitney Houston e do Daniel (sim, o sertanejo), que eu e meu amigo Fellipe vivíamos cantando por lá.

Os clássicos da Madonna me lembram as viagens de carro que fazia para o interior ou litoral de São Paulo com a minha mãe; o álbum acústico dos Titãs e o “Pulse” do Pink Floyd as viagens pelo interior do Rio de Janeiro com o meu pai; uns reggaes ruins embalaram minhas idas e vindas para Floripa com as amigas de infância e nem vou mencionar quais axés marcaram minha viagem para Porto Seguro, deixa pra lá 😛

Mesmo quando fui para Londres e Liverpool com a minha irmã e fizemos um tour temático dos Beatles, acabamos ouvindo o que? John Mayer. Foram as músicas dele que embalaram a viagem, nada de “Eleanor Rigby”. Rolou algo assim também em Bariloche, na Argentina, com o cantor uruguaio Jorge Drexler. Tocou o álbum “Eco” inteiro em uma noite num bar (e ainda repetiu, acho que só tinham esse). Agora, quando toca Jorge Drexler, já me transporto para Bariloche, e não pro Uruguai – talvez também porque nunca estive lá rs.

Enfim, é uma delícia viajar inspirada por música, como foi Liverpool, Cuba e mesmo Nova York – e outras que ainda quero fazer. Mas ainda que eu planeje fazer um tour musical, não necessariamente aquele determinado estilo vá compor a trilha sonora. Como em quase toda viagem, o elemento surpresa sempre dá as caras, nunca decepciona. E é ele que nos leva a vivências diferentes, apresenta músicas, relembra de outras e faz de cada viagem única.

Nova York :: Top 10 melhores experiências

Há um ano eu chegava em Nova York para passar uma temporada de três meses. E entre tantos sonhos, planos e expectativas que levei comigo, ainda tive o privilégio de vivenciar inúmeras experiências que estavam fora do roteiro e sequer passavam pela minha cabeça. São essas surpresas as melhores coisas de uma viagem – e da vida né?

Para comemorar e matar um pouco a saudade, resolvi reunir aqui algumas das coisas mais especiais e inusitadas que vivi por lá. Afinal de contas, foi em busca de momentos como estes que me levaram a fazer essa viagem ❤

Show Hiatus Kaiyote + Erikah Badu em Coney Island

Numa dessas noites de insônia ainda em São Paulo, descobri por acaso que uma das minhas bandas preferidas, a Hiatus Kaiyote, ia fazer um show em Nova York logo no dia seguinte à minha chegada. Melhor ainda: com a cantora Erikah Badu, musa mór maravilhosa, e em Coney Island, um lugar fofo que eu já era louca para conhecer. Foi meu primeiro passeio e o clima gostoso de férias de verão ditou toda a vibe do início da viagem. Passei o dia na areia tomando sol, lendo e ouvindo música.

O show foi em um anfiteatro montado no calçadão e começou durante o pôr-do-sol. A banda tocou para uma plateia um pouco vazia, mas nem liguei, porque o público estava em êxtase (e eu também rs). E antes do show da Eryka Badu, que foi incrível, tiro-porrada-e-bomba, ainda conversei com o baterista da banda <3. Não poderia ter começado melhor! PS: ainda vi outro show da Hiatus em Montauk, em outro dia igualmente mágico, que já escrevi sobre aqui.

“Labirinto” + banda do Bowie no Prospect Park

Confesso aqui, com certa vergonha, que nunca tinha assistido ao filme “Labirinto”. Sabia dele, conhecia a história e tal, mas passou batido na minha infância. No fim das contas, corrigi essa falha de um jeito bem especial, que fez valer a pena a demora.

Fui a uma exibição do filme no Prospect Park, como parte da programação de verão, que contou com a abertura de um show de jazz com os músicos que tocaram no álbum Blackstar, o último gravado por David Bowie. Fizeram uma baita homenagem, com a plateia e os artistas emocionados lembrando do cantor.

Assistir a esse filme, cheio de fantasia e criaturinhas bizarras, em um parque à noite, tomando cerveja, com uma plateia lotada de fãs interagindo e aplaudindo a cada aparição do Bowie… foi mesmo uma experiência única. Estava na companhia de uma amiga italiana, a Sara, que sabia até algumas falas de cor e estava emocionadíssima de ver o filme preferido da infância – cuja protagonista se chama Sarah também :-).

Madonnathon

Há mais de 10 anos, um grupo de fãs da Madonna promove uma festa temática no mês de agosto em NY em comemoração ao aniversário da cantora. Fiquei sabendo dessa festa pela revista Time Out e fui com uma amiga francesa do curso de inglês, que para a minha surpresa, deixou a timidez em casa e se jogou na pista comigo \o/.

Logo na entrada da casa (no Brookyn Bowl, um boliche-balada), havia um grupo de meninas maquiando o pessoal que quisesse se caracterizar como Madonna. Ok, elas só passavam um batom vermelho e faziam uma pinta com lápis entre o nariz e a boca rs, nada em comparação à produção dos mais empolgados – muitos usando vestido de noiva (em referência a Like a Virgin) ou corpetes com cones nos seios, como o visual da turnê Blonde Ambition – mas já promovia uma interação legal entre os fãs.

O melhor da festa era o que rolava no palco principal. Uma banda com três backing vocals maravilhosos tocaram os sucessos da musa, com arranjos diferentes para as músicas, mais puxados pro rock. A cada canção entrava em cena um cantor diferente, um melhor que o outro, todos com um estilo bem próprio. Nos intervalos, o palco era tomado por um concurso de drag queens caracterizadas de Madonna.

Já fui em alguns shows dela e devo dizer que a vibe dessa festa não ficou muito atrás. Não havia uma super produção e nem a presença da Madonna, claro, mas falo isso muito mais pelo o que a festa representou. Foi uma noite catártica, dançando as músicas dela junto com pessoas que nunca vi na vida, mas que estavam todas na mesma sintonia.  Sem contar o nível musical excelente do grupo, cantores fantásticos e o clima de nostalgia e celebração total <3.

Topless Day

Topless é permitido em Nova York, mas ainda não é muito bem aceito pela sociedade. Por isso, todo ano ativistas fazem uma passeata pró-topless e aproveitam para disseminarem a liberdade de expressão e condenarem o preconceito e o machismo. Fui acompanhar e fiquei surpresa ao me deparar com uma quantidade muito maior de homens do que de mulheres no ato.

A abordagem deles foi extremamente invasiva, tentando tirar fotos e se aproximando das mulheres que estavam com os seios à mostra. Conversei e entrevistei algumas delas, que disseram que esse tipo de atitude só mostra o quanto um protesto como este ainda se faz necessário. Escrevi uma matéria para a Revista Azmina sobre isso depois e fiquei bem feliz de ter conhecido mulheres e ativistas tão inspiradoras 🙂

Hip Hop Tour

Uma das coisas que me motivaram a ir para Nova York foi a cena cultural. É uma cidade que teve um papel fundamental no surgimento e consolidação de diversos movimentos artísticos e gêneros musicais – um deles, claro, o hip hop. Tive a chance de fazer um tour pelo Harlem e pelo Bronx (que rendeu também uma matéria no UOL) visitando pontos marcantes para o movimento, e ainda na mesma época do lançamento da série “Get Down“, do Netflix, que conta justamente essa história do final dos anos 70.

Se por um lado era um tour convencional, por ter um guia, turistas e uma van, foi também um dos mais originais e divertidos que já fiz. O nosso guia foi o rapper Reggie Rag, que teve o auge da carreira no início dos anos 80. Ao longo do passeio, entre rimas, risadas e gritos “hey” e “yo”, ele foi contando histórias curiosas sobre o nascimento do hip hop, enquanto mostrava pela janela, ou em algumas paradas que fizemos, lugares que foram cenário de batalhas de rimas, de DJs, grafites, points para grupos de break e outros – até o Yankee Stadium estava no roteiro.

Trivias de séries

Toda semana eu via no guia da Time Out algum evento de trivia de alguma série e nunca entendia muito bem o que era ou como funcionava. Até que um dia vi um de “Sex And The City” que dizia: os vencedores do jogo ganham drinks cosmopolitan. Ok, isso já me convenceu a ir lá participar e ver o que era rs.

O que mais tem em Nova York – talvez nos EUA todo – são fãs de alguma coisa se reunindo para reverenciar e curtir juntos aquilo que amam. No caso das séries, essas trivias são reuniões em bares em que os participantes formam um time (geralmente com 4 pessoas) para responder perguntas sobre o programa. E o pessoal capricha, joga cenas no telão, faz perguntas sobre figurino, detalhes sobre participações especiais, histórico de personagens… E quem ganha leva um drink ou cerveja de graça – pelo menos nos que fui.

Sim, fui em dois, o de “Sex And The City” e outro de “Gilmore Girls”. O primeiro foi mais divertido porque o pessoal estava mais eufórico rs. Montei o time com duas mulheres que sabiam MUITO da série – elas lembravam de falas específicas de não uma ou outra, mas de VÁRIAS cenas -, e conforme o jogo avançava, o pessoal ia ficando mais e mais competitivo. É curioso, é bizarro, mas vale muito ir em uma desses eventos pra conhecer gente e dar risada.

Photoville

Uma das coisas que eu mais queria fazer em Nova York era um curso de fotografia – o que foi inviável, infelizmente. Todos eram muito caros e mesmo os mais em conta, tipo workshops, iam me custar o valor de uma semana de hospedagem + alimentação. Mas aproveitei para praticar do mesmo jeito, fazendo muitas fotos, indo a exposições e ainda tive a sorte de poder acompanhar um mega evento de fotografia, o Photoville, que para mim valeu como um curso.

Durante 4 dias, uma área do Brooklyn Bridge Park foi tomada por contêineres, onde em cada um deles rolava alguma exposição ou workshop de fotografia. Tinham espaços da National Geographic, Leica, Magnum, Getty Images e tantas outras organizações e marcas relacionadas a fotografia. O melhor é que o acesso a feira era gratuito e  em um espaço inspirador por si só.

Além de conhecer muitos trabalhos legais, o que mais gostei foram as atividades interativas. O estande da Leica, por exemplo, emprestava uma câmera da marca para os visitantes por 90 minutos. Era mais proveitoso se você estivesse com seu cartão de memória, assim dava para salvar as fotos feitas com a câmera deles (foi o que fiz :-)).

Outro legal era da Fujifilm, com o projeto “Highlighting Humanity“: eles emprestavam uma câmera instantânea da marca que fazia fotos estilo polaroid para você fazer 5 cliques pela feira sobre o tema “humanidade”. Depois, você escolhia uma para deixar com eles e integrar a exposição e levava as outras 4 fotos com você. 🙂

Manhattan Neighborhood Network

Não rolou curso de fotografia, mas rolou de vídeo :-). Por indicação da amiga Rogéria, do site Vem Pra NY, me inscrevi para um curso de produção de vídeo na Manhattan Neighborhood Network, uma rede de televisão a cabo pública de Nova York. Eles dão aulas gratuitas para residentes de Manhattan, com acesso às ilhas de edição e estúdios, fornecem câmeras e equipamentos para gravar externas e levam também alguns profissionais da área para dar palestras.

Fiz dois workshops, sobre YouTube e Narrativas Visuais, e um curso de produção de vídeo para IPad. Escolhi esse por achar mais útil para mim, para ter uma noção melhor de todo o processo e poder aplicar o que aprendi utilizando qualquer equipamento, já que não pretendo me especializar nem trabalhar em estúdio.

Além do aprendizado, a parte mais legal foram as pessoas que conheci lá. Achei bem interessante que eu era a única estrangeira (todos eram novaiorquinos) e também a mais nova (a maioria tinha mais de 50 anos). Minha turma era composta por mulheres que não tinham tido o menor contato com a área de comunicação antes (eram donas de casa, comerciantes, professoras, entre outras).

Foi incrível conhecer essas mulheres que sonhavam em montar seu próprio filme ou canal no YouTube. Havia uma astróloga ansiosa para gravar suas previsões em vídeo, outra senhora queria fazer um documentário sobre a comunidade latina de NY e a Minnie (na foto), uma verdadeira colecionadora de artigos de moda. Estilosa, cada dia ia com óculos escuros de cor diferente (tem mais de 300), sempre combinando com suas roupas, colares e pulseiras. Ela queria contar histórias de pessoas diferentes, que tivessem um visual próprio – ou qualquer outra coisa que a fizesse brilhar os olhos. Foi minha dupla e acabou se tornando uma amiga <3.

Palestra com a Sarah Jessica Parker

O jornal The New York Times promove uma série de eventos chamada Times Talks, que são entrevistas feitas com personalidades abertas ao público (com entrada paga), mas que dão a oportunidade de acompanhar o bate-papo e até fazer uma pergunta. Quem me deu a dica foi minha amiga Karina, que participou de um Times Talks com o ator Daniel Radcliffe, dos filmes do Harry Potter. Comprei ingresso para ver a entrevista com a atriz Sarah Jessica Parker – a intérprete de Carrie Bradshaw, de “Sex And The City”, estava lançando a série “Divorce”.

O bate-papo rolou em um dos auditórios da NYU e foi demais ter acompanhado. Como era de se esperar, falou-se muito de “Sex And The City”, além da série nova, literatura (ela tinha acabado de lançar uma linha editorial, a SPJ for Hogarth) e política (já que estávamos em um momento pré-eleições). Uma pena que não consegui fazer minha pergunta, não deu tempo de chegar a minha vez. Minha frustração ficou ainda maior com o tipo de perguntas que fizeram (“como você celebra o Natal na sua casa” foi uma delas…). No vídeo acima, dá para ver uma versão editada da entrevista 😉

NYC Village Halloween Parade

Uma das minhas prioridades nesta temporada em Nova York era estar lá durante o Halloween. Já tinha passado a data em Londres e foi demais andar nas ruas e ver todo mundo fantasiado, de crianças a idoso. Na 1ª vez em NYC (outubro de 2014), deu para sentir o clima e ver as casas decoradas. Nesta temporada de 2016, além de apreciar a decoração da cidade, curti uma das principais festas, a Village Halloween Parade.

É basicamente um desfile com as pessoas fantasiadas pelas ruas do bairro acompanhadas de carros de som. Você pode ir só para assistir – o que não recomendo, porque as pessoas ficam espremidas nas calçadas e mal dá para ver direito o que rola – ou desfilar mesmo, só que aí você obrigatoriamente precisa estar vestido a caráter.

Meio no improviso, acabei indo bem básica, com uma peruca laranja, boina e uma blusa de caveira – meu traje era de Judy, irmã do Doug Funnie versão Halloween rs. É uma dessas situações em que você se sente um pouco mal de não ter sido mais extravagante, já que a maioria capricha MUITO no visual, um mais criativo que o outro.

Confesso que no início achei o desfile um pouco chato. Parecia bloquinho de carnaval, com a diferença que estava frio, não podia beber cerveja (porque não pode beber nas ruas em Nova York) e ainda por cima não tinha música. Mas conforme os carros de som e as atrações foram surgindo, eu e minhas amigas começamos a animar e no fim das contas nos divertimos muito.

Teve carro de som com músicas pop, rock, rap e uns grupos de dança folclórica de vários lugares do mundo – até do Brasil, com uma escola de samba pocket – aí sim virou um pouco carnaval. Das mais legais, um grupo de música irlandesa e outro grupo de dança e banda marcial do Harlem, com umas danças meio afro, meio hip hop, era incrível. No fim, andamos pra caramba e terminamos a noite – a minha última na cidade – bebendo cerveja num pub. Valeu muito, foi um belo encerramento 🙂

Menções honrosas:

Além dessas experiências, tiveram outras também muito marcantes, mas que ou já foram citadas em outros posts – como a ida para Montauk, o passeio de caiaque no Hudson River e a apresentação da Patti Smith – ou devem entrar nos próximos. Ou talvez fiquem mesmo só na memória e nas fotos. Entre elas, estão o karaokê com banda (até cantei “Son of a Preacher Man”), show da Alicia Keys no programa Today Show, patinar no gelo no Bryant Park e os cultos nas igrejas do Harlem.

As idas a museus, peças e musicais também foram incríveis, bem como alguns passeios meio aleatórios pelas ruas, que por mais comuns que fossem, sempre traziam alguma descoberta ou uma sensação nova. Enfim, escrever tudo isso é bom para deixar registrado e matar um pouco a saudade de lá ❤

Nova York :: Café da manhã & Brunch

Old Country Coffee, meu café preferido de NY – Foto: Haeri S./Yelp

Café da manhã é amor sincero, amor verdadeiro <3. Minha refeição favorita merece um post especial por aqui, dedicado só aos lugares onde comi nas manhãs de Nova York. Apesar de quase todos os dias ter tomado café da manhã na residência onde eu morava – o saudoso Webster Apartments -, obviamente dei um pulo em alguns cafés e restaurantes da cidade para saborear outros quitutes.

Sei que logo me acostumei ao aguado café americano, sempre servido fervendo em baldes (o tamanho dos copos são enormes para os nossos padrões tão habituados a xícaras pequenininhas). Quando voltei, até achei os nossos expressos fortíssimos. Geleia foi outro item que incorporei ao cardápio depois da viagem. Nunca fui chegada a comer doce pelas manhãs, mas como a oferta por lá é grande, a cada dia ia pegando um pouquinho e quando vi, já não conseguia ficar sem 🙂

Brunch é outro costume típico dos novaiorquinos, programa clássico aos domingos. Que delícia que era passar a tarde jogando conversa fora e me esbaldando com bagels, panquecas, ovos, café e mimosas (suco de laranja com espumante). Além dos momentos de calmaria, na correria também descobri alguns bons lugares para tomar café, quando tava atrasada para algum compromisso, mas precisava dar uma paradinha para comprar um americano e tomar aquela injeção de ânimo ou esquentar o corpo.

Minha relação com os cafés ficou ainda mais forte quando comecei a passar tardes e mais tardes em algumas cafeterias, seguindo o exemplo da musa Patti Smith. Em seu livro “Linha M”, que li durante minha estada em NY, os cafés são cenários de alguns belos momentos de reflexão e descritos com bastante poesia. Em dias frios ou quando meu espírito não estava dos mais animados, elegia um cantinho desses como refúgio e esse ritual foi uma das coisas que mais marcou minha viagem 🙂

Bom, vamos ao que interessa: aí vai a lista dos lugares que mais curti tomar café da manhã (ou da tarde) em Nova York ❤

Old Country Coffee

Não poderia começar com outro lugar, já que foi aqui onde passei boa parte das minhas tardes atualizando o blog, fazendo os frelas, organizando fotos e até vendo Gilmore Girls. Conheci o espaço já no terceiro dia em que estava em Nova York. Queria passar a tarde de boa em algum café e me encantei por este, na própria 34th street, a um quarteirão de onde eu morava.

A decoração rústica, com móveis de madeira e poltronas de couro, e a trilha sonora de jazz e soul já me ganharam de cara. Ali virou meu ponto de parada preferido, levei amigos, fiz amigos e experimentei um pouco de tudo: café, capuccino, chá, suco de laranja, bagel com cream cheese, cheesecake, muffin de blueberry, tortas e bolos.

O preço é um pouco salgado, mas recomendo o cardápio inteiro de olhos fechados. No entanto, é o ambiente que faz o lugar ser especial e aconchegante, tanto em dias tranquilos quanto movimentados.

Mais: https://www.yelp.com/biz/old-country-coffee-new-york

Riviera Cafe & Sports Bar

Taí um dos meus lugares preferidos da cidade. Já tinha ido lá à noite e gostado do clima, com área ao ar livre para os dias quentes, outra parte fechada para os dias frios, e um subsolo fervido com uma galera acompanhando jogos de beisebol ou futebol americano na TV. Mas foi graças a amiga Rogéria, PhD em Nova York e autora do blog Vem Pra NY, que descobri sua melhor versão: point para brunch aos domingos.

Por um preço fechado (US$ 18), você tem direito a qualquer prato do cardápio de brunch e bebidas à vontade. Sim, isso mesmo, incluindo café e mimosa. O clássico Eggs Benedict é delicioso e esse esqueminha é perfeito para curtir as tardes de domingo.
Mais: www.rivieracafeny.com

Baz Bagel

Falando em brunch, outro cantinho delicioso que descobri com outra amiga, a Parrichat, foi o Baz Bagel, que como o próprio nome diz, é o lugar para quem é fã de bagel, especialidade da casa. Lá tem muita variedade de pães, de recheios e acompanhamentos. Eu pedi bagel feito com canela (!) recheado de cream cheese misturado com blueberry (foto). Apenas maravilhoso <3. O ambiente é todo fofinho, com decoração clean e delicada, amei!
Mais: https://www.bazbagel.com

Red Eye Coffee

Uma portinha vermelha com um cartaz de lousa na porta me chamou a atenção num dia em que estava atrasada e precisava de um café para acordar. A minúscula cafeteria na 9th Avenue em frente a loja B&H me ganhou pela qualidade do café e do atendimento. Voltei e me apaixonei de vez, porque comi o melhor cookie da minha vida. O biscoito é macio na medida, com gotas de chocolate cremosas e generosas (não é um pingo, é praticamente um recheio de tanto que vem. Maravilhoso ❤
Mais: https://www.yelp.com/biz/red-eye-coffee-new-york

Southern Hospitallity BBQ

Com fome e com pressa, eu e minha amiga Mari acabamos entrando neste restaurante para almoçar rapidinho, pois iríamos ver em instantes o musical The Color Purple. Sem reserva e em pleno pico do horário de almoço, os minutos de espera para conseguir uma mesa pareciam uma eternidade, mas meu humor mudou no momento em que o um grupo de bluegrass, composto por músicos que pareciam saídos direto de Nashville, começou a tocar ao vivo. Aí caí nas graças do restaurante ❤

Além da música, a decoração da casa também contribui para essa atmosfera mais country, com mesas, bancos e piso de madeira, luz baixa, parede de tijolos aparentes e janelas envidraçadas com vista para a rua. O negócio ficou bom mesmo quando chegaram nossos pratos. Comi Eggs Benedict (sim, de novo, sempre rs) e tava sensacional, mais apimentado do que em outros lugares – o que eu adorei – e uma carne macia e suculenta (afinal, churrasco é a especialidade da casa). Pena que conheci só no final da viagem, repetiria com certeza em um dia com mais tempo para curtir o som- que rola sempre aos domingos durante o brunch 😉
Mais: http://www.southernhospitalitybbq.com/

Café Henri

Em Long Island City, no Queens, fui encontrar uma amiga, a Cris, nos arredores da estação de metrô Vernon Boulevard – Jackson Avenue. Caminhamos pela Vernon Boulevard, onde há diversos restaurantes e barzinhos legais, e encontramos este bistrô francês super charmoso. O café estava mesmo uma delícia, mas o ponto alto para mim foi a sobremesa: crème brûlée com morango e hortelã. Além de tudo era bem servido. Depois descobrimos que o café é do chef Cosme Aguillar, da Casa Enrique, restaurante que já conquistou uma estrela Michellin.
Mais: https://henrinyc.com/cafe-henri/

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E aí, faltou algum café ou restaurante nesta lista? Deixe sua dica nos comentários! 🙂

Para ler mais sobre os passeios que fiz em Nova York, clique aqui!

Fotos: Débora Costa e Silva – exceto a primeira e segunda foto do Old Country Coffee (Haeri S/Yelp), a do Red Eye Coffee (Peter C/Yelp) e a primeira foto do Southern Hospitallity BBQ (divulgação).

Travel Tattoo :: Fred Itioka

O Fred Itioka é dessas pessoas que têm uma vida inteira pautada por viagens. Jornalista, ele sempre se dedicou a explorar o mundo e mergulhar em culturas diferentes, desde sua primeira viagem sozinho, aos 15 anos para o Canadá, até mais recentemente quando realizou o sonho de ir para o Irã.

Seja de férias ou a trabalho, ele sempre dá um jeito de dar uma escapadinha do roteiro tradicional de turista para vivenciar o dia a dia como um local. E com tantas idas e vindas, se orgulha de ter cultivado amizades com gente dos quatro cantos do globo ao longo dos anos.

Para compartilhar um pouco de suas experiências pelo mundo, o Fred criou uma conta no Instagram em que posta fotos das várias viagens que já fez, o FlyingFredy. No mundo offline, suas paixões também estão registradas, mas na pele: ele tem 9 tatuagens. Algumas representam a natureza, como o sol e as ondas do mar, outras são símbolos de lugares especiais que já visitou, como o Japão e Toronto. Conheça mais cada história e as tattoos do Fred na entrevista  abaixo 😉

Quantas e quais são as tatuagens que você tem e em quais lugares do corpo?
Tenho 9 tatuagens: uma em cada perna, nos dedos e na mão esquerda, no ombro e no antebraço esquerdo, no pulso direito, nas costas e no braço direito.

Quando e onde foram feitas?
Todas foram feitas em São Paulo em fases diferentes da vida. A primeira foi nas costas quando tinha uns 20 anos e meio escondida dos pais. Era a moda do tribal. As demais foram acompanhando momentos e todos ganharam esta metáfora e simbologia de novas etapas.

Qual o significado de cada uma? Têm relação com viagens que você fez? 
As tribais foram modinha e não têm significado nenhum. Fui me preocupar com isto quando fui me tornando um adepto da tatuagem. A partir daí, três das tatuagens são referências ao sol. Gosto da conexão com a energia, com o novo dia, da positividade.

Uma da perna são ondas do mar porque sou apaixonado pelo mar e por tudo que está ligado a ele: oceanos, o mundo, as viagens dos conquistadores, a expansão. O mar te abraça, te envolve.

Também tenho uma tatuagem de crisântemo na mão. É uma flor com uma simbologia muito forte no Japão, terra dos meus ancestrais e pra onde fui duas vezes. O crisântemo é a flor-símbolo da família imperial japonesa, é o símbolo do visto e passaportes nipônicos e para cada cor existe um significado.

No braço tenho a folha de maple, símbolo-mór do Canadá, país que mais amo nesta vida, onde morei quando fui adolescente e pra onde sempre vou quando posso. Às vezes até escolho um voo com stop over em Toronto antes de seguir para outro destino. Digo que o Canadá está tatuado na minha pele e na minha alma.

A mais recente tatuagem, que fiz no final de 2016, foram as letras YYZ – código para o aeroporto internacional de Toronto. Pelo mesmo motivo acima: de todas as cidades canadenses que já visitei (e olha que foram muitas), Toronto tem cheiro de casa. É onde estão amigos, onde sinto que minhas pegadas estão eternizadas, onde uma parte de mim permanece até hoje.

Curioso porque muita gente me para na rua pra perguntar o significado do YYZ e poucos desvendam de primeira. E os fãs de rock me perguntam se é homenagem ao grupo canadense Ruh, que tem uma música chamada YYZ ( que inclusive foi uma homenagem da banda a Toronto).

Qual sua relação com viagens? O quanto você acha que elas te definem?
Minha família sempre gostou de viajar. Lembro que a gente não parava um final e semana em casa. Também na escola as matérias preferidas eram geografia, história e literatura. Sonhava em conhecer lugares de povos antigos, sempre fui fascinado por mapas (e sou até hoje ) e ficava horas olhando o globo terrestre.

Passei a viajar sozinho aos 15 anos primeiramente pelos albergues da juventude. Comecei pelo Brasil e depois me aventurei pelo exterior. Sempre amei viajar sozinho, porque gosto do desconhecido, de explorar novas culturas, conhecer gente por aí. Fiz muitos amigos viajando na mesma situação, gente com quem tenho contato até hoje!

Acompanhei estes amigos crescerem, casarem, terem filhos! Tudo à distância, tudo por carta! Fora muitas cartas e cartões postais! Alguns amigos tive a oportunidade de rever quando decidimos nos reencontrar aí pelo mundo. Outros vieram ao Brasil e ficaram em casa. Cheguei à conclusão que várias amizades on the road atravessam estradas e o tempo!

Também viajei e viajo muito a trabalho e por mais que a agenda nem sempre permita, gosto de arrumar um tempo pra fugir dos pontos turísticos e conhecer o dia a dia do local: ir à feira, comércio e restaurantes populares, conversar com os habitantes e principalmente me perder. Adoro me perder pelas cidades e ver tudo por um outro prisma, nem sempre glamouroso.

Além das viagens, já fixou residência em outro país?
Sim, morei em Toronto quando adolescente. Como é uma cidade de imigrantes, tomei gosto em estabelecer contato com as culturas diversas. Toronto é uma metrópole multicultural e é fascinante ter experiências como almoçar num restaurante etíope e jantar em um iraniano na companhia de amigos chineses ou búlgaros.

Quais foram os lugares mais inusitados que você já conheceu? 
Acho que o lugar mais inusitado foi o Irã, que visitei no ano passado. Sempre tive um fascínio pelo Império Persa e foram anos de ensaio até conseguir concretizar. Muita gente me alertava por ser um país islâmico, associavam o país aos terroristas. Pesquisei muito, li livros dos meus amigos jornalistas Adriana Carranca (“O Irã Sob o Chador“) e Samy Adghirni (“Os Iranianos“), correspondente da Folha em Teerã, e finalmente resolvi ir e com meu companheiro!

Teerã foi o ponto de chegada e partida para o interior do país. Me senti em um filme iraniano. Tinha uma mistura de receio e excitação em estar lá. Aos poucos fui descobrindo que os homens carrancudos não eram assim tão carrancudos, que as mulheres de véu negro eram belas e sorridentes, que são generosos e carentes de contato com outros povos.

Fui confundido com turista japonês, mas quando disse que era brasileiro… tudo mudou! Os garçons falavam de nomes de jogadores de futebol, bradavam Ronaldo! Estudantes arriscavam a falar um Hello pra mim nas ruas! E a grande emoção: pisar em Persépolis, o berço do Império Persa! Em Pasárgada, onde o Rei Ciro está enterrado. Quem diria que um dia eu setaria ali? Lembrei dos tempos de escola e me emocionei muito.

Tem planos de fazer outras tatuagens relacionadas a viagem? 
Tatuagem pra mim é como viagem: penso todos os dias, todas as horas. Já quero fazer uma outra, talvez um simbolo de um avião ou o globo terrestre. Eu sei, é clichê. Mas fazer o quê? A tatuagem tem que vir do coração. E o meu é 1000% viagem.

E você, tem alguma tatuagem que tenha sido inspirada por alguma viagem? Conte a sua história também! Mande para papetespelomundo@gmail.com

Veja mais posts da série Travel Tattoo!

Chile :: Domingo em Santiago

Charme de interior no centro de artesanato Pueblito Los Dominicos. Fotos do post: Débora Costa e Silva

Santiago sempre foi uma cidade muito querida para mim. Estive lá a trabalho algumas vezes e em todas vivi momentos especiais – inclusive na minha primeira press trip internacional, para a Terra do Fogo na Patagônia, a capital chilena finalizou um roteiro de 7 dias cheios de emoção. Mas sempre saí de lá com gostinho de quero mais, porque a cidade sempre foi um ponto de bate volta para outros destinos do país. Toda vez passava um dia ou dois no máximo, por isso achei que valia a pena ir para ficar com calma e sentir melhor o clima do lugar.

Aproveitando que teria o casamento de um amigo em Santiago, voltei para lá no início de março, desta vez com a minha mãe. Foi bacana ter tido uma percepção mais completa da cidade e conectar os vários pontos já visitados em um mapa mental. Ir para lá e para cá de metrô também fez toda a diferença – aliás, que beleza de metrô! Cobre uma boa parte da capital, achei ótimo!

Mas uma coisa que todos que moram ou já visitaram Santiago me falavam é que aos domingos a cidade fica parada: os restaurantes fecham cedo (ou nem abrem), as ruas ficam desertas e quase não há opções do que fazer. O ideal é aproveitar para dar uma escapada para vinícolas ou cidades próximas, só que dessa vez isso não era uma opção para mim. Então tive que dar um jeito de preencher o domingo com atividades em Santiago mesmo e, para minha surpresa, encontrei várias coisas legais para fazer, descobri lugares novos e ainda reencontrei amigas queridas ❤

Então conto aqui um pouco mais do que fiz por lá nesse dia que prometia ser “morto” e acabou sendo um dos mais legais da viagem 🙂

Pueblito Los Dominicos

No último dia de viagem, minha mãe quis conhecer um lugar fora da região central e encontrou nas pesquisas o Pueblito Los Dominicos. É um centro de artesanato que fica pertinho da estação Los Dominicos, a última da linha linha vermelha do metrô, ao lado do Convento San Vicente Ferrer, que contempla uma igreja de estilo colonial, jardins e o próprio pueblo – tudo construído no início do século 19.

Não sabia muito o que esperar, achei que seria uma feirinha pequena, mas na verdade é um lugar amplo com muitas lojinhas e galerias bem rústicas, algumas com os próprios artistas confeccionando joias, quadros e esculturas no local.

Diferente de pontos mais turísticos, como o Pátio Bellavista e lojas no centro de Santiago, lá são vendidos produtos artesanais mais variados e mais elaborados, como utensílios domésticos de madeira e cobre, muitas joalherias com pedras de diversas regiões do Chile, roupas e acessórios de lã, couro e outros materiais, peças decorativas e também souvernirs típicos.

Para quem quer passar o dia por lá e explorar as lojas com mais tempo, há algumas opções de restaurantes também. O clima é uma delícia, vira e mexe você cruza com um músico tocando harpa ou violão e a sensação é de estar em algum lugar no interior do país, com chão de terra, pássaros em viveiros, gatos e cães circulando e muita gente simpática a fim de mostrar seu trabalho e jogar conversa fora.

Borde Rio

De lá, fomos encontrar uma amiga, a Lariza, que nos convidou para almoçar no complexo gastronômico Borde Rio, em Vitacura. Pegamos um ônibus perto do Pueblito que demorou um tantinho para aparecer, mas chegou rápido ao local. O espaço fica às margens do Rio Mapocho e tem restaurantes de tudo quanto é especialidade (indiano, peruano, japonês, italiano etc).

Nós almoçamos no Mesón del Río, um espanhol incrível que servia uma sangria deliciosa, perfeita para os dias quentes do verão, além de paella e frutos do mar. Destaque também para o mousse de chocolate com calda de maracujá divino. Para refrescar e curtir mais um pouco a tarde, subimos para o rooftop do Monseñor Terraza, que tem uma vista bem bonita do skyline de Santiago e do rio Mapocho.

Com detalhes graciosos na decoração, escadaria com mosaicos e diversos cantinhos para descansar e curtir a paisagem, o Borde Rio me ganhou. O complexo parece um Pátio Bellavista maior (sim, de novo essa referência rs), mais sofisticado e mais tranquilo, já que fica em um bairro mais nobre. Está próximo também do belo Parque Bicentenário, que pode ser outra opção de passeio no mesmo dia. Fiquei com vontade de voltar lá outro dia para ver o pôr do sol, beber drinks e curtir a noite 😛

Pizza Tiramisú

Todo paulistano apaixonado por pizza sabe dos riscos de comer a iguaria fora de São Paulo. Mas na busca por algum lugar para jantar domingo à noite em Santiago, aproveitei para encontrar outra amiga que está morando lá, a Michelli, que nos levou a um restaurante que não decepcionou ao servir a redonda: a famosa pizzaria Tiramisú no bairro Las Condes – que para nossa alegria estava aberta, sim, e bastante movimentada.

Não arriscamos muito nos sabores e pedimos uma margherita com mussarela de búfala que estava sensacional: a massa era leve, levava menos recheio do que as de SP, mas destaque mesmo pro queijo e pro molho de tomate extremamente saboroso. Para acompanhar, uma taça de vinho Cabernet Sauvignon clássica e, já que estava no último dia da viagem, achei que merecia um crème brûlée de sobremesa – vale dividir porque é enorme, mas maravilhoso ❤

:: SERVIÇO ::

Pueblito Los Dominicos
Endereço: Fica na praça ao lado da Igreja São Vicente Ferrer, bem próximo da última estação da linha 1 do metrô (vermelha), a Los Dominicos.
Horários: Todos os dias, das 10h às 19h

Borde Rio
Endereço: Av. San José María Escrivá de Balaguer, 6400 – Vitacura
Horários: Todos os dias, das 10h a meia-noite

Tiramisú
Endereço: Avenida Isidora Goyenechea, 3141
Site: www.tiramisu.cl

Gente que viaja :: Mulheres que viajam sozinhas

Hoje é 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e a data não poderia passar em branco por aqui. Além do fato óbvio de ser uma mulher que produz o conteúdo do blog, também acho providencial aproveitar o momento para falar um pouco sobre como nós viajamos e vivenciamos as experiências na estrada.

Sei que muito já foi dito e discutido por aí sobre mulheres que viajam sozinhas, mas quero retomar o assunto porque é uma questão que me toca muito. As viagens mais transformadoras para mim foram as que eu estava só e vivi momentos em que a sensação predominante era de liberdade. Toda viagem já mexe um pouco com a gente e nos ensina algumas coisas, mas sozinha o foco está apenas em nós mesmas, nas nossas vontades, esquisitices, neuras, paixões…  É claro que não são só flores, o caminho também é cheio de pedras e tropeços, mas a cada vivência vamos ganhando mais confiança e bagagem para as próximas, né?

Para inspirar e encorajar, convidei algumas amigas que já deram seus rolês sozinhas pelo mundo para compartilharem experiências, frustrações, descobertas e alegrias dessas aventuras. Tem quem já rodou o mundo, tem as que começaram a se aventurar sozinhas agora, mas todas se descobriram ótimas companhias para si mesmas e voltaram cheias de vontade de repetir a dose ❤

Denise de Almeida
Jornalista, trabalha no UOL. Depois da África descobriu que ama seus cachos, a adrenalina do desconhecido e a si mesma

Nunca me imaginei em uma viagem pela África, nunca fiz o tipo aventureira. Mas foi lá que eu me descobri de verdade, que eu reconheci minhas fraquezas. E voltei uma mulher muito mais forte. Era só minha segunda viagem a trabalho como jornalista de turismo. Não conhecia ninguém do grupo e eu era a insegurança em pessoa. Antes de ir, passei uma madrugada olhando para a mala vazia, levemente em pânico. O medo me paralisou na hora de montar a bagagem.

É que sair da zona de conforto é um esforço e tanto. Eu sabia que estava indo pra um lugar incrível, mas algo me dizia que era mais fácil não ir, não encarar o medo, ficar sentadinha confortavelmente no sofá, com acesso à TV e internet. Pressionada pelo tempo — faltava só 1h pro táxi vir me pegar pra levar ao aeroporto, arrumei tudo correndo e entrei no carro, coração disparado. Eu sabia que tinha cruzado a fronteira da zona de conforto e que não tinha volta.

Cada minuto na savana foi um aprendizado diferente. Um dos momentos mais marcantes foi tentar executar uma tarefa aparentemente simples: ficar em silêncio absoluto por poucos minutos. Chegamos ao salar de Makgadikgadi, que tem o tamanho de Portugal, no pôr do sol. O guia havia explicado que o lugar era rota para os bichos apenas durante o dia. Como não cresciam plantas por lá, nenhum bicho morava naquela área, nem humanos. Ao anoitecer, estávamos lá — um grupo de sete pessoas — a sós, com a proposta de contemplar a grandiosidade do silêncio.

Com meu drinque em mãos, sentei no chão e a primeira coisa que fiz foi tentar tirar uma foto com o celular. Liga e desliga o flash, muda o ângulo do copo… até lembrar que a missão era ficar quieta. Guardar o celular até que foi fácil. Difícil mesmo era acalmar o turbilhão de pensamentos: quando será que choveu aqui pela última vez? E se alguém passar mal? Nossa, não paguei aquele boleto. Me peguei dispersa de novo e, depois de muita concentração, consegui ficar apenas quieta. Na terceira tentativa, vitória!

O silêncio era tão profundo que eu juro que conseguia ouvir até o barulho da minha circulação sanguínea. Percebi que o silêncio absoluto é ensurdecedor – e que eu era ansiosa demais. Nem disfarcei as lágrimas que surgiram com as descobertas. Entendi que ser forte é admitir suas fraquezas. É saber que a gente não controla cada passo da vida – e que está tudo bem.

Foi o que me deu forças pra mudar toda a minha vida. Pra encarar que estava num relacionamento que já não me fazia feliz. Que havia um princípio de depressão dando as caras. Foi o start de uma série de mudanças que me fizeram amadurecer demais. Hoje sou mais forte e mais feliz e sei que tudo começou nessa viagem.

Luana Marcello Serrano
Educadora física, massoterapeuta, taróloga, astróloga, radiestesista e terapeuta holística. Apaixonada por desbravar o Brasil e começando a conhecer outros lugares do mundo

Fiz minha primeira viagem sozinha este ano, para San Andrés, na Colômbia. Mas já viajei muito pelo Brasil, fui para Florianópolis, Bahia, Chapada dos Veadeiros, Maceió, Fortaleza e até para o Chile e Uruguai. Mas nessa em que fui sozinha, tiveram várias pequenas situações que passei que me fizeram sentir mais corajosa. Coisas simples, como conversar com as pessoas, pegar um ônibus caindo aos pedaços para sair de uma praia não estava me agradando e mudar o rumo simplesmente porque eu quero.

Quando você está acompanhada, por qualquer pessoa que seja, mesmo com intimidade e liberdade, uma hora vem a pergunta: o que você acha de ir pra tal lugar ou fazer tal coisa? Rola um receio da minha parte de às vezes a pessoa não querer, de incomodar o outro. E sozinha isso não acontece.

Mas eu acho que a situação mais corajosa foi o momento anterior à viagem: comprar a passagem e resolver onde iria ficar, já que tenho tanta dificuldade de planejar. Tive um medo tão grande de comprar aquela passagem, cara daquele jeito, e pensar “pronto, não dá mais para voltar atrás”. Acabei fazendo uma compra impulsiva pra eu mesma não me boicotar.

Por ser mulher, passei por situações machistas, perigosas e ruins, mas ao mesmo tempo acabei encontrando coisas positivas por estar só. Consegui carona, o que talvez não rolasse se eu não tivesse sozinha, pois talvez não estivesse disposta a interagir. Fiz um passeio com uma pessoa nativa da ilha porque ela gostou de mim também. Então acho que também há muitas vantagens de ser mulher e estar sozinha, porque dá para nos encaixar em alguns passeios que, se estivéssemos com mais gente, talvez não conseguíssemos, por exemplo.

Mas o maior benefício é essa coisa de poder mudar o roteiro, fazer suas próprias decisões e se ouvir. Você se ouve verdadeiramente se estiver conectado com o que você quer, com o que você é e com o que está acontecendo em volta. Porque quando você está com outras pessoas, a sua percepção do entorno fica limitada. Então eu me senti muito mais conectada com o ambiente que eu estava em todos os sentidos: com o lugar, com as pessoas, desenvolvi minha sensibilidade.

Foi um jeito de me conhecer e saber o que eu quero fazer, o que me faz feliz. E a vida é feita disso, a gente se deixa levar por muitas coisas que não nos fazem felizes naquele instante. Essa busca de ter um bom emprego para ganhar bem e ser feliz está sempre no futuro. Em uma viagem dessas sozinha você está conectada com o presente, com o instante, isso é um grande ganho para a vida.

Maysa Torres
Jornalista e assessora de comunicação de empresas e destinos turísticos. É gaúcha, já rodou o mundo, mas adotou o Rio de Janeiro como casa

A dificuldade que tive na primeira vez que viajei sozinha para Bali e Camboja foi superar medos comuns apenas às mulheres, que precisam lidar com algumas abordagens mais invasivas, olhares que às vezes inibem e até com algumas críticas. Já escutei que estava me arriscando muito viajando sozinha justamente por ser mulher, por exemplo. Em alguns destinos, como nos Emirados Árabes é mais difícil pelo fato da mulher não ter muita autonomia, então assusta encontrar uma mulher que chega sozinha num hotel, num restaurante ou numa mesquita.

Uma experiência marcante foi fazer uma viagem de tuck tuck, de cerca de 1 hora, para ver o sol nascer num templo do Camboja. Quando me vi em uma estrada deserta com o motorista, a primeira coisa que veio à mente foi que estava mais exposta por ser mulher. Mas me enchi de coragem e fui, porque aquele era o único caminho para chegar onde queria, e valeu muito a pena. Foi inesquecível.

Entre as coisas boas, além da sensação indescritível de liberdade e superação de barreiras, estão as pessoas legais que você encontra pelo caminho. Entre as surpresas, está a quantidade de mulheres viajando sozinha. Vi muitas especialmente na Ásia.

Superação pessoal e cultural é enfrentar todas as situações e eventos sozinha. Achei uma vitória, e amei tanto que repeti, passar o Réveillon sozinha, sem medo, sem expectativas, mas aberta para conhecer pessoas e culturas diferentes. Foi maravilhoso.

A sensação de empoderamento anda comigo sempre que viajo sozinha, quando me imponho e não permito que o fato de ser mulher me deixe mais vulnerável. Em Myanmar tive que vencer barreiras como dirigir uma moto pequena para me locomover, subir em um templo de madrugada para ver o amanhecer mais lindo do mundo, viajar de ônibus à noite, lidar com um povo que quase não fala inglês e resolver problemas, mudando o roteiro de acordo com o que eu achava ser o melhor pra mim.

Me permitir estar sozinha e me posicionar de forma natural, sem me importar com os julgamentos, me dá uma sensação de empoderamento.

Gabriela Gasparin
Jornalista e escritora, idealizadora do projeto Vidaria e do livro de mesmo nome, que traz uma coletânea de histórias inspiradoras sobre o sentido da vida

Falar sobre viajar sozinha para mim não é exceção, e sim regra. Eu nunca fiz uma viagem internacional acompanhada. A primeira foi em 2010, eu tinha 24 anos. Na época eu namorava, só que não conseguimos tirar férias juntos e lá fui eu ficar um mês só em Londres. Confesso que não tive medo nenhum: fui por meio daqueles pacotes de intercâmbio, com cartinha de apresentação e “host family”, sabe? Muitas amigas já tinham feito o mesmo então fui cheia de ansiedade! No meio da viagem, porém, resolvi passar um final de semana em Paris – aí sim foi aventura para mim na época. Comprei o ticket para o Eurotrem e embarquei só rumo à França sem falar uma palavra em francês: “Je ne parle pas français. Parlez-vous anglais?”

Em 2011 arrisquei sair sem intermediação: fiz um mochilão pela América Latina. Era “me, myself and I”, uma passagem de ida e de volta pela Viasur (aérea boliviana), um roteiro passível de modificações e uma mochila nas costas. Não reservei absolutamente nada. Cheguei em La Paz e resolvi pegar um ônibus rumo à Copacabana – a cidade do famoso Lago Titicaca. Confesso que quando entrei no ônibus e vi aquelas “cholas” nos bancos apertados me olhando com cara de interrogação quase pensei em descer e pegar um ônibus turístico. Não o fiz e foi uma experiência fantástica – apesar de eu achar que o busão ia deslizar ladeira abaixo na estrada em volta de um morro.

A viagem pela América Latina incluiu Peru (Cusco, Machu Picchu e Arequipa), Chile (Arica e São Pedro do Atacama) e a tradicional viagem de três dias pelo deserto rumo à Bolívia, passando pelo Salar de Uyuni. Não me senti só. Fiz amigos em hostels e passeios em grupos.

Em 2013 foi a vez do México e Cuba. Na Cidade do México senti-me um pouco insegura e, de tanto as pessoas me alertarem dos perigos, deixei de fazer alguns passeios por ser mulher e estar sozinha. Em Cuba não foi fácil: o país não tinha internet na época e os cubanos são extremamente machistas e xavequeiros. Não me deixavam em paz – mas era só “da boca pra fora”, pois o país é bastante seguro. Sei lá quantas vezes me perguntaram: “está viajando sozinha? Cadê seu namorado?

A última aventura foi agora, aos 30 anos, no final de 2016. Fui para a Tailândia e para a Índia – 35 dias e muita história para contar. De novo eu estava namorando e ele não podia ir junto. Queria muito ir – e fui só! A Tailândia é um país bastante turístico e não senti barreira alguma por estar sozinha. Na Índia tive medo, muito medo. Tanto que me conectei com outras brasileiras pela internet e me encontrei com elas.

Antes disso, passei uma semana sozinha em Rishikesh – a capital mundial da yoga. A cidade é uma exceção na Índia, um país extremamente machista que não vê com bons olhos mulheres que andam sozinhas à noite. Apesar daquela cidade ser mais segura, eu não saí do ashram (local do retiro espiritual) após o escurecer. Eu também tive que comprar roupas folgadas para me sentir bem nas ruas… Nas outras cidades indianas eu estava em companhia de minhas colegas brasileiras – e juntas nos unimos para fazer a viagem mais exótica de nossas vidas.

No Brasil eu já fui pra “tudo quanto é canto” sozinha e nunca hesitei. Eu não tenho medo e até gosto da minha própria companhia. Talvez eu seja uma exceção, mas o pensamento positivo ajuda a acreditar que vai ficar tudo bem. Sempre tomo muito cuidado e acho lamentável nós mulheres termos que nos afirmar para dizer que fazemos sozinhas uma coisa que deveria ser vista como normal.

Torço para que cada vez mais mulheres se encorajem a fazer o mesmo para que a exceção deixe de existir e a regra seja: viajar como e quando quiser, independente do gênero e da companhia. Afinal de contas, viajar é bom demais, né?

Mari Campos
Jornalista especializada em viagem e turismo, é autora do livro Sozinha Mundo Afora. Já esteve em todos os continentes e escreve suas aventuras no Maricampos.com 

Viajei sozinha pela primeira vez para outro país quando já era casada (me casei bem novinha, logo que terminei a faculdade) e já tinha visitado muitos países diferentes. Eu ainda era CLT, nossas férias daquela vez não bateram e, como eu nunca concebi a ideia de não viajar nas férias, resolvi ir sozinha. Não tive medos ou receios nessa primeira experiência; naquela época, a viagem de avião em si me deixava mais apreensiva que todo o resto – planejei minha viagem solo com o mesmo cuidado com que planejávamos nossas viagens em casal e embarquei.

E foi já nessa primeira viagem solo que a sensação de liberdade, de ser dona do meu nariz, falou mais alto que todo o resto. Descobri, até nas tomadas de decisão mais difíceis, que gostava muito de passar um tempo em minha própria companhia – e que era absolutamente empoderador estar o tempo todo no controle da viagem e tomar todas as decisões por mim mesma.

Depois dela, muitas e muitas e muitas viagens solo vieram e continuam vindo até hoje — algumas a trabalho, outras a lazer. Estive sozinha em países de todos os continentes e até mesmo na Antártica  – incluindo diversos países africanos, países árabes mais ou menos conservadores, Índia e tantos outros lugares que ainda são tabu para muitas mulheres que viajam sozinhas. E muitas amigas (casadas ou solteiras) se inspiraram e começaram a adotar viagens solo aqui e ali em suas agendas de viagens também.

Mas, que fique claro, continuo planejando cuidadosamente minhas viagens, sem exceção, e mantenho constantemente o mesmo nível de alerta “on” , independentemente do destino que estiver visitando. E não tenho pudores em pedir ajuda quando acho que preciso.

Se eu me sinto solitária quando viajo sozinha? Nunca. De verdade verdadeira. Sou daquele tipo que gosta bastante de ficar sozinha mas também adora socializar; cada coisa a seu tempo. Não precisa muito para bater papo com outras pessoas no café, no metrô, na fila do museu, no aeroporto – “gente” é o que eu mais amo sobre viajar. E quando viajamos sozinhos de fato nos abrimos mais para o outro, para jogar conversa fora, para conhecer gente nova. Voltei com pelo menos um bom amigo de cada viagem que fiz e isso é uma das coisas que mais me deixa feliz como viajante.

Se eu tenho medo quando viajo sozinha? Também não. Mas eu costumo dizer que me pauto muito por gerencia de riscos – inclusive nas viagens. E isso é muito importante. Ou seja: eu antes leio, pesquiso, estudo sobre os lugares que vou visitar; in loco, presto atenção em sons, luzes, cheiros, nas pessoas e tudo o que me rodeia. Também nunca deixo meus pertences dando bobeira nem vou dando informações sobre mim a um(a) desconhecido(a). Até as tentativas de assédio a gente aprende a tirar de letra. E esse tipo de “feeling” a gente vai mesmo desenvolvendo mais quanto mais vai viajando – sem contar que, no quesito zelar pela própria segurança, sendo brasileira a gente já é mesmo naturalmente meio craque nisso.

Dentro do meu estilo de viajar (que sempre foi o mesmo, estando sozinha ou acompanhada) o que eu mais busco é extrair experiências incríveis de um lugar; então nao me privo de fazer nada nem de ir a lugar nenhum “por ser mulher” nem por estar viajando sozinha. Para ser bem honesta, algumas das experiências mais autenticas e memoráveis que já tive em toda essa minha vida viajante aconteceram justamente em ocasiões em que viajava solo. O primeiro passo para todas elas foi… embarcar 🙂

Rio de Janeiro :: Museu do Amanhã + Grafites + MAR

Museu do Amanhã visto do mirante do MAR (Museu de Arte do Rio). Foto: Débora Costa e Silva

Museu do Amanhã visto do mirante do MAR (Museu de Arte do Rio). Foto: Débora Costa e Silva

É difícil falar dessa nova atração do Rio sem entrar em um ciclo de deslumbramento (incrível, fascinante, lindo e por aí vai), mas vou tentar rs. É porque realmente o Museu do Amanhã é de impressionar, tanto por fora com sua arquitetura moderna e arrojada, quanto por dentro, com uma exposição interativa que abusa da tecnologia de um jeito bem diferente do que já vi em outros espaços culturais no Brasil. Não à toa, foi o museu mais visitado do país em 2016 – muito por conta também dos Jogos Olímpicos, claro, mas não duvido que siga no topo da lista nos próximos anos.

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Na verdade, toda a zona portuária do Rio, chamada de Porto Maravilha e onde está o museu, atraiu muitos turistas durante os eventos esportivos porque também passou por uma mega reforma e revitalização. Há agora o VLT (Veículo Leve sobre os Trilhos), um bonde elétrico todo moderno que circula por ali, melhorando o acesso à região. Tem também outro museu bem legal, o MAR (Museu de Arte do Rio), murais de grafites, espaços culturais itinerantes, food trucks… É um outro destino dentro do Rio, tinindo de novo e que vale a pena visitar ;-).

Arquitetura do museu

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Eu estava bem curiosa para ver de perto os detalhes do edifício do Museu do Amanhã, projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, que também assina a revitalização do porto de Buenos Aires, a Estação Oriente em Lisboa e o novíssimo Oculus, que abriga o Westfield Mall na área do World Trade Center, em Nova York. A cor branca, formas geométricas e um quê futurista são aspectos recorrentes nos seus trabalhos e estão presentes no museu carioca também.

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“A ideia é que o edifício fosse o mais etéreo possível, quase flutuando sobre o mar, como um barco, um pássaro ou uma planta”, disse o arquiteto no site do museu.

Segundo ele, a forma longilínea foi inspirada nas bromélias do Jardim Botânico e o prédio foi projetado de forma que se integrasse com a paisagem ao redor, deixando à mostra outros patrimônios e atrações no horizonte, como o Mosteiro de São Bento e o próprio MAR que fica logo ao lado.

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A prioridade do museu é a sustentabilidade e isso se reflete tanto no conteúdo da exposição quanto na própria construção e concepção do edifício, cercado por jardins e espelhos d’água.

Entre as ações estão a utilização de água da Baía de Guanabara no sistema de ar-condicionado e a captação de energia solar através de painéis instalados na cobertura – sem contar que o prédio tem bastante entrada de luz natural com enormes janelas de vidro por toda sua extensão.

A exposição

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Para evitar spoilers, fui para lá sabendo bem pouco do conteúdo da exposição para ser surpreendida. Então também não vou entrar muito em detalhes para não estragar o passeio de ninguém.

O que já sabia, e reforço por aqui, é que o museu é bastante interativo, tem diversos quizes e você ganha um cartão eletrônico na entrada para, ao longo do percurso, encostá-lo em painéis e registrar o conteúdo de cada um.

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O lance do “amanhã” tem a ver com o futuro do nosso planeta, colocando como tema central o meio ambiente. A todo momento somos instigados a refletir como estará o mundo daqui a alguns anos com poluição, consumo desenfreado, desmatamento etc.

A exposição promove uma espécie de viagem no tempo para nos mostrar de onde viemos, o que somos hoje e para onde vamos se continuarmos nesse ritmo por meio de imagens em painéis de diferentes formatos – alguns que vão até o teto e causam um impacto pela grandeza, outros menores espalhados em salas temáticas. Todo o conteúdo é dividido em cinco etapas: Cosmos, Terra, Antropocentro, Amanhã e Nós.

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A primeira parte do tour foi um dos pontos que mais gostei de toda a exposição. Ao entrar, vamos para uma sala redonda que exibe um filme em 360º, produzido por Fernando Meirelles, com imagens impressionantes do espaço, do planeta Terra, animais e florestas.

Assim que entrei, já fui logo procurando uma cadeira, mas uma amiga que já tinha ido lá deu a dica de deitar em umas almofadas no chão para aproveitar melhor a exibição, feita nas paredes e no teto da sala – e é realmente uma experiência e tanto, dá para esquecer onde se está e viajar junto.

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Também fiquei impactada com a beleza da instalação “Fluxos”, do artista Daniel Wurtzel. São tecidos flutuantes que parecem dançar no ar, com música e jogos de luzes, representando o encontro dos quatro fluxos terrestres: continentes, mares, ventos e luz.

É uma das coisas mais bonitas e poéticas que já vi, poderia ficar lá a tarde toda sem cansar – até porque o movimento é contínuo e não se repete, a cada segundo se vê novas formas dos véus se entrelaçando e voando pela sala.

A única coisa que complica na visita é que é tanta, mas tanta informação que fica difícil de absorver tudo. O impacto rola e nos faz repensar atitudes, mas são muitos números e detalhes que acabam esquecidos depois. Vale ir sem pressa para conseguir ler e aproveitar a maior quantidade de painéis possível, porque é realmente muita coisa – ou então desencanar e fazer um tour mais light.

Grafites no Porto

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Em tempos em que se discute muito sobre arte urbana e grafite – tendo em vista o que rolou em São Paulo no início da nova gestão da Prefeitura -, foi uma experiência bem gratificante passear por diversos murais lindíssimos na área do Porto, logo ao lado do museu. Bem em frente aos trilhos da linha do VLT, estão vários casarões abandonados cheios de cor, mostrando que com arte um lugar ganha novos ares mesmo.

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MAR – Museu de Arte do Rio

Depois de um longo dia de caminhada – afinal, o dia começou para mim no Recreio e até chegar na região central, lá se foram mais de 2 horas, com parada de almoço inclusive -, deram 17h e não tive tempo de conhecer o MAR.

Mas a boa notícia do dia foi descobrir que pelo menos o mirante ainda estava aberto para o público e poderia ser visitado sem ter que pagar a entrada. E vale a pena: é lá de cima que se tem uma das vistas mais bonitas da área nova do porto, com o Museu do Amanhã e a ponte Rio Niterói no horizonte <3.

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:: Serviço Museu do Amanhã ::

Horários: Terça a domingo, das 10h às 18h
Localização: Fica na Praça Mauá, a 10 minutos da estação de metrô Uruguaiana, mas outra opção é descer nas estações Carioca ou Cinelândia e pegar o VLT até a estação Parada dos Museus.
Ingressos: Às terças-feiras é gratuita a entrada. Nos outros dias, a inteira custa R$ 20 e meia R$ 10 – residentes do Rio podem pagar meia entrada levando os documentos específicos (aqui tem mais detalhes). O melhor é garantir e comprar antes pela internet para evitar filas gigantescas e dar com a cara na porta.
Sitehttps://museudoamanha.org.br

Travel Tattoo :: Natália Becattini

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A Natália Becattini é uma das criadoras do site 360meridianos, um dos meus preferidos de conteúdo sobre viagens. O blog é feito por ela e mais dois amigos (Rafael e Luiza) de Belo Horizonte. Começou em 2011 quando os três resolveram fazer um intercâmbio para a Índia, que virou uma volta ao mundo. “Nós queríamos contar nossas aventuras para amigos e família e, quem sabe, para alguns gatos pingados que surgissem pelo caminho. O nome veio do fato de que cruzaríamos as 360 linhas imaginárias que dividem o globo terrestre”, eles explicam na página.

Daí em diante o blog só cresceu e desde 2014 é a principal fonte de renda do trio, que continua viajando e se virando como nômade digital. A Natália hoje mora em Barcelona, na Espanha, mas já viveu também na Cidade do Cabo (África do Sul), em Chandigarh (Índia) e Buenos Aires. Depois de tantas andanças, resolveu tatuar algo que simbolizasse um pouco de suas histórias na estrada e seu amor por viagens.

Quais são as tatuagens que você tem e onde foram feitas?
Tenho apenas uma tatuagem no ombro. Diz Wanderlust [expressão derivada do alemão, que combina “wandern” (caminhar) e “lust” (desejo), que significa forte desejo de viajar e explorar o mundo] e tem um aviãozinho de papel. Fiz em 2013, em Belo Horizonte.

Qual o significado dela para você?
Não tem relação com nenhuma viagem específica, mas sim com o desejo de viajar sempre e conhecer lugares novos. Com essa vontade que nunca acaba de sair por aí com uma mochila nas costas.

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O que te inspirou a fazer? Marcou um momento da sua vida? 
É uma história engraçada. Na época, eu estava trabalhando em uma agência de comunicação e meu chefe chegou um dia e disse: “vamos todos fazer uma tatuagem hoje. Anima?”. É que o Atlético Mineiro tinha acabado de ser campeão da Libertadores e um grupo da agência tinha prometido fazer uma tatuagem se o time ganhasse.

Eu não tinha prometido nada, mas achei que era uma boa oportunidade para finalmente tatuar alguma coisa. Já tinha a ideia de tatuar a palavra Wanderlust e os designers da agência me ajudaram na escolha da letra. Fomos todos juntos na hora do almoço para fazer a tatuagem, umas cinco pessoas…

Tem planos de fazer outras relacionadas a viagem? Quais e por quê?
Quero fazer outras, mas ainda não tenho muito claro o desenho. 

Quais foram as maiores alegrias e os maiores desafio como viajante? 
Acho que o maior desafio é sempre ter que me despedir das pessoas. Da minha família e amigos no Brasil e dos amigos que faço quando viajo. Hoje posse dizer que tenho amigos em todos os continentes, mas estou sempre deixando eles para trás. Por outro lado, são essas relações que fazem as viagens valerem a pena. A maior alegria que eu tenho é quando eu estou em um lugar e penso “caramba, não acredito que eu estou aqui”. Seja porque é um lugar que eu queria muito ir ou porque nunca havia sonhado estar ali antes.

***

E você, tem alguma tatuagem que tenha sido inspirada por alguma viagem? Conte a sua história também! Mande para papetespelomundo@gmail.com

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Nova York :: Intercâmbio aos 30

Área destinada aos alunos com mais de 30 anos da EC English School, em Nova York. Foto: Débora Costa e Silva

Área destinada aos alunos com mais de 30 anos da EC English School, em Nova York. Foto: Débora Costa e Silva

Uma das melhores coisas que fiz nesta temporada em Nova York foi ter estudado inglês, mas confesso que isso não estava nos meus planos no início. Na verdade, intercâmbio era uma das últimas coisas que constavam na minha lista. Ouvi muita gente dizer que não valia a pena, que meu inglês já era bom, que esses cursos não acrescentam muito, etc etc etc. Eu queria fazer outras coisas, como estudar fotografia, fazer um curso de especialização, escrever matérias… mas estudar inglês? De novo? Com adolescentes? Ah não, isso não me atraía em nada.

Mas conforme as outras possibilidades foram se revelando quase impossíveis – por serem absurdamente caras, demoradas ou incertas – o item intercâmbio foi subindo pro topo da lista. Bom, não custava nada dar uma pesquisada né? Até porque, eu disse que estudaria “de novo” inglês, mas a verdade é que estudei durante toda a adolescência e depois fiz só um curso ou outro de conversação. A experiência de morar em um país de língua inglesa eu nunca tinha tido. Me virava bem nas viagens, mas nunca me senti lá muito segura pra falar de boca cheia que sou fluente rs. Talvez tivesse chegado a hora de mudar isso.

O fato é que eu tinha uma ideia toda errada de intercâmbio. Achava que era uma coisa que deveria ter feito na adolescência ou no máximo no fim da faculdade, porque depois já ficamos mais velhos, não absorvemos tanto o conteúdo e não aproveitamos tanto as experiências, que devem ser mais emocionantes para jovens. E pior: estaria numa sala cheia de adolescentes com quem não teria a menor afinidade.

Agência de intercâmbio

Material da EC English e a carteirinha de estudante da escola. Foto: Débora Costa e Silva

Material da EC English e a carteirinha de estudante da escola. Foto: Débora Costa e Silva

Bom, ainda bem que eu estava enganada. Por indicação de uma amiga que tinha feito intercâmbio depois dos 30 anos, fui conhecer a agência Experimento para saber quais programas eles ofereciam. Cheguei lá achando que era só dar uma olhada nos preços dos cursos e seria simples assim. Mas conforme conversava com a agente é que vi que a única coisa certa era o destino (Nova York). De resto, eu tava mais perdida que cego em tiroteio rs. Não sabia a duração da viagem, o tipo de moradia que eu queria, nada!

Nessa hora já percebi a importância de fechar o curso com uma agência, ao invés de ir atrás das informações sozinha. É claro que por conta você pode até economizar e de repente se sentir mais independente, mas se você ainda não sabe muito bem o que vai fazer, quer ter ideias e tirar dúvidas, ajuda muito ter o aconselhamento e o respaldo de uma agência.

Saí de lá com lição de casa: me deram um catálogo enorme com mais detalhes de cada escola para avaliar e decidir quais tinham mais a ver com o que eu queria. Lendo o material, várias dúvidas já foram respondidas, como por exemplo quais nacionalidades são mais frequentes em cada escola, horários, localização, atividades extracurriculares e por aí vai. A que mais me interessou nesse primeiro momento foi a Rennert, que além de inglês, oferecia aulas de artes, música e fotografia.

Pesquisa dali, cota de lá, tive que optar por uma que fosse mais barata, e aí cheguei na EC English, que infelizmente não tinha cursos extracurriculares, mas tinha algo ainda melhor: turmas para alunos acima de 30 anos! Pronto, era esse o empurrão que faltava. O lance da idade, que era até então meu maior receio, já estava resolvido.

Checklist: visto e burocracias

Em uma viagem mais longa, é tanta coisa para pensar que a gente às vezes se perde. A Experimento me ajudou com toda a parte da organização da viagem, mas só para reforçar por aqui, o que precisei providenciar antes de ir pro aeroporto foi:

  • Passagens aéreas
  • Passaporte e visto
  • Hospedagem
  • Curso de inglês
  • Seguro Viagem

Uma preocupação que eu tinha era se eu precisaria de visto de estudante, mas não, eu poderia fazer o curso e entrar no país só com o visto de turista, contanto que estudasse no máximo 18 horas por semana. Se passasse disso, aí sim seria necessário ter o visto de estudante, mas também teria um mínimo de horas de estudo a cumprir – o que no meu caso não era o objetivo, além de que tudo ficaria ainda mais caro.

O orçamento final incluía o valor do curso, uma taxa de matrícula e uma taxa da agência. Fechei com eles também um seguro viagem da Assist Card, que eu acabei tendo que usar por lá e super recomendo. O resto organizei por conta, mas se for necessário, as agências de intercâmbio também providenciam para os clientes.

A escola e o curso

Um dos espaços de convivência da EC English em Nova York. Foto: Reprodução do site EC English

Um dos espaços de convivência da EC English em Nova York. Foto: Reprodução do site EC English

As escolas de idiomas para intercambistas geralmente aceitam alunos novos toda semana, justamente para ter essa flexibilidade de receber gente do mundo todo a qualquer momento. Na EC English, as aulas eram realizadas todos os dias úteis, em horários intercalados (ex: seg., qua. e sex. de manhã e ter. e qui. à tarde). O período letivo começa sempre às segundas-feiras, quando os alunos novos fazem um teste oral e descobrem em qual nível estão (um teste de writting e listening já deve ser feito pela internet previamente).

O foco das aulas é a conversação e não tem muito como fugir, os professores te fazem falar mesmo – o que é ótimo. E aí é que o lance dos 30 anos fez toda a diferença, porque as conversas eram muito mais interessantes do que eu poderia imaginar. Havia mais afinidade entre os alunos, mesmo cada um com uma cultura diferente. Os temas em classe ajudavam: falamos sobre política, religião, machismo, refugiados, consumismo e até moda dos anos 80.

Era muito bacana trocar essas ideias com gente do mundo todo, embarcar em papos filosóficos e conhecer pontos de vistas e referências diferentes – ou mesmo encontrar semelhanças curiosas. Descobri mil coisas em comum com uma menina da Tailândia, desde brincadeiras da infância com tamagotchi até visões políticas. E se por um lado fazer um curso fora no mês de agosto é arriscado, pelos preços de alta temporada, por outro tive a chance de conhecer bastante europeus, de países e idiomas diferentes, já que este período é férias por lá. Essa variedade cultural foi realmente o fator que mais enriqueceu a experiência.

A escola também oferecia aulas extras de gramática e promovia atividades com os alunos, como festinhas, idas a musicais da Broadway ou a jogos de beisebol. Mas no fim, o que mais aproveitei mesmo foram as aulas tradicionais e até senti falta depois que acabou, porque conheci muita gente legal e senti que dei uma boa evoluída no inglês. Relembrei algumas regras, entendi melhor outras e aprendi muita coisa nova também. Por ser todo dia, o mergulho no idioma é intenso e quando a experiência é bacana, com pessoas e professores legais, acho que os conceitos se fixam melhor na nossa cabeça.

Para quem já tem vontade ou sente a necessidade de fazer intercâmbio, eu super recomendo! Claro que para cada um a experiência é diferente – no meu caso foi ótima, mas sei que nem sempre é assim. Acho que tem que pesquisar bastante para se sentir seguro e se jogar mesmo, perder a vergonha e falar com o máximo de pessoas possível, participar das aulas, marcar programas fora da escola para intensificar a vivência e dar uma turbinada no aprendizado. Na pior das hipóteses, se não for tãaao incrível, pelo menos terá histórias para contar e experiência para as próximas 😉

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Caso queiram saber mais, tenham dúvidas ou histórias de intercâmbio para compartilhar, deixe aí seus pitacos nos comentários 🙂

Reflexões :: Palestras do TED sobre viagens

Da série de coisas boas proporcionadas pela internet, a possibilidade de assistir às palestras do TED Talks é uma das minhas preferidas. Para quem não conhece, é o seguinte: a organização TED (Technology, Entertainment, Design) promove uma série de eventos e conferências com o objetivo de disseminar ideias (como diz o próprio slogan, ideas worth spreading).

De assuntos variados, as palestras são sucintas, têm em média 10 minutos e a maioria está disponível na internet. Os palestrantes são especialistas em algum tema e podem ser personalidades famosas como Bill Clinton, Bono Vox e Al Gore ou ilustres desconhecidos que têm algo a dizer sobre determinado assunto.

Para inspirar o início de ano, selecionei algumas das mais interessantes cujo assunto é viagem. A maioria tem legendas em português – caso não rode automaticamente, clique no vídeo, em seguida no ícone de legenda no canto inferior direito e selecione Português – Brasil. As que não têm eu sinalizei no título, mas dá para ver com legendas em inglês – já ajuda! Aproveitem para refletir sobre suas andanças pelo mundo 😉

Para maior tolerância, precisamos de mais… turismo?

Após entrar em contato com a cultura judaica, o palestino Aziz Abu Sarah percebeu que não faz sentido ter muros dividindo as pessoas, como o da Palestina. Ele acredita que o turismo é uma maneira de derrubar essas barreiras e abriu uma agência com guias judeus e palestinos dedicada a aproximar as pessoas.

Onde é o lar?

Uma baita reflexão sobre onde é o nosso lar em um mundo cada vez mais multicultural. Pico Iyer discorre sobre os vários lugares que podem ser considerados um lar e conta algumas histórias de sua vida. O que isso tem a ver com viagens? Bom, segundo ele, viajar só faz sentido quando temos para onde voltar. Ele também acredita que “Viajar é como estar apaixonado, porque todos seus sentidos estão ligados”.

Como fundamos o Lonely Planet (em inglês)

Anos atrás, eu assisti uma palestra do Tony Wheeler aqui em São Paulo e ouvi a história inspiradora sobre como ele e sua esposa criaram os guias Lonely Planet. Achei bacana porque não foi um “projeto editorial” todo formatado e planejado, e sim o resultado de uma grande expedição feita pelo casal nos anos 70.

Eles viajaram de carro pela Europa, Ásia e Oceania, partindo de Londres e passando por Istambul, Irã, Afeganistão, Índia, Tailândia, Nova Zelândia e Austrália. Por fim, decidiram fazer um livro sobre esses destinos e não pararam mais. Após o relato, ele discorre também sobre sua relação com Singapura (já que a palestra foi feita lá).

Por que se preocupar em sair de casa?

Com tanta informação ao nosso dispor graças a internet, qual o sentido em sair de casa e explorar o mundo? Ben Saunders, que já fez uma expedição para o Polo Ártico, conta um pouco de sua experiência e afirma que só se consegue ter inspiração e crescimento após superar desafios e adversidades.

Turismo de Empatia – Refugiados no Oriente Médio

A jornalista brasileira Talita Ribeiro fez uma viagem para o Oriente Médio que mudou toda sua perspectiva de vida e a ajudou a criar o conceito “Turismo de Empatia” – que também dá nome ao seu projeto. Segundo ela, empatia não é sentir dó de uma pessoa, é uma troca. No TED, ela conta um pouco sobre sua experiência com refugiados e sobre cada pessoa que a comoveu e a transformou nessa jornada.

Como e porque viagens transformam você (em inglês)

Francis Tapon percorreu várias trilhas nos Estados Unidos e na Europa e cada uma delas foi transformadora e o ensinou algo novo. Por estar sempre acampando e fazendo couchsurfing, passou a dar valor a um modo de vida mais simples e defende que não é preciso de muitos recursos para cair no estrada e ser feliz.

Como nasceu o AirBnb

O co-fundador da plataforma AirBnb conta como surgiu a ideia de transformar sua casa em uma hospedagem e fazer disso um negócio. No fim da primeira experiência hospedando desconhecidos, percebeu que havia criado um jeito de fazer amigos e pagar o aluguel. O que parecia uma ideia maluca e difícil de conquistar investidores, se tornou revolucionária. Muito se deve ao design da plataforma, que conseguiu passar mais confiança para seus usuários, e no TED ele explica como o projeto evoluiu.

Construindo uma carreira viajando (em inglês)

“Vou passar o resto dos anos ganhando a vida ou… vou viver a vida?”. A advogada  indiana Piya Bose se fez essa pergunta e resolveu largar seu trabalho para cair no mundo. Hoje ela escreve e documenta viagens e mantém uma plataforma para ajudar mulheres a viajar para destinos exóticos, a Girls-on-the-Go.

Estrada aberta, vida aberta (em inglês)

Andrew Evans começa sua palestra falando da diferença entre turismo e viagem – turistas pagam para viver determinadas experiências enquanto viajantes estão abertos ao inesperado. Ele conta sobre sua viagem de ônibus de Washington DC (EUA) até Ushuaia (Argentina) para embarcar para a Antártica, passando por diversos países da América do Sul. Ele vivenciou coisas que jamais teria tido a chance se tivesse viajado de forma tradicional e tudo isso fez com que seu destino se tornasse ainda mais especial.

Histórias dos sem-teto e dos que se escondem

O título fala “sem-teto”, mas o termo mais adequado seria nômades. A documentarista Kitra Cahana acompanhou e fotografou esses viajantes que percorrem os Estados Unidos e vivem na estrada. Encontrou pessoas criativas, artísticas, gente só em busca de aventura, outros fugindo de uma realidade dura. Uma de suas percepções mais interessantes é a de que ninguém se livra de seus demônios só por pegar a estrada.